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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mais do mesmo

Mais uma notícia de plágio na blogosfera. Já não fui a tempo de ler a cópia, a autora apagou-a. Mas, como disse por e-mail à plagiada, estas coisas continuam a surpreender-me. Só não surpreendem mais pela noção de que há realmente gente muito estúpida.

Já nem é do aspecto moral do plágio que falo, é da estupidez declarada de quem plagia. Plagiar um blogue conhecido? E plagiar uma coisa escrita há apenas três dias? How dumb is that?

sábado, 14 de maio de 2011

A fama e o proveito

Parece haver por aí quem ache que eu plagio ou, pelo menos, quem queira insinuá-lo. A história, que já me traz pelos cabelos, surgiu aqui, na caixa de comentários da Pipi das Meias Altas. Não é uma história bonita, e não me sinto minimamente compelida a assegurar que nunca plagiei nem plagiaria. Para quem me conhece e para quem, sem me conhecer, conhece o meu blogue, a ideia é tão esdrúxula que só merece uma sonora gargalhada. O pior é que na enxurrada, quando anónimas desataram a disparar às cegas, à esquerda e à direita, com cortinas de fumo que não iludem ninguém, outros nomes vieram a lume, com o mesmo vergonhoso estigma de plágio, sempre do mesmo blogue (cujas temáticas, interesses e registo não poderiam estar mais distantes dos nossos — no judgement —, é como aquela comparação boçal, mas muito cómica, entre a feira de Borba e uma certa parte anatómica): nem mais nem menos do que a Alexandra e... a Luna.

A Luna (logo ela, a mais conhecida vítima de sucessivos plágios na blogosfera, o mais tenebroso de todos é referido aqui e ainda deve estar fresco na memória de muito boa gente) resolveu brincar com o assunto  se não podes vencê-los, junta-te a eles. Eu, que da fama de plagiadora parece que também já não me livro, mais vale que tenha também o proveito. Sigo-lhe o exemplo e plagio também. E plagio a Luna, to come full circle. Com bicicletas, pois claro, já que são a sua imagem de marca. Mas bicicletas cá à minha moda, com os meus adorados Beatles, e espero sinceramente que esta fotografia nunca tenha aparecido entre as centenas de fotografias de bicicletas que ela tem publicado desde que foi viver para a Holanda, ou estou mesmo tramada.

A banda sonora? Devia ser dos Beatles, mas eles só escreveram um Drive My Car, nunca um Ride My Bike, que agora me daria um jeitão. Podia pôr o tema dos Queen, mas acontece que é das poucas músicas deles que acho francamente más. Podia pôr também o canastríssimo Les Bicyclettes de Belsize de Engelbert Humperdinck (não confundir com o compositor de Hänsel und Gretel). Em vez disso, prefiro a grande gargalhada que é esta private joke com a Luna: Class, do meu tão amado Chicago — acho que consegui passar-lhe o bichinho, que ela viu-o em Nova Iorque e ficou rendida.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ainda o plágio e a mesmice

É impossível não me lembrar da hilariante observação de Marcello Caetano a uma aluna na conclusão de um exame oral, que já contei aqui.

É que é uma súmula perfeita e muito sucinta da manada de imitadoras por aí à solta, seja qual for a fórmula de imitação adoptada: apresentam ideias interessantes e originais. Pena é que as interessantes não sejam originais e as originais não sejam interessantes.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Do plágio em geral e da mesmice em particular

Que a Luna tem sido uma mártir com plágios já todos sabemos, que me lembre já foram umas três ou quatro vezes, a última (e a mais grave) muito recentemente, com direito a criação de grupo no Facebook e tudo.

Mas a coisa é mais complexa, e tem vindo a agravar-se. Já não é o mero pegar num texto alheio e fazer copy/paste, a coisa é mais subtil e insidiosa do que isso. O que se passa é que anda meio mundo a copiar o outro meio. Das mais variadas formas. Ora se recria uma quase réplica de um blogue conhecido, estética incluída, copiando fórmulas até à exaustão, ora se vai buscar exactissimamente um mesmo qualquer assunto insignificante (não, os temas nunca passam pela Economia, pela política, pelo desemprego ou pela crise de vocações), estou a lembrar-me, uma vez mais, da Luna e da Nutella — arre, a rapariga é uma predestinada! Pega-se numa dessas trivialidades recentemente abordadas em blogues de destaque e vai de falar também delas como se de uma epifania se tratasse (este substantivo pode ser traiçoeiro, já percebi que há muito boa gente que não sabe nem desconfia que significado tem — leu-se a palavra algures, achou-se de efeito, consultar um dicionário é trabalho adicional nada apetecível, toca a dizer disparates). É melhor nem trazer a estrada de Damasco para a conversa, que aí é que os neurónios entram em curto-circuito, fiquemo-nos pela epifania, ilustra suficientemente.

Mas há mais. Há a escrita, geralmente paupérrima, mesmo em blogues que estão na lista dos cem mais lidos. Em alguns desses até já encontrei medonhas asneiras de português, por gente que faz da escrita profissão, e/ou que até tem livros publicados (e NÃO, NÃO estou a falar da Pipoca, evidentemente, deixem-se de ideias parvas). Mas nem sequer é isso que está aqui em questão. Aquilo em que é impossível não reparar é que até no estilo de escrita (de medíocre para baixo) as cópias se multiplicam até ao infinito, usando eternamente chavões, sempre os mesmos, de tal maneira que eu, que leio tudo no Google Reader, muitas vezes tenho de subir a página para confirmar que blogue é aquele: é que pode ser um de vinte. Ele é aquele «e tudo e tudo» (que pode levar hífen, consoante a autora), ele é o «mimimi», também com ou sem hífen, ele é a Heidi ou a Giselle que pariram recentemente e já estão outra vez as deusas que sempre foram: acaba-se o post com um eficaz e estafado original «cabra», ou «bitch». Fica sempre bem, compõe um género modernaço e cool. Ele é a crucial questão de saber em que lado da barricada da H&M se fica, a favor ou contra. Ele é a indecisão quanto às clogs, se se gosta ou não. E quem diz clogs diz transparências, chumaços nos ombros (e não, não são enchumaços, dizer enchumaços equivale a dizer entropeçar, está bem?), ou o Particulière da Chanel. Aproveito também para esclarecer muita mente confundida que insiste em dar dois nn à marca, talvez achando que dobrando a consoante lhe redobram o prestígio: é Chanel, não é Channel. Os exemplos são infindáveis e não vale a pena continuar.

Um pequeno aparte, que é a Pipoca, e em quem isto tudo é mesmo capaz de ter começado. Ela foi a pedrada no charco, e as sucessivas ondas concêntricas que tentaram copiá-la, sem terem a graça que ela genuinamente tem, cansam e são ridículas. Não têm um estilo, uma cor, uma identidade, é mesmo tudo uma mesmice (substantivo do grande Eça que tão rotunda e eloquentemente cataloga tudo isto). Estão para o blogue da Pipoca como uma Vuitton de Canal Street está para uma autêntica.  E como não suporto imitações chego a preferir os blogues trapalhões e idiotas que vou acrescentando ao GR, com um prazer perverso e partilhado em privado com duas ou três outras bloggers, lá iremos um dia destes. A Pipoca anda nisto há seis anos, ou coisa que o valha. Apanha-se o comboio em estações e apeadeiros posteriores, dois, três ou quatro anos depois. Se ela pode, nós também podemos, certo? Errado, tremendamente errado. A Pipoca é a Pipoca, os outros são os outros. A Pipoca é autêntica, goste-se mais ou menos dela. Os outros são clones toscos, mantas de retalhos de coisas dela e de outras, numa mixórdia confusa que não é carne nem peixe, em que não há individualidade. E a Pipoca pode alinhavar um texto de 3600 caracteres (a média de duas páginas A4)  num quarto de hora, enquanto cada ovelha Dolly  da blogosfera sua para produzir dois curtos parágrafos amorfos. E, já se sabe, profusamente recheados das parvoíces costumeiras. Muito provavelmente rematadas com um cabra. Ou com um bitch.

Já estou a alongar-me mais do que previa e queria, mas tenho ainda de referir um último caso de esperteza saloia blogosférica, que é o da criação espontânea de pensamentos interessantes. «Fui eu que inventei, sou boa, não sou?» É a réplica em moldes diferentes do que aconteceu recentemente com a Luna, gente a querer brilhar com ditos ou ideias alheios. Só que subestimar a esperteza alheia é um erro gravíssimo. E quem diz a esperteza... diz a memória. A minha, tão decantada, que tantas pessoas deixa em êxtase, não é mais do que o fruto de boas associações de ideias, e de muito ter lido, de muitos filmes ter visto, de muitas centenas de letras de músicas (sempre o culto da palavra) armazenadas num escaninho do cérebro que até pode estar adormecido. Mas a lembrança está lá, e sou capaz de a reconstituir, sou capaz de ir recuperá-la, com mais ou menos trabalho. E tenho um faro especial para a aldrabice, para a incongruência, para os desníveis entre o que é copiado ou adaptado (que é bom) e o que é produção própria (que vai de fraco a patético). Ainda ontem deparei com um pensamento giro num blogue sobre o qual já tinha fortes suspeitas. Ler e saber de onde aquilo vinha foi imediato, a cena do filme projectou-se automaticamente na minha cabeça, revivi mentalmente o diálogo. Comentei subtilmente. A autora (do blogue, não da ideia, evidentemente) fez-se de morta. Yeah, right.

Um dia destes, qual nova Isilda, mas pela positiva, ponho aqui a lista dos meus blogues favoritos. Há sempre essas gloriosas excepções, e eu continuo a gostar muito da blogosfera. Não sou de desistir facilmente.


terça-feira, 8 de junho de 2010

Da palavra

Aprendi a ler ainda antes dos cinco anos, e Memórias de Um Burro, da Condessa de Ségur, foi o meu primeiro livro (ainda o tenho, naquela edição velhinha da Colecção Azul à qual viria a apor, muitos e muitos anos mais tarde, mais de trinta, uma dedicatória que agora me arranca um suspiro). Muito chorei com as desventuras do pobre Cadichon, ficou-me desde então uma enorme ternura por burros.

A palavra escrita  foi para mim, desde muito pequena, coisa sagrada. Daí que a minha indignação com esta infâmia que andava a acontecer há meses à Luna, sem que soubéssemos, não pare de crescer. Podem acompanhar aqui a versão Reader's Digest, contada ao povo e às crianças, que a Luna transformou em slideshow e a que chamou O Diário Escabroso de Um Plágio (temos de conservar o sentido de humor, ou lá se nos vai a sanidade, perante uma insanidade destas).

E não resisto a partilhar convosco uma coisa que nunca esqueci. Em 1987 Steven Spielberg, que a Academia ignorava sempre nos Oscars, recebeu o mais prestigiante dos prémios, o Irving Thalberg. Nunca esqueci o seu discurso de aceitação, a sua reverência pela palavra escrita, de que sempre comunguei. «It's time to renew our romance with the Word», dizia ele. E falava das novas tecnologias (mal sabia o que ainda vinha pela frente), que nos distraíam da palavra. Os filmes tinham sido a sua Literatura, mas para a geração de Thalberg e de outros grandes nomes honrados com aquele prémio antes dele a Literatura tinham sido grandes romances, grandes peças de Teatro. «It's time to renew our romance with the Word

Vamos ver isto, por um curto instante, pelo lado risonho e galhofeiro. Digamos que a plagiadora vive, nem sabemos bem há quanto tempo, um apaixonado romance com a palavra da Luna. E segue à letra a frase publicitária do meu adorado Chicago: «If you can't be famous, be infamous.»



[e desta vez acho que a Luna não vai importar-se de ouvir música num blogue, mesmo a arrancar automaticamente. 
Até porque viu Chicago recentemente, e amou]

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Pelágio vs. Plágio

A propósito do inacreditável plágio de que a Luna tem vindo a ser vítima nos últimos meses, com um método e uma perseverança repugnantes (vale a pena começar a ler por ali abaixo, está lá tudo, ou pelo menos tudo o que foi detectado), e que só na sexta-feira se descobriu, lembrei-me de uma velha história que ainda hoje me faz rir.

No Verão de 1991 eu estava de férias em Barcelona, com o M., que entretanto fazia anos. O pai dele tinha na véspera uma reunião em Madrid e meteu-se num avião para ir ter connosco. Calhava às mil maravilhas, aproveitava o fim-de-semana e passava o dia de anos com o filho.

Saímos para jantar e comemorar. Íamos na Diagonal quando o senhor, pessoa cultíssima, repara num hotel.

— Ahhhh! Hotel Covadonga! Isto faz-vos pensar em quê?

— Pelágio — respondo eu automaticamente.

— Plágio de quê? — pergunta o M., que ia a guiar, muito desconcertado.

A explosão de gargalhadas que se seguiu foi uma coisa indescritível. O M. é uma cabeça brilhante, mas nunca foi absolutamente nada versado em História. Tivemos de lhe explicar que a batalha de Covadonga, no século VIII, tinha marcado o início da Reconquista da Península Ibérica aos Árabes, e que o exército cristão era chefiado justamente por... Pelágio. Fomos a rir até ao restaurante, o M. já a fazer coro connosco.