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sábado, 29 de março de 2014

Na crista da blogosfera lusa

Sou uma pioneira e não sabia. Da mesma maneira que uso há anos os Ray-Ban Clubmaster que agora aparecem nas caras de tudo quanto é ou tem pretensão a ser blogger de moda (só que os meus são mais bonitos), descobri os sumos de vegetais muito antes de toda a gente e só hoje me apercebi disso.

Estava ronceiramente a folhear a iHola!, cuja compra cada vez se justifica menos, tão desinteressante a revista tem vindo a tornar-se — só comprei a desta semana porque trazia uma grande reportagem sobre Adolfo Suárez, senhor que sempre admirei —, quando li que Naty Abascal, essa figura indispensável da prensa del corazón espanhola (foi duquesa, o então já ex-marido não sei quantas vezes grande de Espanha viria a passar alguns anos na prisão por tráfico de cocaína e pedofilia, coisas leves) andava a lançar laboriosamente na Suíça uns sumos de vegetais fantásticos para emagrecer e desintoxicar o organismo. E foi então que me lembrei do clássico e já vetusto V8 tanto do meu agrado e lançado em 1933. 

Naty Abascal não descobriu nada de novo, tal como as bloggers que julgam agora ter descoberto a pólvora seca não descobriram coisíssima nenhuma. E, seja como for, eu vi primeiro, como prova uma referência ao V8 (que leva beterraba, aipo, alface, tomate, salsa, espinafres, agrião e cenoura) feita de passagem aqui, corria o já distante ano de 2008. Da próxima vez que quiserem criar tendências consultem-me, sim? Não precisam de agradecer, sempre às ordens.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sabão gatoso (serviço público)

Esta tarde, em conversa com amigas, calhou mencionar que usava formas de bolos para cortar o sabão.

Passo a explicar: sou devota fervorosa do sabão azul e branco e das suas múltiplas utilizações, entre as quais se inclui até (pasmem) a higiene íntima das senhoras, como ouvi há tempos (algo embaraçado e a baixar a voz) ao Sr. Fernando da drogaria. Esqueçam os Dystrons e similares, caso usem, minhas boas amigas. Sabão azul e branco é que é! Perguntei ao enfermeiro Paulo, que é apenas o melhor enfermeiro de todo o IPO, e ele confirmou. Melhor não pode haver!

Tenho sempre sabão azul e branco no lava-loiças e na saboneteira do lavatório, não uso outra coisa para lavar as mãos. E como ficava feio um bocado atamancadamente cortado, tive a ideia de usar uma forma para bolos, coisa que referi na tal conversa com amigas, e que pôs logo uma delas na firme disposição de hoje ainda fazer o mesmo.

As minhas sugestões? O melhor de todos é indubitavelmente o Offenbach da Bolhão, é o Rolls Royce do sabão azul e branco, não sei se há à venda nos supermercados, eu compro na drogaria. De tão macio e amanteigado que é, é facílimo de cortar. Uma barra dá-me quatro cabecinhas de gato iguais à da fotografia, que é da que está neste momento a uso e que está a chegar ao fim, tenho de fazer mais. Com as sobras, tão macio é o sabão quando acabado de tirar da embalagem, moldo com as mãos um bocado generoso que vai parar ao lava-loiças. E faço a festa com um euro.

Inicialmente usei cortadores (parece que esta é que é a designação correcta, eu sou bronca e chamava-lhes formas) corriqueiros, comprados nos chineses. Até ao dia em que abriu mesmo ao pé de minha casa uma loja que deve ser uma espécie de paraíso na terra para as doceiras talentosas como a MAC. Os bolos que ela fez para a festa da Ana eram tão, mas tão bonitos, tão perfeitos na forma, na combinação de cores, que me deixaram muda de admiração. E com uma pontinha de inveja saudável, vá lá. É que até dava pena cortá-los. Entrei na loja por curiosidade, por ser tudo tão bonito. E eu, que sou uma cozinheira medíocre, que não faço um bolo vai para ano e meio, saí de lá com um irresistível cortador em forma de cabecinha de gato, que desde então é o único que uso para cortar o sabão.

A loja tem tudo e mais um par de botas que se relacione com bolos. Fazem workshops, dão cursos. E parece que vendem por correio para todo o mundo, como descobri há pouco, ao consultar o site. Chama-se Isto Faz-se. E não, este post não é publicidade.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

À laia de ilustração do post anterior

Isto, minhas boas amigas que insistem em atafulhar os vossos dedinhos curtos e gorduchos de anéis que medem de um terço a metade de cada falange e que, pior ainda, nos maltratam o olhar com imagens ofensivas: isto, minhas boas amigas, isto é que são dedos elegantes. Atentarão, façam-me também esse favor, nas unhacas (se bem que o recorte seja pouco elegante) pintadas sem néon nem fogos-de-artifício, coisa básica que qualquer mulher pode ostentar sem desprimor numa entrevista de emprego.

A imagem, escusado seria provavelmente dizer, foi encontrada no Facebook da Marta Robinson Pereira, autora do muito útil Esmalterapia de Fazer Estalar o Verniz!

Aviso: não tentem isto em casa.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Mais vale que se vão os anéis

Uma coisa que muito me intriga nas nossas féxionistas, quando nos estonteiam com as suas composições de vestuário diárias, é a insistência em mostrar-nos mãos gordalhufas de dedos curtos e grossos enfeitadas com anéis ciclópicos que tapam toda a falange (o que, de resto, não é difícil), não sendo raro também que salte à vista que o verniz de gel clama aos gritos por nova aplicação.

Faz-me isto lembrar uma personagem de há muitos anos numa novela brasileira, a Viúva Porcina, retratada por essa fabulosa actriz que é Regina Duarte. Se um anel e um laço enfeitavam, muito melhor ainda muito anéis, muitos laçarotes, e a Viúva Porcina era toda uma montra excessiva e delirante de disparates. Mas a Viúva Porcina era uma personagem de ficção, outro tanto não acontece com as tontices em que tropeço quando abro o feedly.

Devo confessar que adoro anéis, e que até adoro anéis grandes, vulgo cachuchos. Acontece que tenho mãos e dedos para eles, tal como acontece com algumas pessoas cujos blogues acompanho. Essas de dedos finos e compridos em mãos grandes e elegantes podem estar descansadas, isto não é mesmo com elas. É com as outras, as que não têm mesmo noção.

Curiosamente, quem experimenta tudo quanto é moda parva em matéria de anéis é justamente o oposto, as que melhor fariam em estar quietas. De nenhuma das outras, as que têm mãos longilíneas e bonitas, vi fotografias daqueles anéis estranhos que abarcam dois dedos (e não lhes tolhem os movimentos, que sei eu?), daqueles anéis no polegar (reles, lamento!), de anéis a meio da falanginha, que até há poucos anos eu só associava à extravagante Phoebe de Friends, e que só me parecem coisa muita incómoda de usar, para dizer o mínimo.

Mesmo com uma atenção tão intermitente ao que se vai mostrando na blogosfera, já que é com assuidade cansativa que apago aos mais de dois mil posts no feedly, impossível seria não reparar em certas coisas. Esta dos anéis em dedos de açougueira não é de hoje, é de há muito. Miúdas, enxerguem-se. E, já agora, poupem os nossos olhos sensíveis. Esses dedos´em formato salsicha incomodam.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cansada de consumismo

Vamos lá falar a sério. Mulher que sou, sou tão atreita a apelos publicitários as the next person. Mas, mais importante do que ter uma carteira com fundos limitados, continuo a ter um cérebro pensante. Precisamos mesmo de todas aquelas parvoíces de roupa que não nos acrescentam nada? Precisamos mesmo de todos aqueles cremes, quase todos muito caros, para encharcar as trombas? E de todas aquelas sombras, iluminadores, primers e o diabo a quatro?

Acho que não, minhas boas amigas. Algures entre os vinte anos e os trinta e tal, converti a minha casa de banho numa espécie de sucursal de uma perfumaria das caras, como eram as da Loja das Meias ou a Anita da Av. de Roma. Uma parva compulsão de consumo, de que em boa hora me livrei. Não preciso daquela parafernália toda, que só preenche espaço e, na maior parte das vezes, tem uso muito limitado. A verdade é que tendemos a esquecer dezenas de produtos comprados e a circunscrever-nos sempre aos mesmos básicos. 

Meros exemplos: para que raio vou eu comprar não sei quantas paletas de sombras para os olhos com umas 80 tonalidades diferentes, se na verdade uso apenas três ou quatro, sempre as mesmas? Para que raio vou largar dinheiro na Zara a comprar mais versões do mesmo que há muito mora no meu armário e com melhor qualidade? Para que raio iria eu comprar uma trench coat manhosa se tenho há vinte e muitos anos a mais nobre de todas, e continua radiosa como se tivesse sido comprada hoje?

Deus Nosso Senhor seja louvado, que me deu bom senso.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Guilty pleasures

A página da Marta no Facebook é para mim uma permanente fonte de gargalhadas. Temos várias paixões em comum, Beatles e gatos à cabeça de todas. Há outra paixão dela, os vernizes de unhas, não sendo outro tanto para mim, que me aventuro muito pouco nas cores e recuso com firmeza brilhos, enfeites, bonecada e quejandos, em que a vou acompanhando sempre, não vá apresentar-me de repente uma tonalidade irresistível.  Tal como, aliás, faço com a Miss Verniz. Com abordagens diferentes, o blogue da Marta sempre em tom jocoso (tinha de ser!), ambas prestam um valioso serviço público à nossa vertente galinhola. Entre ambas vou sabendo de tudo o que pode interessar-me em matéria de vernizes, e não preciso de mais. Havia um outro blogue fabuloso na matéria, de uma pequena holandesa. Parado há dois anos e meio (disse-me a Marta das razões), deixo-vos com o nome, porque ainda podem consultá-lo e pode ser-vos muito útil. Lacquerized.

Mas voltemos à Marta. Ambas somos anglófilas perigosas (Izzie, junta-te a nós!). Coincidimos em embirrações e afectos quanto à família real britânica: ambas veneramos a Rainha, ambas gostamos e sempre gostámos imenso do Príncipe de Gales e da Duquesa da Cornualha, ambas embirrámos sempre com a Princesa de Gales, manipuladora daqui até à estratosfera.

E foi justamente por causa de Diana, Princesa de Gales, que a fotografia abaixo surgiu. Em conversa com a Marta, e a coisa veio perfeitamente a propósito, perguntei-lhe se já tinha lido The Diana Chronicles, de Tina Brown. A Marta não sabia do livro, mas disse-lhe aquilo que continuo a achar dele: uma óptima biografia, e imparcial. Se era para cascar (a parte com que mais nos identificávamos), Tina Brown lá estava, devidamente secundada por testemunhos indubitáveis; se era para falar da princesa em termos laudatórios, Tina Brown também lá estava, mas muito menos, claro — ao fim e ao cabo trabalhava com os elementos possíveis.

Entusiasmada, a Marta correu para a Amazon, encontrou o livro, encomendou-o. E devorou-o de fio a pavio. E, duas ou três semanas mais tarde, brindou-me com a imagem abaixo, só para mim, à laia de agradecimento. Perfeitamente ilustrativa do seu sentido de humor, muitas vezes pérfido e sempre delicioso. É que a Marta também faz produções fotográficas. É capaz de se vestir e de montar todo um cenário apenas para obter um efeito cómico. Junte-se a isto uma cara extraordinariamente expressiva e o resultado pode ser qualquer coisa como a imagem abaixo.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Assim dá gosto

aqui disse em tempos que não tenho qualquer apetência por galochas, e jamais me passaria pela cabeça a peregrina ideia de desembolsar mais de cem euros por um par de Hunters. Nunca ninguém conseguirá convencer-me de que são mais do que apenas botas de borracha, às quais daria um uso bastante limitado. Passear pelos campos alagados da minha mansão senhorial em dias de chuva, um carré Hermès na cabeça (faz muito chique, faz muito rainha de Inglaterra)?  Oh, não tenho mansão, senhorial ou não, com ou sem campos, secos ou molhados! Não confere. Para ir trabalhar, em dias de chuva copiosa? Ná, também não. Mesmo que já estivesse a trabalhar, as galochas servir-me-iam apenas para chegar ao trabalho, tendo forçosamente de ir munida de calçado de substituição. Também não confere. 

Ora estas poderosas razões dissuasoras da aquisição de galochas não querem forçosamente dizer que tenha de fugir das ditas, se me forem apresentadas a preços convidativos — mas teriam de ser mesmo muito convidativos, friso. E foi o que me aconteceu há um mês e tal ao passar frente a uma loja da Lanidor na Columbano Bordalo Pinheiro e ao dar com um par igual ao da imagem pela ridicularia de € 7,95. E, já dentro da loja, com um outro par, cuja imagem não encontro online e que não está a apetecer-me ir fotografar, esse em castanho. Considerei que, por preços tão amistosos, bem podia transgredir um pouquinho o meu rigor quanto a galochas. À compra também não terá sido completamente alheio o facto de nesse dia 22 de Novembro chover torrencialmente. E usei as galochas (as outras, as castanhas) nesse dia, e julgo que em mais dois ou três. Depois seguiram-se três semanas de maravilhosos dias soalheiros e as pequenas ficaram em sossego até à véspera de Natal, quando voltou a chover. 

Dispunha-me eu a calçá-las para ir ao supermercado quando dou com um rasgão de uns bons seis centímetros de comprimento na direita, coisa que nem que eu tivesse andado a caminhar sobre vidro cortante seria natural acontecer. Defeito do material, pois está claro. Dirão os meus bons amigos anglófilos que, com os rigorosos controlos de qualidade da Hunter, tal nunca teria acontecido. E eu digo que até sou capaz de concordar, e que provavelmente não teria mesmo, mas que a Lanidor também não é seguramente o Bazar Fu Manchu, e que algum controlo de qualidade deve ter.

Assim, no último dia do ano, de recibo na mão (no qual dizia com letras inequívocas que trocas eram feitas somente num prazo de 15 dias), procurei o número de telefone da loja e liguei para lá. Expliquei o sucedido à simpatiquíssima menina que me atendeu, e que se prontificou desde logo a proceder à troca ou à devolução do dinheiro, bastando para tal dirigir-me à loja com o par defeituoso. Nem o talão de compra era estritamente necessário, porque conseguiam recuperar o registo no sistema, até porque tenho cartão de cliente, mesmo não tendo ainda percebido exactamente para quê. 

Um bonito exemplo, quer-me parecer. Parabéns à Lanidor por assim zelar pela sua boa imagem.

domingo, 24 de novembro de 2013

Serviço público

Não, minhas boas amigas, este post não é patrocinado (quem dera que fosse, a minha carteira agradecia). É mesmo aquilo que penso, e é minha opinião que quando uma mulher descobre alguma coisa mesmo muito boa tem o dever moral de partilhar a informação.


Base Eseinberg. Há um ano e tal uma amiga do liceu ofereceu-me esta base. Não conhecia a marca, fiquei intrigada. O prestável Google levou-me directamente à sua página, e na altura pareceu-me que a marca devia estar a arrancar porque, além da base, só tinha mais dois cremes. O que me impressionou foram os preços, que me deixaram de cabelos em pé, acho que o de um dos cremes rondava os 500 euros.

Posso dizer-vos sem qualquer hesitação que é, de longe, a melhor base que usei em toda a minha vida. Depois de termos experimentado esta, qualquer outra base vai fazer-nos torcer o nariz, nunca mais vamos querer outra coisa. É simplesmente maravilhosa. O único e enorme inconveniente é o preço: 79 euros na Perfumes & Companhia. Estranhamente, no site da Eisenberg aparece como custando 129 euros, como podem confirmar aqui.





Bioderma, Solution Micéllaire. Indubitavelmente o melhor desmaquilhante do mundo, descobri-o graças a este vídeo de Lisa Eldridge, e nunca mais quero outro. À venda em algumas farmácias. Atenção, corram a comprar antes que esgote, está a decorrer uma promoção que vale a pena aproveitar: um frasco de 500 ml por coisa de 19 euros, apenas mais dois euros do que o tamanho de 250 ml, que é o que costuma haver (eu comprei dois de 500 ml há mais de um ano na Amazon francesa por 24 euros, mas tive de dar a morada de uma amiga que vive em Périgueux — obrigada, Verinha! —, não vendiam para fora de França). E melhoraram o frasco, que agora vem com uma bomba doseadora.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

As cores da moda, ou as modas para as cores

A geração anterior à minha chamava-lhe grenat, a minha simplificou-lhe o nome, nacionalizou-o, e passou a chamar-lhe cor de vinho. Depois, nem sei bem quando, talvez já nos anos 90, mudámos-lhe a designação para bordeaux. Talvez estivéssemos a armar-nos aos cucos, a armar em finas, como se tivéssemos tido uma Mademoiselle em casa na infância, não sei bem. O que sei é que o nome se aguentou por muitos e bons anos, tantos que foi preciso chegar a esta nova estação para que as "féxionistas" (obrigada, Izzie!) descobrissem o burgundy, que parece ser agora a cor.

Devo dizer que, não ligasse eu tão pouco à moda, ficaria muito feliz pelo protagonismo repescado desta cor de Inverno. Tenho no armário uns sapatos Dior e uma capa da Marias que é um assombro, coisas com mais de vinte anos. Será fácil fotografar os sapatos, outro tanto não acontece com a capa, e é uma pena.

O que vejo acima de qualquer outra coisa nestas mudanças de nomes para as mesmas tonalidades é a morte declarada da cultura francesa, o reinado emergente das culturas de expressão inglesa, a moda terá sido provavelmente o último baluarte que conquistaram, e tenho para mim que por uma razão muito simples: os anglo-saxónicos têm uma incapacidade trágica para pronúncias alheias. E os termos relacionados com a moda, com o vestir, foram durante décadas termos franceses. Não dou nem dez anos, terão desaparecido todos. E assim o bordeaux passou neste Outono a chamar-se burgundy. E aqui entra a tonteira manifestamente saloia de quase tudo o que tem pretensões a ser blogue de moda nacional: para almejar uma voz em qualquer área, mesmo uma área tão volátil como a da moda, conviria ter alguns conhecimentos. Retomemos as cores, voltemos ao bordeaux e ao burgundy. Sabereis vós, queridas tontas dos blogues de moda, que de português pouco sabem, nem falemos de línguas estrangeiras, os significados das parvoeiras, ora deprimentes ora irresistivelmente cómicas, que escrevem? Considerem isto serviço público, são giras e levezinhas, são tão ignorantes que até dói. Bordeaux? É um vinho, são os vinhos da região de Bordéus (França, vão ao mapa, se quiserem aprofundar, duvido muito que queiram, daquilo que as meninas gostam mesmo é de trapos em materiais menores e mal acabados, quanto mais baratos melhor). Burgundy? É outro vinho, a designação no mundo da moda é bem representativa da tal ascensão do inglês. Burgundy quer dizer Bourgogne, Borgonha em português, outra região de vinhos. E assim voltamos ao tema inicial, à cor primeira. Que é de vinho.

E, por falar nisso, aproveito para vos mostrar a manta em rosetas de crochet que é a obra que tenho neste momento em mãos, despachada que está outra em tons de azul que os meus dedos ágeis e angustiados devoraram em menos de três semanas. É que, meus bons amigos, vou em 24 dias sem fumar. Esta manta, em tons de grenat, vinho, bordeaux, burgundy, o que quiserem, destina-se a uma amiga muito querida. E estas foram as cores que ela pediu. Sem mariquices pretensiosas. She's my girl.

sábado, 5 de outubro de 2013

No mundo da moda (quase) nada se inventa


A tentar despachar em ritmo acelerado os já quase trezentos posts por ler que tenho no Feedly (depois de há dois dias ter marcado como lidos perto de cinco mil), deparo com esta imagem captada na Paris Fashion Week e dou comigo a sorrir para este blusão de seda. É que tenho a camisa igual. Ou melhor, as camisas. Em preto e em azul-escuro. Desde 1991, talvez já 1992. E, agora que penso nisso, não me lembro de ter vestido nem uma nem outra há uns bons anos. 

domingo, 25 de agosto de 2013

Post galinhola

Há muito tempo que não compro roupa. Em boa verdade nem sequer preciso de mais, tenho roupa que chegue para muitas combinações, coisas com dez, vinte e até trinta anos continuam a servir-me e fazem um vistão quando as repesco, são as vantagens de comprar pouco e de tentar comprar com qualidade. Mas não resisti a este vestido, que apanhei em saldos e a preço muito convidativo. Adoro vestidos, e achei este um amor, não resisti. Até porque acho que vai ficar-me melhor do que ao manequim, já que tenho cintura mais estreita. Até porque tem, coisa cada vez mais difícil de encontrar, um comprimento decente para uma senhora com a minha provecta idade. É que, minhas boas amigas, por melhor e mais tonificado que seja o corpo, vamos chamar os bois pelos nomes: saias curtas NÃO. Tal como, tirando raras excepções, acho que o cabelo comprido é coisa para se ter até, digamos, uns 35 anos. Tenho a felicidade de ter um óptimo cabelo, tirando o último ano, em que andou muito enfraquecido por causa da quimioterapia (apercebi-me disso no Inverno, quando os chapéus, que adoro, passaram a descer-me abaixo das sobrancelhas, e tive mesmo de pôr dois de lado), mas parece ressurgir agora com grande vigor. E ainda sem tintas, minhas queridas, o que é quase um fenómeno. Faço 53 anos daqui a dois dias e continuo a aguentar-me sem pintar o cabelo, Deus Nosso Senhor seja louvado. Seja como for, acharia disparatado usá-lo abaixo dos ombros.

Simultaneamente, ao comprar este vestido (e tenho de enviar mensagem à Lanidor, sugerindo que passem a ter mais dados sobre cada peça, principalmente a composição do tecido, que eu tenho a pancada dos materiais puros, algodão, linho, lã), fui atacada por um sentimento de culpa: o dinheiro despendido pagar-me-ia mais duas Flautas Mágicas — sim, continuo a coleccioná-las, A Flauta Mágica é para mim igual a alegria fresca como um riacho de montanha, e felicidade absoluta. 

Sei que há pelo menos uma pessoa que vai perceber inteiramente o que direi a seguir: o meu agora muito diminuído orçamento permite-me muito poucas excentricidades. As que me vou concedendo são sempre no campo da música, mas isto não é de agora. Sei que o Pitx perceberá que, quando olho para os meus discos, tão ordenadinhos por ordem alfabética e suspiro de felicidade, sei que muitos deles representaram renúncias. Aquela ópera fez-me renunciar, sem hesitação possível, a uma saia da Globe, a uma camisa, um casaco ou umas calças da Marias, a um fato de banho da Loja das Meias. E sei que fiz sempre a escolha certa, porque roupa é só roupa. Pode deixar de nos servir, pode apodrecer no armário sem que a voltemos a usar, já a música, ah, a música! A música é o amparo mais seguro em momentos duros. Não estou a enfeitar, garanto. Nem sei bem o que teria sido de mim em três internamentos no IPO se não fosse a música.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Féxion com mais propriedade deve ser impossível (ou two of a kind)

A minha amiga Tina falou-me há tempos de uma loja de chineses chique que tinha perto de casa. Num dia em que fui almoçar com ela, fiz questão de a conhecer. Pois, senhores, aquilo é coisa fina.  Uma boutique em bom, chão de tábua corrida, nem a tradicional chinesa ao balcão existe, uma daquelas que não falam uma palavra de português e nos obrigam a gesticular como se fôssemos italianas, em vez dela temos uma senhora dos seus 40 e tal anos com um ar muito sóbrio, não fora o cabelo pintado de loiro barracas quase até às raízes.

Andámos por lá a bisbilhotar, meio desinteressadas. Isto até ao momento em que os meus olhos se arregalaram em êxtase ao deparar com este casaquinho tipo Chanel. Custava coisa de doze euros, se não me falha a memória. «Tina, eu tenho de fotografar isto!!», bichanei-lhe, deliciada.


Foi impossível não me lembrar imediatamente do nome de uma loja que tinha visto dias antes na Estrada de Benfica (que parece ser pródiga em fenómenos destes, lembremos a inefável Sapataria Suingue), muito perto do Califa. Não levava a máquina comigo, prometi a mim mesma que da próxima não me escapava. Aqui a têm em toda a sua glória. Ora digam lá se não é mesmo um casamento feito no Céu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Nada como uma boa gargalhada

E dei mesmo uma grande gargalhada quando vi o nome deste novo verniz da Catrice. Convém lembrar também a correcta pronúncia de salmon, que não é nada daquilo que quase todos os portugueses costumam dizer. É qualquer coisa como sémon (sou péssima a tentar reproduzir pronúncias por escrito).

Roubado à Beatlemarta, cujas maiores paixões na vida são os Beatles e os vernizes de unhas, dos quais tem centenas.


quarta-feira, 14 de março de 2012

Rescaldo da ModaLisboa

Depois de uma interminável sucessão de fotografias de zombies e outras aberrações que por lá se passearam (exemplos aqui), é refrescante ver finalmente uma mulher bonita, bem vestida e com bom ar como a Raquel. Aqui fotografada pelo Diário de Lisboa.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Dos perfumes


Esquecemos muitas coisas ao longo da vida, nunca esquecemos certos perfumes. Ficam-nos para todo o sempre, associamo-los a pessoas e a momentos e, se nos revisitarem, por mais anos que tenham passado, conseguem transportar-nos como por magia a tempos antigos e a emoções que ficaram muito lá para trás.

É assim que, ainda hoje, o perfume dos lilases me traz de volta as férias da Páscoa na Quinta da Caneira e a criança de seis, quase sete anos, maravilhada com a perfeição frágil e efémera das delicadas flores em cachos. É assim que, ainda hoje, consigo trazer à memória o cheiro de Brut, da Fabergé, e lembrar a menininha de 15 anos que voltava para casa a cheirar a mão em que persistia o perfume do namorado. É assim que, ainda hoje, Monsieur de Givenchy me lembra, onde quer que esteja, o meu querido Zé Pracana, the ultimate gentleman, os nossos apaixonados despiques queirosianos em perdidas noites de Stone's. É assim que, ainda hoje, Van Cleef & Arpels, aquele subtil cheiro com qualquer coisa macia de talco à mistura, me traz à memória conversas antigas com o Vítor, mesmo que ele há mais de dez anos tenha deixado de usar perfume. Usa a linha toda da Biotherm para homem, desodorizante incluído, passou a achar o perfume excessivo. E podia continuar a desfiar memórias durante uma eternidade.

A minha relação com os perfumes começou aos 15 anos com Agua Brava. Não se espantem, nessa idade e nesse tempo os nossos eleitos eram os perfumes de homem, havendo três grandes favoritos: Agua Brava, Eau Sauvage e Paco Rabannne. O D., que achava isso um disparate, quando festejámos o primeiro ano de namoro ofereceu-me um lindo coffret com dois sabonetes e um frasco de Miss Dior, que foi assim o meu primeiro perfume oficial. Outros se seguiram, oferecidos por ele. O maravilhoso e etéreo L'Air du Temps, de Nina Ricci, que ainda hoje me faz suspirar. Fidji, de Guy Laroche, Alliage, de Estée Lauder, o encantador e fresquíssimo Diorella, da Dior, todos já desaparecidos. Tal como desapareceu o meu querido Estivalia, da Puig, tão leve e fresco, que usava muitas vezes no Verão (e que viria a substituir pelo também muito fresco Eau de Lancôme), Quem me dera poder deitar agora as unhas a um frasco!

Foi só aos vinte anos que encontrei o meu perfume, o que me acompanha até hoje, aquele que associam a mim: Rive Gauche. E é um milagre que ainda não tenha desaparecido também. Chegou a ter uma vasta linha, da qual eu tinha tudo: sabonete, gel de banho, talco, leite hidratante para o corpo, já nem lembro que mais. E estava disponível nas versões parfum, eau de toilette e eau de parfum. Já só resta a eau de toilette, e só Deus sabe até quando.

Nos últimos quatro anos tenho cometido algumas infidelidades com Funny, da Moschino, que adoro, mas é sempre ao Rive Gauche que volto, e é um amor para toda a vida. E tive também uns deslizes com Paris, da YSL, que não sei se continua a existir ou foi obrigado a mudar de nome, tal como já tinha acontecido com Champagne.

Lembro-me de ter grandes ódios por alguns perfumes que nunca suportei, o mítico Chanel N.º 5 à cabeça. E por outros que, em épocas diferentes, estiveram muito na moda. Opium, da YSL.Poison, da Dior (nome muito bem escolhido, um veneno autêntico, já o Tendre Poison era adorável). DKNY, que me dá náuseas. Aramis, perfume de homem que me traz memórias aterradoras.

Todos os anos surgem perfumes novos que cedo desaparecem sem prejuízo para ninguém, sendo os principais os que têm nomes de celebridades em voga. O que é pena é que grandes perfumes tenham desaparecido. Muito gostava eu de poder passar outra vez no pulso umas gotas de Eau de Courrèges ou de Dior-Dior!



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O crime compensa?

Esta mulher já pôs quatro crianças neste mundo, a última das quais há poucos meses. Quantos sacrifícios serão necessários para manter esta figura esquelética? Suponho que se alimente basicamente de ar, água e folhas de agrião. E nem assim fica bonita.

Outra coisa que não percebo é aquele cinto de cabedal num vestido de noite, coisa que pode ser mera saloiice minha, que não percebo nada de moda. Acredito que ainda chegaremos ao dia em que as toucas das empregadas da Panificadora da Ajuda serão o último grito da moda e todas as nossas tão sensatas  féxionistas correrão sofregamente para as cópias que as Zaras e H&M desta vida tiverem feito do modelo exibido por um qualquer costureiro a troçar de nós. Seja como for, além da linha, Victoria Beckham tem aparentemente uma nova obsessão: o seu cinto de cabedal, que usa a toda a hora e com qualquer roupa. Vejam aqui. Por acaso até tenho um muito parecido com perto de trinta anos, comprado na saudosa Casa Africana.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Post didáctico para gaijos

«Oxford, in those days, was still a city of aquatint.»
Evelyn Waugh, Brideshead Revisited


Andam por aí muitos que acham que sabem e não percebem nada de nada. Debitam disparates sobre fatos de marcas que fazem sorrir e nunca ouviram falar em Savile Row, camisas Turnbull & Asser, sapatos John Lobb ou fatos Caraceni. Pois chegou a hora de aprenderem com quem sabe, e sabe muito: O Gato Maltês. Verdadeiro serviço público.

Dirão os elegantes da nossa blogosfera que se trata de pessoa mais velha, que tais ditames já não se aplicam. Está bem, abelha! Há coisas que são intemporais, e ainda há dias eu e o Gato Maltês concordávamos ao telefone que com um fato formal não se põe um relógio de metal, usa-se um relógio com pulseira de cabedal. São estas pequenas coisas que os nossos féxionistas não sabem, porque ainda lhes falta muito caminho para trilhar. Foram duas vezes à Moda Lisboa, três ao Lux, quatro ao Bairro Alto, e já se acham uns Tim Gunns em potência. Ora acontece que Tim Gunn acenaria aprovadoramente a todas as indicações do Gato Maltês.

Vão seguindo a sua rubrica Frivolidades ou "coisas de gajo" e aprendam. É grates.

Banda sonora: Geoffrey Burgon - Brideshead Theme


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Apertar o cinto

Muito antes de a crise estar tão declaradamente instalada como agora, comecei a fazer a manicure em casa, com umas não mais de quatro ou cinco excepções pontuais e de emergência. Pelas minhas contas, nos últimos dois anos poupei umas largas centenas de euros, já que a passagem na Paula era semanal. E devo isso à Miss Verniz, para quem há muito tenho uma dívida de gratidão e a quem devo uma justa homenagem.

Foi por acaso que dei com o blogue, mas foi em boa hora. Eu, uma desajeitada incurável que nem limar as unhas sem as deixar todas tortas conseguia, entusiasmei-me, quis aprender. O passo seguinte, claro, foi comprar imensos vernizes, coisa típica de principiante. Na altura devo ter comprado uns 30 ou 40, sempre dentro dos mesmos tons, que eu não consigo navegar muito nas cores. Passar do branco leitoso de toda a vida para os encarnados e os bordeaux exigiu-me algum esforço. Consegui arriscar também os castanhos e os roxos, além de um cinza lindo, mas a coisa ficou por aí. Os azuis que comprei continuam por estrear. No fundo, acho que já não são lá muito para a minha idade.

À hora do almoço, munida de um post-it em que tinha anotado números dos vernizes Andreia de que tinha gostado na Miss Verniz, lá ia eu a uma loja da Baixa que os tem sempre em grande quantidade, tal como os Dote. Nunca me afastei dessas duas marcas e da Risqué, recuso-me a dar vinte e tal euros por vernizes Chanel, Dior ou Saint-Laurent. Quando tinha vinte anos e era muito tontinha e gastava imenso dinheiro em cosmética — a minha casa de banho parecia a filial de uma perfumaria das caras —, usava um verniz da Dior, sempre o mesmo, o n.º 113, um branco-bege lindo (viria a ser descontinuado, e o 111 nunca o substituiu à altura), que levava para o cabeleireiro, o que redundava em dupla despesa. Deixei-me disso. Mais recentemente descobri também os vernizes Cliché, nacionais, óptimos e de preço anedótico.

Conseguir arranjar as mãos em casa foi um exercício de persistência e muita paciência, mas acabei por chegar lá. O contributo deste post da Miss Verniz foi precioso. Comprei os dois removedores de cutículas por ela recomendados e a base fortificante da Andreia, que é realmente fantástica e à qual me mantenho fiel — as minhas unhas da espessura de papel e sempre a lascarem enrijeceram que foi um regalo. Não comprei o creme de mãos dela, que nessa matéria experimento bastante, para voltar sempre aos da Mavala de há mais de vinte anos.

Coisas que não suporto ver em unhas: a própria unha comprida, acho que dá um ar vulgar, além de ser tudo menos prático; enfeites, florinhas, brilhos, vernizes mentalizados (é como eu gosto de dizer).

Muito obrigada,  Miss Verniz! O teu blogue é um serviço público de primeira categoria. Sê-lo-ia ainda mais se organizasses as etiquetas na barra lateral e se etiquetasses os vernizes por cores. Queremos ver o que há em verdes, em azuis, em turquesas, em cor-de-burro-quando-foge? É só carregar na etiqueta et voilà! Sei que daria um trabalho monstro, mas a comunidade ficaria grata. Eu, pelo menos, ficaria muito grata.

Acresce que qualquer opinião publicada pela Miss Verniz me merece inteira confiança, já que não há ali publicidade disfarçada. As marcas não lhe oferecem os vernizes para que ela venha impingi-los, dizendo maravilhas de uma treta de um verniz aguado que só com quatro camadas vai lá. Ela compra os vernizes ou troca-os com a comunidade brasileira, alucinada na matéria.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Blogo-excluída II

Não tenho nem nunca tive um par de galochas, nem sequer no tempo em que eram apenas umas coisas que se vendiam nas drogarias de bairro ou nas lojas de artigos de pesca. Mais grave ainda, não tenho qualquer apetência pela aquisição de galochas, seja em que cor for, sejam da Ideal da Madragoa, do Lidl, da Hunter ou tenham até um Jimmy Choo a assiná-las. Continuam a ser apenas o que são: botas de borracha.

How weird is that?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Metas sucessivas

Há dois anos e meio contei aqui como odeio ir ao cabeleireiro, como odeio conversa de cabeleireiro (a que chamo conversa de laca), como estava a tentar aguentar-me até aos 50 anos sem ter de começar a pintar o cabelo. Os 50 anos chegaram e passaram, os 51 cá estão. A ver se aguento até aos 52. Os cabelos brancos continuam a notar-se pouco, graças a Deus.