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quarta-feira, 11 de junho de 2008

3-1!

I Quaresma!

Pensamentos ociosos...

1. Sou seguramente a mulher mais pirosa de Lisboa. Até agora, não vi mais ninguém com a bandeira nacional na janela do carro. Tirando os táxis. Tem as suas vantagens, os motoristas tratam-me com grande cortesia e cedem-me sempre a passagem.

2. Devo ser a única pessoa que até gosta do Nuno Gomes. Pode haver alguma parcialidade da minha parte, admito: é que uma das poucas vezes que fui ao futebol foi justamente o jogo de apresentação dele no Benfica. E sim, acho que ele tem uma cara gira. Muito mais do que o Cristiano Ronaldo, que só deve ficar no ponto daqui a uns dez anos, por mais marcas que use.

Notem que não estou a dizer mal dele. Acaba de marcar o nosso segundo golo!

I Cristiano Ronaldo!!!!

GOLO!!!

GOLO!!!!!!!!!!!!!

sábado, 7 de junho de 2008

Pensamentos ociosos...

MERDA!!! Afinal não foi golo!!!

Pronto, lá verti a costumeira e previsível dose de lágrimas (não consigo controlar) ao ouvir o hino nacional. Nuno Gomes sabe seguramente a letra, os outros deixaram-me na dúvida. Luís Felipe Scolari não sabe de certeza, estava a fazer aquilo a que chamo o número do peixe: abria e fechava inconcludentemente a boca.

Mas o assunto é outro. Ouvi de raspão, ainda a ajeitar-me para me instalar e sofrer o jogo, que um dos jogadores da selecção da Turquia era brasileiro, naturalizado turco (não me lembro do nome dele nem vou procurar, tenho mais que fazer).

Fiquei fascinada. Nem é sequer a questão de alguém renunciar à sua cidadania e adoptar uma outra — que, confesso, me faz muita confusão. Nasci portuguesa e portuguesa serei até à morte. Em tempos estive para casar com um suíço (nacionalidade muito cobiçada, e nada fácil de adquirir). Não só deixei desde o início muito claro que não me passava pela cabeça passar a ser cidadã suíça, como impus as minhas condições. Casamento... só católico (ele era protestante). Concordou. Filhos educados na religião católica. Concordou. Filhos só falariam comigo em português (isto porque viveríamos em Genève), que para mim era impensável que filhos meus não recebessem o magnífico legado desta língua riquíssima que é a nossa. Também concordou, que ele concordava com tudo. Mesmo assim... não houve casamento, e ainda bem. Cada vez que me lembro disso faço uma nota mental para incluir tal coisa nas decisões mais sensatas que tomei na minha vida.

O assunto é outro, eu é que me disperso muito (além da nervoseira do jogo, que continua 0-0). Eu nunca mudaria a minha nacionalidade, mas há quem o faça. Casos há em que até sou capaz de perceber. Admito que se possa querer ser suíço, americano, britânico, português. Mas não lembra ao diabo querer ser turco!!! E levar a coisa adiante!

Eu, possidónia, me confesso...

... e podem rir para aí tudo o que vos apetecer, serei a primeira a rir convosco.

Isto devem ser resquícios de infância. Ainda me lembro com uma ponta de amargura de que, quando Vicky Leandros ganhou a Eurovisão com o grande Après Toi (ainda falarei disso), o broche de cerejas que levava como único enfeite em cima do severo vestido preto fez furor. Quinze dias depois, as réplicas vendiam-se em toda a parte e toda a gente usava aquilo. Eu também queria! Até porque uma colega de turma já tinha! Chamava-se Anabela, o que podia ser uma pista. A minha Mãe despachou-me e atirou-me para canto com um ríspido «isso não é para a tua idade» e eu lá engoli a decepção como pude. Tinha onze anos, idade em que se é mesmo muito piroso.

Todos temos os nossos recantos obscuros. Eu tenho esta costela pirosa, não há volta a dar-lhe. Não vou ao ponto de gostar de Il Divo... mas tenho cá as minhas asas quebradas, que acabam por redundar em piroseira. O patriotismo é uma delas. Há lá coisa mais bonita que ver subir a nossa bandeira num mastro, em terra estrangeira, ao som do hino nacional? Até parece que fui eu a ganhar aquilo, choro sempre, é infalível. Então se forem as imagens da vitória de Carlos Lopes na maratona dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, sai dilúvio. É que choro mesmo baba e ranho!

Sou benfiquista de alma e coração. A fotografia à esquerda, da dedicatória do querido Rui, a quem tanto devo, num livro no qual muito trabalhei, bem o atesta — é uma história engraçada, fica para breve. Embirro solenemente com o Porto, nada a fazer. A não ser que (alto lá! aí pára o baile) o Porto jogue com estrangeiros: transformo-me na mais leal adepta, vejo o jogo numa ansiedade. É Portugal, carago!

Eu levo estas coisas do Europeu e do Mundial muito a sério, tenham lá paciência. Bem sei que em nada melhoram a vida do povo português, tão longe de ser fácil. Bem sei que são apenas um hiato num quotidiano muito duro. Bem sei que cada vitória é só isso, uma vitória, e que no dia seguinte a realidade é a de sempre. Mas é Portugal, e eu gosto de me orgulhar de Portugal!

Não vivi o mítico Mundial de 1966, era muito pequena. Vivi o Europeu de 1984 com toda a intensidade. Acabei rouca de tanto gritar naquele desaire no Parque dos Príncipes, nos feriados de Junho, estava eu no Algarve. Vivi em cheio o Europeu de 2000 até ao momento da derrota, aquele Portugal-França de 28 de Junho a que não assisti em directo porque um outro amor, infinitamente maior, tinha falado mais alto: a Música. Estava num concerto de Andreas Scholl, já contei aqui. Vivi — e como! — o Europeu de 2004. Com todos os sinais exteriores de saloiice. Bandeira na janela, bandeira no carro. Ia o Europeu a meio, o meu amigo António convidou todo o grupo do Liceu para uma sardinhada na sua coutada do Alentejo. O dia foi prodigiosamente divertido, não obstante... a) eu detestar sardinhas — fui pelo convívio; b) ter sido o dia mais quente desse Verão, para mim ainda mais grave por o rafeiro tinhoso que por lá andava se ter tomado de amores por mim e ter resolvido instalar-se em cima dos meus pés durante o longo almoço; e c) ter sido impiedosamente achincalhada pelo grupo todo por andar de bandeira nacional na janela do carro; a Vanda também. Aguentámos os sarcasmos de cabeça erguida e em atitude de desafio.

A Vanda é uma das pessoas mais inteligentes que conheci em toda a minha vida. Eu não sou completamente estúpida. Por natureza, somos avessas a superstições. Coisa curiosa, criámos superstições nesse Europeu de 2004. Ela, por mero acaso, tinha comprado mais um Swatch no dia da primeira vitória de Portugal e estava com ele posto aquando do jogo. Passou a usá-lo sempre que Portugal jogava. Eu, por mero acaso também, e porque o restaurante onde almoçava todos os dias fechava à quarta-feira, fui no dia do nosso segundo jogo, que era contra a Rússia e que ganhámos, almoçar aos frangos de Chão de Meninos. Passei a ir lá almoçar sempre que Portugal jogava, não fosse o Diabo tecê-las...

Isto para não falar em cachecol ao pescoço enquanto vejo o jogo. A bandeirinha, como devem ter percebido, está na janela do carro.

A eles, como Santiago aos mouros!

Portugal-Turquia hoje.

Varanda Patriótica com gata (Messalina)