Dos perfumes
Esquecemos muitas coisas ao longo da vida, nunca esquecemos certos perfumes. Ficam-nos para todo o sempre, associamo-los a pessoas e a momentos e, se nos revisitarem, por mais anos que tenham passado, conseguem transportar-nos como por magia a tempos antigos e a emoções que ficaram muito lá para trás.
É assim que, ainda hoje, o perfume dos lilases me traz de volta as férias da Páscoa na Quinta da Caneira e a criança de seis, quase sete anos, maravilhada com a perfeição frágil e efémera das delicadas flores em cachos. É assim que, ainda hoje, consigo trazer à memória o cheiro de Brut, da Fabergé, e lembrar a menininha de 15 anos que voltava para casa a cheirar a mão em que persistia o perfume do namorado. É assim que, ainda hoje, Monsieur de Givenchy me lembra, onde quer que esteja, o meu querido Zé Pracana, the ultimate gentleman, os nossos apaixonados despiques queirosianos em perdidas noites de Stone's. É assim que, ainda hoje, Van Cleef & Arpels, aquele subtil cheiro com qualquer coisa macia de talco à mistura, me traz à memória conversas antigas com o Vítor, mesmo que ele há mais de dez anos tenha deixado de usar perfume. Usa a linha toda da Biotherm para homem, desodorizante incluído, passou a achar o perfume excessivo. E podia continuar a desfiar memórias durante uma eternidade.
A minha relação com os perfumes começou aos 15 anos com Agua Brava. Não se espantem, nessa idade e nesse tempo os nossos eleitos eram os perfumes de homem, havendo três grandes favoritos: Agua Brava, Eau Sauvage e Paco Rabannne. O D., que achava isso um disparate, quando festejámos o primeiro ano de namoro ofereceu-me um lindo coffret com dois sabonetes e um frasco de Miss Dior, que foi assim o meu primeiro perfume oficial. Outros se seguiram, oferecidos por ele. O maravilhoso e etéreo L'Air du Temps, de Nina Ricci, que ainda hoje me faz suspirar. Fidji, de Guy Laroche, Alliage, de Estée Lauder, o encantador e fresquíssimo Diorella, da Dior, todos já desaparecidos. Tal como desapareceu o meu querido Estivalia, da Puig, tão leve e fresco, que usava muitas vezes no Verão (e que viria a substituir pelo também muito fresco Eau de Lancôme), Quem me dera poder deitar agora as unhas a um frasco!
Foi só aos vinte anos que encontrei o meu perfume, o que me acompanha até hoje, aquele que associam a mim: Rive Gauche. E é um milagre que ainda não tenha desaparecido também. Chegou a ter uma vasta linha, da qual eu tinha tudo: sabonete, gel de banho, talco, leite hidratante para o corpo, já nem lembro que mais. E estava disponível nas versões parfum, eau de toilette e eau de parfum. Já só resta a eau de toilette, e só Deus sabe até quando.
Nos últimos quatro anos tenho cometido algumas infidelidades com Funny, da Moschino, que adoro, mas é sempre ao Rive Gauche que volto, e é um amor para toda a vida. E tive também uns deslizes com Paris, da YSL, que não sei se continua a existir ou foi obrigado a mudar de nome, tal como já tinha acontecido com Champagne.
Lembro-me de ter grandes ódios por alguns perfumes que nunca suportei, o mítico Chanel N.º 5 à cabeça. E por outros que, em épocas diferentes, estiveram muito na moda. Opium, da YSL.Poison, da Dior (nome muito bem escolhido, um veneno autêntico, já o Tendre Poison era adorável). DKNY, que me dá náuseas. Aramis, perfume de homem que me traz memórias aterradoras.
Todos os anos surgem perfumes novos que cedo desaparecem sem prejuízo para ninguém, sendo os principais os que têm nomes de celebridades em voga. O que é pena é que grandes perfumes tenham desaparecido. Muito gostava eu de poder passar outra vez no pulso umas gotas de Eau de Courrèges ou de Dior-Dior!
É assim que, ainda hoje, o perfume dos lilases me traz de volta as férias da Páscoa na Quinta da Caneira e a criança de seis, quase sete anos, maravilhada com a perfeição frágil e efémera das delicadas flores em cachos. É assim que, ainda hoje, consigo trazer à memória o cheiro de Brut, da Fabergé, e lembrar a menininha de 15 anos que voltava para casa a cheirar a mão em que persistia o perfume do namorado. É assim que, ainda hoje, Monsieur de Givenchy me lembra, onde quer que esteja, o meu querido Zé Pracana, the ultimate gentleman, os nossos apaixonados despiques queirosianos em perdidas noites de Stone's. É assim que, ainda hoje, Van Cleef & Arpels, aquele subtil cheiro com qualquer coisa macia de talco à mistura, me traz à memória conversas antigas com o Vítor, mesmo que ele há mais de dez anos tenha deixado de usar perfume. Usa a linha toda da Biotherm para homem, desodorizante incluído, passou a achar o perfume excessivo. E podia continuar a desfiar memórias durante uma eternidade.
A minha relação com os perfumes começou aos 15 anos com Agua Brava. Não se espantem, nessa idade e nesse tempo os nossos eleitos eram os perfumes de homem, havendo três grandes favoritos: Agua Brava, Eau Sauvage e Paco Rabannne. O D., que achava isso um disparate, quando festejámos o primeiro ano de namoro ofereceu-me um lindo coffret com dois sabonetes e um frasco de Miss Dior, que foi assim o meu primeiro perfume oficial. Outros se seguiram, oferecidos por ele. O maravilhoso e etéreo L'Air du Temps, de Nina Ricci, que ainda hoje me faz suspirar. Fidji, de Guy Laroche, Alliage, de Estée Lauder, o encantador e fresquíssimo Diorella, da Dior, todos já desaparecidos. Tal como desapareceu o meu querido Estivalia, da Puig, tão leve e fresco, que usava muitas vezes no Verão (e que viria a substituir pelo também muito fresco Eau de Lancôme), Quem me dera poder deitar agora as unhas a um frasco!
Foi só aos vinte anos que encontrei o meu perfume, o que me acompanha até hoje, aquele que associam a mim: Rive Gauche. E é um milagre que ainda não tenha desaparecido também. Chegou a ter uma vasta linha, da qual eu tinha tudo: sabonete, gel de banho, talco, leite hidratante para o corpo, já nem lembro que mais. E estava disponível nas versões parfum, eau de toilette e eau de parfum. Já só resta a eau de toilette, e só Deus sabe até quando.
Nos últimos quatro anos tenho cometido algumas infidelidades com Funny, da Moschino, que adoro, mas é sempre ao Rive Gauche que volto, e é um amor para toda a vida. E tive também uns deslizes com Paris, da YSL, que não sei se continua a existir ou foi obrigado a mudar de nome, tal como já tinha acontecido com Champagne.
Lembro-me de ter grandes ódios por alguns perfumes que nunca suportei, o mítico Chanel N.º 5 à cabeça. E por outros que, em épocas diferentes, estiveram muito na moda. Opium, da YSL.Poison, da Dior (nome muito bem escolhido, um veneno autêntico, já o Tendre Poison era adorável). DKNY, que me dá náuseas. Aramis, perfume de homem que me traz memórias aterradoras.
Todos os anos surgem perfumes novos que cedo desaparecem sem prejuízo para ninguém, sendo os principais os que têm nomes de celebridades em voga. O que é pena é que grandes perfumes tenham desaparecido. Muito gostava eu de poder passar outra vez no pulso umas gotas de Eau de Courrèges ou de Dior-Dior!
Devo estar a ficar entradota (lol), porque me recordo de quase todos os perfumes mencionados. O Brut era qualquer coisa. O Rive Gauche é bem bom, apesar de não ligar comigo, e recordo principalmente o anúncio, que adorava. O Paris era um encanto (mamãe usou).
ResponderEliminarA minha primeira pancada perfumeira foi o Anais Anais, a coqueluche das meninas adolescentes nos meus 15 anos. Costumo variar, todavia; e cada perfume dura-me séculos pelo que vou acumulando. Para os dias mais casuais, o White Linen da Estée Lauder, verão e férias associo ao One ca CK, e hoje trago o Chloe, a minha última panca.
Nunca usei Anais Anais, mas lembro-me muito bem dele, do frasco e do cheiro tão suave, e gostava muito.
ResponderEliminarE depois, como te acontece com o Rive Gauche, até há perfumes de que até me acontece gostar muito mas que não ligam com a minha pele. Sinto-me incómoda, como se tivesse de expelir qualquer coisa.
Já usei o mesmo perfume por longas temporadas, mas hoje mudo com mais frequência, talvez porque é raro o perfume que me encanta, e para me encantar é preciso que continue a senti-lo na pele ou no cabelo todo o dia mas não seja demasiado forte ou sufocante.
ResponderEliminarNo Verão raramente ponho, para evitar atrair vespas, melgas e outros insectos picantes.
Sempre que me chega ao nariz, o aroma a Amarige, de Givenchy, quase me arrepio. É automático o lembrar-me de uma relação, que não tendo sido perfeita para ela, o foi para mim, na altura com 19 anos.
ResponderEliminarA relação dos perfumes/cheiros, com as memórias é quase sempre gratificante.
Há um perfume de homem que me diz muito... Armani Code. Uso o mesmo há 4 anos... Adorably, da Mango. É barato mas maravilhoso.
ResponderEliminarO Rive Gauche era o perfume da minha professora da primária, senhora muito fina e sempre na última moda. A minha mãe oferecia-lhe um frasco pequeno no final de cada ano. Para mim, tem o cheiro da gramática e da tabuada, mas é um cheiro bom. Estive mesmo para baptizar o meu blog com esse nome, uma piadinha com a margem sul que é, no fundo, a margem esquerda do Tejo.
ResponderEliminarRive Gauche é um clássico lá de casa. Não é um perfume para todos os dias, mas gosto muito. Curiosamente, Opium é um dos meus preferidos e o Aramis está associado a gratas recordações:
ResponderEliminarhttp://jessi-aleal.blogspot.com/search/label/perfume
E Rive Gauche é Rive Gauche, em todos os aspectos :)
ResponderEliminarTeresa
ResponderEliminarA minha primeira pancada foi o "Shalimar".
Depois também descobri o meu "First" até hoje :-)
Estivalia foi o meu 2º perfume, embora fosse mais fiel ao 1º Anais Anais.
ResponderEliminarHoje quase só uso Chance de Chanel.
Stiletto,
Eliminare eu SÓ uso Chance de Chanel.
:)
Abri o post porque vi a imagem do meu perfume!
ResponderEliminarEu cá pertenço ao (vosso) clube: tudo para mim tem um cheiro: cada casa, cada época, cada relação,cada cidade, cada pele. A minha cheira a Rive Gauche muitas, muitas vezes, quando não fujo para o Eternity ou em dias de frio de abraço o Armani Code. (Sou bígama por natureza, que hei-de eu fazer?) ;)
Pois eu não preciso, tenho o meu perfume natural.
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