Da palavra
Aprendi a ler ainda antes dos cinco anos, e Memórias de Um Burro, da Condessa de Ségur, foi o meu primeiro livro (ainda o tenho, naquela edição velhinha da Colecção Azul à qual viria a apor, muitos e muitos anos mais tarde, mais de trinta, uma dedicatória que agora me arranca um suspiro). Muito chorei com as desventuras do pobre Cadichon, ficou-me desde então uma enorme ternura por burros.
A palavra escrita foi para mim, desde muito pequena, coisa sagrada. Daí que a minha indignação com esta infâmia que andava a acontecer há meses à Luna, sem que soubéssemos, não pare de crescer. Podem acompanhar aqui a versão Reader's Digest, contada ao povo e às crianças, que a Luna transformou em slideshow e a que chamou O Diário Escabroso de Um Plágio (temos de conservar o sentido de humor, ou lá se nos vai a sanidade, perante uma insanidade destas).
E não resisto a partilhar convosco uma coisa que nunca esqueci. Em 1987 Steven Spielberg, que a Academia ignorava sempre nos Oscars, recebeu o mais prestigiante dos prémios, o Irving Thalberg. Nunca esqueci o seu discurso de aceitação, a sua reverência pela palavra escrita, de que sempre comunguei. «It's time to renew our romance with the Word», dizia ele. E falava das novas tecnologias (mal sabia o que ainda vinha pela frente), que nos distraíam da palavra. Os filmes tinham sido a sua Literatura, mas para a geração de Thalberg e de outros grandes nomes honrados com aquele prémio antes dele a Literatura tinham sido grandes romances, grandes peças de Teatro. «It's time to renew our romance with the Word.»
Vamos ver isto, por um curto instante, pelo lado risonho e galhofeiro. Digamos que a plagiadora vive, nem sabemos bem há quanto tempo, um apaixonado romance com a palavra da Luna. E segue à letra a frase publicitária do meu adorado Chicago: «If you can't be famous, be infamous.»
[e desta vez acho que a Luna não vai importar-se de ouvir música num blogue, mesmo a arrancar automaticamente.
Até porque viu Chicago recentemente, e amou]
Eu estou chocada! Sinceramente não sei qual era a pretensão, pensando que não iria ser descoberta! bjs
ResponderEliminarOMG! Já não basta não ter inteligência própria (sim, pq ir pôr tudo no FB é de gente sem ela), como ainda por cima rouba a alheia. Realmente, anda mta inveja por aí.
ResponderEliminar*
Eu li vezes a fio outro livrinho da Condessa, A menina insuportável. Como me compadecia com a pobreGisela!
ResponderEliminarTeresa, felicito-a por ter divulgado no seu FB toda a história. :)
ResponderEliminarP.S. Sem relação possível, com o post em causa, mas... temos que ou temos de?
Diz-me qualquer coisa o nome 'Cadichon', mas se li o livro já não recordo a trama. Sempre fui mais parcial com 'os desastres de Sofia', quedando-me horrorizada sempre que relia a passagem dos peixinhos do aquário, cortados em pedacinhos e trespassados pela agulha da insuportável criança, que os enfiou num fio e transformou em bijutaria de trazer por casa. Brrr...
ResponderEliminarSobre os quase tão famosos 'desatres de Titinha', esperemos que não mais reze a história, e que a senhora tenha retirado algumas noções de senso comum deste seu prodigiosamente desonesto feito.