Aceitem um bom conselho
Quem for da minha idade ou mais velho (mais novo já não será fácil) sorrirá deliciado e vagamente enternecido ao ouvir as primeiras notas lânguidas desta valsa que era o tema de abertura daquela que, ainda hoje, continuo a considerar uma das séries da minha vida, e há-de reconhecê-lo de imediato. Há coisas que nunca esquecemos.
Ando apaixonada por Downton Abbey, é o meu lado anglófilo, nada a fazer, já para não mencionar a participação da minha adorada Dame Maggie Smith. Ao mesmo tempo, à medida que vou vendo mais episódios (só a primeira temporada está editada em DVD, obrigada pelo resto, Charlotte!), vai crescendo em mim a sensação de déjà vu, e é irresistível não lembrar Upstairs Downstairs, que em Portugal começou a passar como A Família Bellamy, tinha eu treze anos, mesmo sendo a série de 1971 (tudo chegava cá com atraso).
Para quem conhece as duas séries, é impossível não achar que a mais recente foi inspirada na mais antiga, com aquela dicotomia tão rígida, criando uma linha divisória nítida entre o andar de cima e o de baixo, o dos amos e o dos criados, mesmo havendo breves intersecções possíveis, ainda que indesejáveis — people should know their places.
Há mais paralelismos, que começam nas épocas retratadas. A acção de Upstairs Downstairs vai de 1902 a 1930, ao longo de cinco temporadas, atravessando toda a época eduardiana e capturando ainda a maior parte do reinado de Jorge V — com grande incidência na terrível I Guerra Mundial, tal como em Downton Abbey. Como devem estar lembrados, Downton Abbey começa com a notícia da tragédia do Titanic (12 de Abril de 1912), que cria o grande problema da sucessão do título e da propriedade. Também em Upstairs Downstairs o naufrágio tem enormes repercussões, logo no princípio da terceira temporada.
Upstairs Downstairs retrata um meio de grande riqueza, mas menos imponente do que o de Downton Abbey. Lady Marjorie, a dona da casa e filha mais velha do conde de Southwold, vive com o marido, Richard Bellamy, membro do Parlamento, no n.º 165 de Eaton Place, na luxuosa Belgravia. Há também os dois filhos, James e Elizabeth, ele já adulto, ela a debutar na sociedade. Via de regra, o fio condutor dos episódios é mais trivial, doméstico e quotidiano do que em Downton Abbey, permitindo-nos um fascinante vislumbre da vida privada de duas classes sociais muito diferentes numa época em que o abismo entre ambas era praticamente intransponível.
Upstairs Downstairs foi servida por um notável leque de actores. Impossível esquecer Gordon Jackson, o inflexível mordomo Hudson, de forte pronúncia escocesa. Ou Jean Marsh, uma das criadoras da série, como a criada Rose. Verdade, verdadinha, são todos inesquecíveis, desde Lady Marjorie e o marido ao pessoal da cozinha, em que reina a resmungona Mrs Bridges, de coração de ouro.
Bem vistas as coisas, e fazendo uma média, por enquanto a minha preferência continua do lado de Upstairs Downstairs, porque old loves die hard. É para ela que o meu coração se inclina mais. Consideremos a idade, 40 anos, e a disparidade de meios técnicos e financeiros. Basta ver como são raros os exteriores.
Como a maior parte dos que me lêem é bem mais nova do que eu, fica o meu conselho: não deixem fugir esta pérola. À laia de apresentação, fica aqui a primeira parte do primeiro episódio (as cinco temporadas estão disponíveis no YouTube), depois é só irem seguindo.
Por último, para fechar com chave de ouro e para quem quiser, depois de vista a série, fica este mimo final, que me ocupou hoje a tarde: The Story of Upstaisrs Downstairs, em cinco episódios.
Há mais paralelismos, que começam nas épocas retratadas. A acção de Upstairs Downstairs vai de 1902 a 1930, ao longo de cinco temporadas, atravessando toda a época eduardiana e capturando ainda a maior parte do reinado de Jorge V — com grande incidência na terrível I Guerra Mundial, tal como em Downton Abbey. Como devem estar lembrados, Downton Abbey começa com a notícia da tragédia do Titanic (12 de Abril de 1912), que cria o grande problema da sucessão do título e da propriedade. Também em Upstairs Downstairs o naufrágio tem enormes repercussões, logo no princípio da terceira temporada.
Upstairs Downstairs retrata um meio de grande riqueza, mas menos imponente do que o de Downton Abbey. Lady Marjorie, a dona da casa e filha mais velha do conde de Southwold, vive com o marido, Richard Bellamy, membro do Parlamento, no n.º 165 de Eaton Place, na luxuosa Belgravia. Há também os dois filhos, James e Elizabeth, ele já adulto, ela a debutar na sociedade. Via de regra, o fio condutor dos episódios é mais trivial, doméstico e quotidiano do que em Downton Abbey, permitindo-nos um fascinante vislumbre da vida privada de duas classes sociais muito diferentes numa época em que o abismo entre ambas era praticamente intransponível.
Upstairs Downstairs foi servida por um notável leque de actores. Impossível esquecer Gordon Jackson, o inflexível mordomo Hudson, de forte pronúncia escocesa. Ou Jean Marsh, uma das criadoras da série, como a criada Rose. Verdade, verdadinha, são todos inesquecíveis, desde Lady Marjorie e o marido ao pessoal da cozinha, em que reina a resmungona Mrs Bridges, de coração de ouro.
Bem vistas as coisas, e fazendo uma média, por enquanto a minha preferência continua do lado de Upstairs Downstairs, porque old loves die hard. É para ela que o meu coração se inclina mais. Consideremos a idade, 40 anos, e a disparidade de meios técnicos e financeiros. Basta ver como são raros os exteriores.
Como a maior parte dos que me lêem é bem mais nova do que eu, fica o meu conselho: não deixem fugir esta pérola. À laia de apresentação, fica aqui a primeira parte do primeiro episódio (as cinco temporadas estão disponíveis no YouTube), depois é só irem seguindo.
Por último, para fechar com chave de ouro e para quem quiser, depois de vista a série, fica este mimo final, que me ocupou hoje a tarde: The Story of Upstaisrs Downstairs, em cinco episódios.
Hehehe, de nada ;)
ResponderEliminarQuanto à Upstairs Downstairs já tinha realmente lido que era a inspiração de Downton Abbey, mas ainda assim tenho tanta coisa para acompanhar que me falta tempo. Mas assim que puder, dou uma espreitadela.
"Mais novo já não será fácil"? Errado, cara Teresa! Apesar de a série ter a minha idade, lembro-me de a ver em pequenita. Não a seguia com toda a regularidade, mas gostava muito da Família Bellamy (o meu lado anglófilo tanto me fazia vibrar com esta como com os Monty Python: os meus pais não percebiam bem o que fazia uma garota de dez, doze anos gostar tanto daqueles tontos). E quando vi o primeiro episódio de Downton Abbey lembrei-me logo dos Bellamy, juro.
ResponderEliminarEstou a amar Downton Abbey, o nível de representação é magistral, a magnífica Maggie Smith diz tanto com os olhos, ai, aquilo é um portento.
Lembro-me de ver em casa dos meus Avós.
ResponderEliminarFoi preciso passar por aqui para me voltar a lembrar.
Obrigado
Vou seguir o conselho, sim. Já avisei a gataria: sábado ao final da tarde (vão repetir o episódio da passad 2ª feira) não quero ouvir nem um pio!)
ResponderEliminarEu via a família Bellamy!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarUps, em relação ao meu comentário lá de cima...
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