sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Guilherme...


Encontrei o Guilherme adulto!

Descobri o blogue nos links da Nani. Achei piada ao nome — Lá Estou Eu a Divagarand the rest is history!... Há dois dias que ando a rir como uma perdida, que este Nuno (nome a pressagiar qualidade) é o verdadeiro Guilherme reencarnado. Uns dez anos mais velho, talvez. Com os mesmos raciocínios tortuosos e desconcertantes que conseguem tirar-me o fôlego. Não é particularmente brilhante, os pontapés na gramática, ortografia, pontuação (you name them!) são de ir ao desespero. Mas o miúdo tem graça, pronto!

Ora vejam estas pequenas amostras:


1. Título comprido, favor clicar (e ver tudo o mais)...
«Tomem atenção! Quem vir este animal (que dizem ser um cão...), que ligue ao dono! Mas atenção, é o da esquerda! Vejam lá, ainda dão de caras com o da direita e ligam ao dono, sofrendo depois as consequências. O seu nome é Trovão, combinando claramente com o seu ar másculo.»

2. A very real true story ou Não tinha muito que fazer, logo, inventei isto

Era de noite, o grupo estava junto. Vira-se um e diz:
-Epa, bora a um bar de strip?
E os outros 2 concordaram de seguida, metendo logo a primeira a fundo, mesmo estando a pé.
Eu... já eu sou uma pessoa de valores inabaláveis. Não havia sequer a mínima hipótese de eu e mais 3 rebarbados desperdiçarmos uma noite tão apelativa dentro de um bar de strip. Para começar, é uma exploração. Meninas e moças a dançarem nuas, a mostrarem os seus corpinhos a troco de umas notinhas na borda da cueca? Deprimente. A mim é que não me apanham nisso. Eu sou um gajo sério e quando digo não, é não. E nada me faria mudar de ideias, que eu nisso dos valores sou rijo e daqui vou para casa!

20 minutos mais tarde, chegamos os 4 ao bar de istripi. Um de nós aparentemente já era cliente regular, pois deu um daqueles cumprimentos choca + malabarismo + murro + hi5 + alright ao porteiro. Foi giro de se ver, mas ao mesmo tempo angustiante, tal foi a demora de tão complicada saudação.
Entramos no bar. Estão a ver o glamour de um bar daqueles dos filmes, cheio de pessoal chique, de fatinho, um ambiente agradável? Era mesmo isso, só que ao contrário.
Não foi complicado arranjar uma mesa com boa vista panorâmica. Pediram todos uma cervejinha, menos eu que sou um gajo que bebe com classe. Optei por um Martini Bianco. Não havia. Decidi-me então por um Chivas Regal 25 anos, sem gelo, óbvio. Ah, não tenho, disse ela. Então traga-me uma mini das grandes, disse eu com um ar arrogante e fofo. A menina ficou a olhar, a pensar como poderia uma mini ser grande. Pobrezinha. Eu é que agora não tenho tempo para explicar.

Começa o espectáculo. Num canto obscuro do espaço lúdico, encontrava-se o DJ / Apresentador / Entertainer / Chulo. Parecia-se muito com o Howard Stern. Agora a introdução da próxima artista, mas com aquela voz e sotaque de quem apresenta os carrinhos de choque "Mais uma moedinha, mais uma voltinha":
-E agora com vocêses, uma bela arrrrtista. Chama-se Petrenka, vem lá do Leste, Lestónia, Brandoa ou isso, e é uma bomba no varão. Tem quaise 3 kilómetres de perna e uns peites volumptutuosos. Vejem bem. Um aplausio para a... Petrenka.
Ninguém aplaude. Continuam na sua vidinha. Mas eu não. Não pude deixar de reparar que o DJ cometia erros verbais que nem o meu colega bêbado e com a boca cheia de pão cometia.

Depois de muitas entertainers de várias nacionalidades (Venezuela, Burkina-Faso, Açores e, espantem-se, Brasil), finalmente chega uma portuguesa. Era a Kátia Berta. Que belo nome. Começa a sua performance, ao som de Berlin - Take My Breath Away. Parecia uma leoa, e o varão era o seu humano bêbado que se atirou para a jaula dos leões. Tinha uns belos cabelos pretos, que esvoaçavam perante o olhar de todos os homens de bem, lançando caspa a milhas. Um colega meu foi vomitar. Deve-lhe ter caído mal. Não a caspa, o álcool.
A bailarina exótica aproxima-se da nossa mesa. Eu estava a ler um romance de Nicholas Sparks, entretido. Sou interrompido:
- Oi, pergunta ela.
- Boa noite, digo eu, enquanto retiro os meus óculos imaginários.
- O que é isso?
- Chama-se livro. Tem folhas e letras. Mas tens que ler, pois ele não fala.
- Ah, boa. Olha, queres um privado?
- Sim, de facto gostava de ler isto num sítio mais calmo.
- Não. É uma dança só para ti.
- Epá... não sei...
- Hum... não tens uma notinha para colocar aqui?
- Olha, na verdade só tenho trocos. Mas não estou a ver nenhum orifício válido para elas.


Lá aceitei o privado, reticente. Sou levado para um espaço só com uma cadeira e a dizer "É favor não tocar". Como sou educado, disse para ela se sentar. Ela riu-se. Eu perguntei se ela tava a gozar comigo. Ela disse que não. Eu disse Ah, pensei. E sentei-me.
Ela começa a tirar o diminuto vestido, tipicamente de pêga. Perdão, de bailarina exótica. Eu tento meter conversa:
- Olha, quando vais à Repartição de Finanças ou assim, não gozam com o teu nome? É que Kátia Berta... parece que alguém está a dizer Cátia Aberta!, disse eu, feliz por constatar o óbvio.
- Mas olha, esse não é o meu verdadeiro nome.
- Não? Então porque é que quiseste que tivesse uma pronúncia parecida com... aahh... tou a ver, tou... marota!

Ela começa a tocar-me.
- Pára, minha menina! Não vês o sinal?? Não tocar!!
- Esse sinal não é para mim, é para vocês.
- Vocês? Mas está cá mais alguém?
- Não, é só uma maneira de falar, tipo...
- Ah, bom.


Saio do privado. Fiquei a saber que a menina era de Odivelas, teve uma infância infeliz e claramente não tinha seguro dentário. Marcámos um café para outro dia. Chego à minha mesa e fico chocado!! Tinha me esquecido de marcar a página do romance! Oh, vida cruel. Que se lixe, vou ler O Segredo, que já me disseram que no fim morrem todos.
Já só lá estava um amigo, um tinha entrado em coma alcoólico e o outro tinha engatado uma menina. Ele dizia que ela não era uma profissional, mas que lhe cobrou dinheiro só para o gozo. Curiosamente, esse era o dono do carro da noite.
Perguntei ao meu amigo o que ele tinha feito entretanto, ele respondeu que nada de especial, tinha ido só ali ao lado esgalhar o pessegueiro. Esfrangalhar o mini-me. Escalabitar o cano. Epifanear o galo. Fiquei feliz por ele saber tantos sinónimos.

Nós os 2 saímos então do bar, chamamos um taxi e fomos para casa, felizes por uma noite bem passada num qualquer bar de strip de Lisboa e arredores.

ps: Hã! Pareço ou não o Moita Flores a fazer argumentos para as novelas da TVI? Espectáculo, pá.

cumps

2 comentários:

  1. Eiiii . Que saudade. Andei meio ausente dos blogs, do meu e das leituras. Gostei da narrativa do moço...lol... pegou-me :)

    beijinho

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  2. Boas!
    Em 1º lugar, agradeço o post dedicado ao meu cantinho. Agradeço a atenção. (Acabei de ver os Óscares em directo, por isso ainda estou com os discursos de agradecimento na cabeça. Viva o Slumdog!).

    Apenas uma ressalva: "Não é particularmente brilhante, os pontapés na gramática, ortografia, pontuação (you name them!) são de ir ao desespero."

    Concordo com a parte de não ser particularmente brilhante. Aliás, até o podia ser, se brilhante fosse sinónimo de parvo.

    Agora o resto...pontapés na gramática, ortografia, pontuação de ir ao desespero? Apenas me apraz dizer que a Teresa não tem razão. Vá, ou então até tem alguma, mas foi a única a reparar na parte que "menos interessa" no meu espaço.
    Erros ortográficos só cometo por desleixo ou então álcool a mais. E esses erros toda a gente comete. Até porque não passo os meus posts por nenhum corrector (ou corretor, segundo o novo acordo) ortográfico.

    A pontuação e gramática... bem, se fosse minha leitora regular, reparava que a minha escrita reside no improviso perante um tema, ou seja, no momento. Não faço copy/paste. É para ser lido como eu lhe estivesse a contar uma história "in loco". Tal e qual como este comentário.
    Por isso, eu como sou espalhafatoso e pouco meticuloso a falar e a pensar, isso reflecte-se na escrita. E é essa a intenção.
    Aliás, até já escrevi um post onde gozo com o facto de usar muitas vírgulas e abreviaturas como "tás", "bué" e outro calão. So what?
    Se estes pontos atrás descritos são passíveis de levar alguém ao desespero, então... bem... azar para quem desespera com tão pouco!

    A parte engraçada é que eu poderia escrever num português perfeito (diria mesmo erudito), se assim o desejasse. Mas prefiro não o fazer. Porque é assim que sou, é assim que escrevo e é assim que gosto que me leiam.

    Para terminar, volto a agradecer o post (mesmo não sabendo quem é o Guilherme!), faço votos para que volte ao meu cantinho (com o modo "Priberam" off!) e que os meus "raciocínios tortuosos e desconcertantes" continuem a provocar-lhe momentos de boa disposição, pois é esse o principal objectivo do blog!

    Nuno T.

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