sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

T.P.C.

A saber de cor e salteado até 20 de Janeiro.

Apesar de conhecer apenas uma música, o obcecante If I Loved You, nesta magnífica versão de Barbra Streisand no seu The Broadway Album (ao que parece muito diferente do original...), sei que vou dar conta do recado!

Carousel, de 1945, foi votado pela revista Time como o melhor musical do século XX (Sãozinha, foram os versaletes possíveis, desculpe). Muito bom entendido — a grande maioria, para dizer a verdade — acha que Gypsy é o melhor musical de sempre. As letras são de um certo génio chamado Stephen Sondheim... Vi Gypsy, este Gypsy (espreitem, ainda estará em cena com Ela até Março, se forem a Nova Iorque até lá e se conseguirem arranjar bilhetes... boa piada!), a 1 de Setembro deste ano com a gigantesca Patti LuPone, um monstro de palco, actriz e cantora. Patti LuPone é sobrinha-bisneta da mítica Adelina Patti (até nos meus amados Maias há duas referências a ela). Patti LuPone é a minha Fantine perfeita, o papel foi criado por ela, e só ela consegue fazer-me chorar na música que é um marco no meu crescimento musical, I Dreamed a Dream. Só Deus e o Vítor sabem o que chorei quando a ouvi pela primeira vez, numa noite de Primavera adiantada de 1995. Porque foi pelas mãos dessa música, que foi para mim um coice poderoso, que transpus timidamente o portão para um jardim secreto e magnífico, há treze anos: o dos musicais. Dificilmente (nem em Leonard Cohen, provavelmente) encontraremos letras mais poderosas, mais acutilantes, mais desgarradoras. Quando comecei neste blóguio a etiqueta Les Misérables, o Vítor autorizou-me expressamente a dizer aqui que tinha sido com essa obra que para ele tudo começara: a maravilhosa viagem que nos faz querer conhecer sempre mais e mais, e ainda mais. Ele vai sempre uns passos, muitos passos adiante, a puxar-me pela mão. Descobre e quer partilhar, diz que eu tenho de conhecer. Sim, títulos e sinopses até me são familiares, leio suficientemente. Mas títulos e sinopses não são a obra viva, como confio cegamente ponho-me a aprender (T.P.C.). O resultado final são os momentos em que vemos juntos, lado a lado, esta ou aquela obra e nos acotovelamos mudamente e choramos ou rimos exactamente nos mesmos momentos.

Voltemos a Patti LuPone, a primeira Fantine de Les Misérables. E ao seu incomparável I Dreamed a Dream. A minha viagem começou aqui, com ela e com Les Misérables. A minha viagem só acabará quando eu acabar, porque hei-de querer conhecer sempre MAIS.

[Fantine is left alone, unemployed and destitute]
— nota à margem




FANTINE:
There was a time when men were kind
When their voices were soft
And their words inviting
There was a time when love was blind
And the world was a song
And the song was exciting
There was a time
Then it all went wrong

I dreamed a dream in time gone by
When hope was high
And life worth living
I dreamed that love would never die
I dreamed that God would be forgiving
Then I was young and unafraid
And dreams were made and used and wasted
There was no ransom to be paid
No song unsung, no wine untasted

But the tigers come at night
With their voices soft as thunder
As they tear your hope apart
And they turn your dream to shame

He slept a summer by my side
He filled my days with endless wonder
He took my childhood in his stride
But he was gone when autumn came

And still I dream he'll come to me
That we will live the years together
But there are dreams that cannot be
And there are storms we cannot weather

I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seemed
Now life has killed the dream I dreamed.

Banda sonora: Patti LuPone - I Dreamed a Dream
(click to listen)

7 comentários:

  1. A (A - maiúscula) música do Carousel é sem sombra de dúvidas o "When you walk through a storm", nomeadamente a última, a que finaliza o filme e a peça, dado que é interpretada em duas ocasiões diferentes.

    Já agora:

    When you walk through a storm
    Hold your head up high
    And don't be afraid of the dark
    At the end of the storm
    Is a golden sky
    And the sweet silver song of a lark.

    Se na tradição de R&H, em cada peça há sempre uma canção extraordinária (Bali Hay, Hello young lovers) então no Carousel, o destaque vai inteirinho para o "when you walk..." cantada por muito boa gente (Elvis, p.ex.)e presença habitual em rituais religiosos. Suponho que a vais reconhecer quando a ouvires.

    O "June is bustin' out all over" também é uma bela peça de música, mesmo sem a coreografia do filme.

    A peça tem duas ou três canções que não foram usadas no filme, mas na realidade pouco acrescentam à qualidade.

    Barbra Streisand???

    Behhhhhh!! Que horror!!!!

    Shirley Jones - sempre (acompanhada pelo Gordon MacRae nos seus bons tempos - ver Oklahoma)


    JL

    ResponderEliminar
  2. Querido JL,

    Acho que o título da música é You'll Never Walk Alone

    When you walk through a storm hold your head up high,
    And don't be afraid of the dark.
    At the end of a storm is a golden sky
    And the sweet silver song of a lark.

    Walk on through the wind,
    Walk on through the rain,
    Tho' your dreams be tossed and blown.
    Walk on, walk on with hope in your heart
    And you'll never walk alone,
    You'll never, ever walk alone.


    Quanto a South Pacific, espreita aqui:
    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2008/06/tpc.html

    Conheço-o de cor, vi em Agosto uma soberba produção no Lincoln Center. As minhas grandes favoritas são Some Enchanted Evening e This Nearly Was Mine, muito antes de Bali Hai. Vou mandar-te o disco. :)

    Grande beijo.

    ResponderEliminar
  3. P.S. para o JL

    1. Ainda sobre a letra de You'll Never Walk Alone... Lembras-te de uma mensagem que te mandei há uns anos? Someone Saved My Life Tonight? Obrigada, nessa noite, hoje e sempre.

    2. Tu nem me fales de Oklahoma! Cá virá parar!!!
    Sim, que eu vi o melhor (provavelmente) Oklahoma de sempre!
    AMO! AMO! AMO!

    Oh what a beautiful morning...
    Oh what a beautiful day...

    ResponderEliminar
  4. Tens razão... é de chorar...
    Mas ainda sonho
    E ainda acredito que meu sonho será vida um dia, de forma que a vida não o mate, mas o vista...
    PRECISO acreditar.
    Senão já não sorria.
    Obrigada amiga, por tudo que aprendo contigo... e pelas entrelinhas que amo tanto quanto as linhas lidas e sorvidas vagarosamente.
    beijos

    ResponderEliminar
  5. Olá Agrip.

    Claro que é o "You'll Never Walk Alone"". à uma da manhã dá-me para estas coisas, mas eu também, desde que as saiba assobiar ou cantarolar, jás as identifiquei :-).

    Mas chamasse-lhe o que lhe chamasse nada retirava à beleza da música (ia-lhe chamando ária) e do texto.

    Lembro-me perfeitamente dessa mensagem, é giro que também te lembres. Velhos amigos partilham velhas recordações, não há dúvida.

    Oklahoma também é uma das minhas paixões, tenho um LP com a versão da Broadway e um DVD com o mesmo par Jones/MacRae.

    Completando:

    I've got a wonderful feeling,
    Everything's going my way.

    Se não me engano foi a primeira obra da dupla R&H, e no papel de Curly apareceu um fulano que mais tarde foi um dos grandes cantores dos musicais da Metro e um dos grandes tenores ligeiros de Hollywood, Howard Keel, que foi um inesquecível Adam do que para mim foi o melhor musical da época de ouro dos musicais: Seven Brides for Seven Brothers, que vi mais de seven vezes, e do qual, claro, tenho o DVD.

    Beijos

    Dicas

    ResponderEliminar