quarta-feira, 13 de junho de 2007

Ainda os livros

Não foi um desafio, foi um pedido. Pediu-me a Maria Cunha que aqui deixasse mais cinco sugestões de leitura. Faço-o com todo o gosto, dando preferência a títulos que possam ser menos conhecidos.

Eu leio muito em inglês, e também em francês, e não sei se há traduções disponíveis, o que poderá constituir um problema. Não sei da intimidade dos outros com essas línguas, pelo menos a ponto de saborear um grande livro como ele merece. Publica-se tanta porcaria, as editoras lançam tantos monos que mais valera que nunca tivessem visto a luz do dia... e ficam desconhecidos livros tão bons!

As minhas escolhas:

Brideshead Revisited, Evelyn Waugh. Reviver o Passado em Brideshead. Outro dos livros da minha vida, um daqueles a que volto sempre. Deu origem à mais extraordinária série de televisão de sempre (tal é a minha paixão por ela que até tenho duas edições diferentes, só porque uma trazia mais uns extras...).
Também do livro tenho dois exemplares, um deles com esta capa. É-me especialmente querido porque foi comprado na gift-shop de Castle Howard, que mais não é senão o Brideshead da série... faz amanhã dezassete anos certinhos. Desconheço se haverá alguma tradução disponível, houve em tempos, no princípio dos anos 80.

Lua de Mel, Lua de Fel, Pascal Bruckner. Este também deu filme, e vale a pena ver (Hugh Grant, Kristin Scott Thomas, Peter Coyote e Emmanuelle Seigneur, dirigidos por Roman Polanski), apesar de ficar muito aquém do livro, o que será evidente para quem o ler, transforma desnecessária e incompreensivelmente personagens e muda o final. É um livro fascinante, que não se consegue largar. Pequena advertência: as cenas de sexo poderão ser demasiado fortes para estômagos mais sensíveis. Foi editado pela Dom Quixote, não sei se ainda estará disponível.

Au Plaisir de Dieu, Jean d'Ormesson. Outro livro da minha vida, incontáveis vezes relido.
O tempo é verdadeiro protagonista deste maravilhoso fresco da história de uma grande família ducal francesa e sua progressiva decadência. «Je suis né dans un monde qui regardait en arrière, le passé y comptait plus que l'avenir» - é a frase de abertura para uma viagem mágica. Creio que nunca foi traduzido para português, mas está disponível na Amazon francesa.

The Life and Loves of a She-Devil, Fay Weldon. De-li-cio-so. A vingança de uma mulher traída e abandonada pelo marido levada a extremos inacreditáveis. Sei que foi editado pela Presença, com o título Vida e Amores de Uma Mulher-Demónio. A nossa Diabba deve estar a receber o seu exemplar da impecável adaptação da BBC. Houve também um filme (She-Devil), com a minha querida Meryl Streep - não o recomendo a ninguém, é uma palhaçada.

A Sombra Habitada, Alberto Ongaro. Editado pela Presença. Um livro encantador. Uma viagem no tempo, situando-se a acção em dois planos. O presente, quando o protagonista vê, numa exposição de homenagem ao trabalho de um grande fotógrafo recentemente morto, uma fotografia em que reconhece, apesar de estar de costas, o seu grande amor de vinte e sete anos antes, na Paris do fim dos anos 50, quando Gérard Philippe era o ídolo e o modelo de toda uma geração. E o passado, porque a fotografia vai levá-lo numa viagem ao passado, querendo saber o que teria acontecido a esse seu grande amor. Só o final me decepciona um pouquinho, mas não vou dizer porquê.

E já estão cinco?! E eu ainda com tantos títulos na cabeça!
Maria, espero que esta listagem te faça apetecer um ou dois.

14 comentários:

  1. Ainda os livros e as leituras... minha querida Teresa, é só para te dizer que não me esqueci do desafio. Simplesmente, vindo de ti, tem uma dimensão diferente, não é um desafio qualquer ;-)
    Estou, decididamente, a passar por uma fase de mudança e isso reflectir-se-à na forma como escrevo.
    Contudo, e como gosto de dar prazos (e, como é bom de ver, cumpri-los)irei muito provavelmente deixar as minhas leituras mais recentes lá na minha biografia até ao final da semana, va bene?

    Um beijinho grande, vou continuar com a tua página aberta para que a tua escolha musical me acompanhe.

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  2. Ai eu e o francês...o único que li foi o "Le silence de la mer". Desculpa os erros!
    E li porque na altura o meu irmão o tinha acabado de ler e eu fui feita abelhuda.Com 3 anos de Francês achei que conseguia. Sou tão parveca!Mas precoce!Tinha 13 anos.


    beijo

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  3. Actriz,
    Tens tempo, querida, tens tempo!
    Andamos todos a anotar as escolhas dos outros, quer-me parecer!
    Que o meu Beethoven the acompanhe e embale...
    Beijo grande.

    Maria,
    Precoce e... ambiciosa! Le Silence de la Mar aos 13 anos... faz-me lembrar a minha primeira tentativa de ler um livro no original franês, também com essa idade... Le Lys dans la Vallée, de Balzac. Não correu nada, mas mesmo nada bem. E talvez seja o meu livro preferido dele...

    Li-o duas ou três vezes em português, a primeira aos 14 (adorei) e só pelos vinte e tal arrisquei voltar ao francês, desta vez com bons resultados.
    Donde se prova que certos livros não devem ler-se demasiado cedo.

    Beijo grande.

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  4. Obrigada Teresa!

    4 dos livros vão já directos para a minha lista de espera... infelizmente o tempo das longas leituras acabou quando comecei a trabalhar e alguns livros vão ficando em espera...

    e são eles Brideshead Revisited, Lua de Mel, Lua de Fel, The Life and Loves of a She-Devil e A Sombra Habitada... principalmente o primeiro... segui religiosamene a série na tv. acho que vou mesmo preferir a versão original. tenho medo de quebrar o encanto que guardo da série se ler uma tradução...

    quanto ao Au Plaisir de Dieu, tenho muita pena, mas o meu francês só me permitiria ler um livro com um dicionário ao lado... e acho que perderia toda a emoção de o ler... é caso para perguntar o que andei eu a fazer na Aliance Française!... era pequenina, é a minha desculpa preferida :)

    Gostei muito das sugestões.

    Obrigada novamente

    Um beijinho,
    Maria

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  5. Surpreendo-me sempre a entrar no blog com a música...adoro as tuas escolhas.
    Em relação aos livros, não vou aceitar nenhuma sugestão, por enquanto...tenho sem exagero uns bons 10 na lista. Felizmente, eu e Maria temos um hábito que se começa a tornar estranho neste país: comprar pelo menos 1 livro todos os meses. O problema é que nunca ficamos por um...e já tenho mesmo muito para apanhar. Última compra (ontem): A Pianista de Elfriede Jelinek, com o selo de aprovação da Maria que já o leu.
    Beijos

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  6. Maria Cunha,
    Ainda bem que gostaste das sugestões!
    Duvido muito que conseguisses encontrar a tradução do Brideshead, a não ser num alfarrabista. Sabes como é, foi publicada quando a série passou ("leia também o livro") e depois cair no esqucimento. Vale a pena ler no original.

    O Au Plaisir de Dieu também deu uma série da televisão francesa, que cá passou na 2 quando eu tinha uns 19 anos. Andei doida à espera que fosse editda em dvd, só havia em vhs e o formato não é compatível com o nosso. Acabou por sair, mandei vir. Continuo a achá-la muitíssimo boa, mas não se compara com o Brideshead, que eu considero a série PERFEITA a todos os níveis, até na absoluta fidelidade ao livro. Há momentos em que consegue até suplantar o livro, porque tem música... e a voz do Jeremy Irons como narrador.
    Um beijo.

    Eskisito,
    Ainda bem que gostas da música que aqui vou pondo, já que bem sei que muita gente embirra com música em blogs.
    E eu também, confesso, quando não gosto do que oiço. E também corro esse risco, claro - a minha música não pode agradar a toda a gente.
    Também eu gostei muito da pianista.
    A verdade é que, entre todos, já arranjámos uma bela lista de livros!
    Um beijo.

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  7. Há uma meia dúzia de anos iniciei a leitura de livros em inglês, sobretudo para reforçar a minha auto-aprendizagem da língua que as instabilidades da revolução de Abril me impediram de aprender no liceu... em francês perdi o hábito, apenas por birra, mas "Au plaisir de Dieu" não será o original de uma série que passou pela RTP no final dos anos 70 quando aprendia a língua de Camus e cujo título original era o mesmo?
    Ultimamente ando a descobrir a literatura canadiana, mas isso é uma opção pessoal, onde tenho encontrado belas surpresas e livres da pressão do marketing.

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  8. Geocrusoe,
    O Au Plaisir de Dieu é precisamente o original dessa série, sim, veja a minha resposta à Maria Cunha.
    O castelo que aparece na série como o castelo ancestral dos Plessis-Vaudreil era na verdade da família de Jean d'Ormesson. Aliás, na leitura do livro tem-se por vezes a suspeita de que possa haver ali algum material autobiográfico.

    Obrigada pela visita.

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  9. Vou ver se encontro algum desses livros na biblioteca!

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  10. Querida Teresa,
    tenho andado doente e por isso as minhas visitas têm sido mais esporádicas é só pelo tempo que consigo estar em pé. Gostei da sua escolha de livros, infelizmente no momento nem vontade tenho para ler.
    Beijos

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  11. Peace_Love,
    Desejo-te boa sorte!
    Um beijo.

    Querido António,
    Então que é isso? Adoentado não vale! Ponha-se bom, vá!

    Um beijo.

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  12. Ja li este post ha muito tempo, mas vim hoje aqui rever os comentarios e vi que nao estava ca o meu. Nao tinha dito nada de especial, so estranhei nao ter aparecido nenhum do teu Eca.

    Beijocas

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  13. Muito simples, minha querida AEnima:
    Não pus nenhum do meu querido Eça porque parti do princípio de que toda a gente o conhecereia razoavelmente bem. Como digo no primeiro parágrafo do post, dei preferência a títulos menos conhecidoss.

    Beijocas.

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