Uma caminhada memorável
Não sei se ainda se lembram do tom amargo em que aqui me queixei do Corredor Verde de Lisboa, e do medo que me ficou da única vez que me atrevi a tentá-lo. Pois nem cinco minutos passados após a publicação daquele post, logo o Luís veio em meu socorro, oferecendo-se para me acompanhar numa caminhada por aquele corredor em simultâneo apetecível e assustador, e logo na manhã seguinte. O Luís é um veterano da blogosfera, ainda mais antigo do que eu, e o seu Don Vivo (que fez dez anos anteontem) foi um dos primeiros blogues que comecei a acompanhar, há mais tempo do que convém dizer, que já somos todos assim um bocadinho a atirar para o vetusto.
Minhas amigas com a mania de que são mulheres liberadas, vão por mim, que já cá ando há mais anos: um homem dá um jeito do caraças! Foi só ver a afoiteza com que eu, devidamente escudada por um cavalheiro, me aventurei por aquelas veredas da mata de Monsanto que antes me tinham inspirado tal temor que percebi, logo ali e na hora, que a coisa era demasiado forte para mim. Acrescia que o cavalheiro era um lobo do mar com um sentido de orientação infalível, em encruzilhadas dúbias sempre a escolher sem hesitação o caminho certo. Foram três horas de muito palrar, a conversa caprichosa como eu gosto, a passar por livros, filmes e música, muito riso à mistura.
Some-se a isto um dia de sol glorioso (um dia criador, como diria Eça), o milagre de todo aquele verde a envolver-nos, e talvez comecem a ter uma pálida ideia da nossa caminhada. Recomendo a todos o Corredor Verde de Monsanto. Mas não se aventurem sem companhia.
Fizemos 12 quilómetros certinhos, assim me disse o meu pedómetro quando chegámos à LX Factory para almoçar. A pé, pois claro. E quando já estávamos a deleitar-nos com um muito merecido gin tónico. Foi também nesse almoço que percebi que era mais forte do que o cigarro: uma amiga do Luís entretanto encontrada sentou-se à mesa e almoçou connosco. Fumou pelo menos uns seis ou sete cigarros, e eu consegui resistir sempre à tentação de lhe pedir um.
Alvíssaras para quem conseguir explicar aquele par de mules abandonado nos confins de Monsanto
O coro de gargalhadas que esta sinalização teve! Só conseguíamos pensar em Astérix, numa placa a apontar Roma em todas as direcções. Porque, obviamente, todos os caminhos vão dar a Roma.
O resto da história fica para o post seguinte. Que vai ser agreste, aviso já.
A segunda foto é qualquer coisa de extraordinária!
ResponderEliminarJá às mules, é mais habitual do que se possa pensar. Um amigo já reuniu bastantes fotos de sapatos abandonados no meio da rua. Eu próprio já vou estando atento ao fenómeno.
(E agora vou ficar aqui a ouvir a música :) )
Pedro, por segunda quer dizer terceira foto, não é verdade? A das setas em sentidos opostos.
ResponderEliminarQuanto às mules, o seu amigo deve ter razão. Ainda há poucos dias, a caminho do metro, dei com os olhos num par de ténis de criança com ar absolutamente novo, muito arrumadinho junto à parede de um prédio (nem havia um caixote do lixo por perto).
A música é um assombro, não é? :) Quer que lha envie por mail?