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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ALELUIA!!

Foram precisos 29 anos e 14 nomeações em outros tantos papéis extraordinários perdidas em brancas nuvens para que a minha adorada Meyl Streep voltasse a ganhar o Oscar de melhor actriz principal. O seu desempenho como Margaret Thatcher é coisa de nos tirar a respiração, não é Meryl que vemos ali, é a Dama de Ferro, de tal forma ela mergulhou no papel e se diluiu na personagem, aparência, postura, voz e acentuação incrivelmente iguais.

Ninguém teve tantas nomeações para o Oscar, mas ainda só conquistou três, um deles como melhor actriz secundária. Espero que ainda  ultrapasse os  quatro da lendária Katharine Hepburn, quatro como melhor actriz principal. Meryl merece infinitamente mais. Só comecei verdadeiramente a gostar de Katharine Hepburn a partir da sua meia-idade, só aí a considero verdadeiramente uma grande actriz.

Tive muita pena por Glenn Close, outra grande, que adoro, e que está extraordinária em Albert Nobbs. Acresce que tem uma carreira menos activa e que lhe são dados menos papéis em que possa brilhar como neste, enquanto Meryl, ano após ano, surge com novas grandes actuações. Provavelmente esta terá sido uma das últimas ocasiões em que Glenn Close poderia ter ganhado o Oscar (e nunca perdoarei à Academia que o tenha dado a Cher e não a ela).

Outra alegria foi o Oscar deste grande senhor. O teatro é o seu amor maior (quem me dera poder vê-lo actuar!), e no cinema especializou-se em papéis secundários a que imprime sempre a marca pessoalíssima de um grande actor. 


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Que grande, grande discurso de aceitação!


Este é um dos Oscars a que dou sempre mais atenção, ou não tivesse eu este culto apaixonado pela Palavra: Melhor Argumento Original. Dustin Lance Black. Ainda não foi desta que o grande David Hare ganhou...

Tirado daqui, com o devido agradecimento:

«Oh my God. This was, um. This was not an easy film to make. First off, I have to thank Cleve Jones and Anne Kronenberg and all the real-life people who shared their stories with me. And, um, Gus Van Sant, Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, James Franco, and our entire cast, my producers, Dan Jinks and Bruce Cohen, everyone at Groundswell and Focus, for taking on the challenge of telling this life-saving story. When I was 13 years old, my beautiful mother and my father moved me from a conservative Mormon home in San Antonio, Texas to California and I heard the story of Harvey Milk. And it gave me hope. It gave me the hope to live my life, it gave me the hope to one day live my life openly as who I am and that maybe even I could fall in love and one day get married.

(He chokes up, audience begins to applaud.)

I want to thank my mom who has always loved me for who I am, even when there was pressure not to. But most of all, if Harvey had not been taken from us 30 years ago, I think he’d want me to say to all of the gay and lesbian kids out there tonight who have been told that they are less than by their churches or by the government or by their families that you are beautiful, wonderful creatures of value and that no matter what anyone tells you, God does love you and that very soon, I promise you, you will have equal rights, federally, across this great nation of ours. (Wild applause from the audience.) Thank you, thank you, and thank you God for giving us Harvey Milk.»

Banda sonora (só podia ser esta, em homenagem a amigos desaparecidos, vítimas daquela doença maldita. You are always on my mind...):

Duas Grandes Senhoras

Graciosidade e classe na vitória. Graciosidade e classe na derrota.

Kate Winslet, ao receber o Oscar: «And I want to acknowledge my fellow nominees, these goddesses. I think we all can’t believe we’re in a category with Meryl Streep at all!!! I’m sorry, Meryl, but you have to just suck that up!»

Kate, estás perdoada!

Não, não vi a cerimónia. Durante grande parte dela estive ao telefone, numa conversa absolutamente fantástica. Empatias... Mas acabo de ver um óptimo resumo aqui. Recomendo.

Sou capaz de ir ao focinho da Academia em peso...

... se não derem o Oscar à minha querida menina Meryl Streep.

Notem que ainda não vi nenhum dos filmes nomeados, mas esta fantochada tem de acabar! Meryl Streep é provavelmente a maior actriz de sempre, Meryl Streep é seguramente a maior actriz viva. Cada novo trabalho é um deslumbramento.

I Meryl Streep!

quinta-feira, 1 de março de 2007

Como Eu Vi os Oscars (for all you care...)

A única coisa que colecciono são magnetos. Tantos que tenho o frigorífico positivamente forrado à frente e de um dos lados - o outro está encostado à parede e impossível de utilizar, o que é uma pena, porque começo a precisar de um frigorífico maior. Alguns são giríssimos. Um de que sempre gostei imenso foi-me trazido pelo Victor de uma das suas viagens e diz apenas EVERYBODY IS ENTITLED TO MY OPINION. Nem sei por que se terá ele lembrado de mim ao vê-lo...

É com esse espírito que boto aqui agora algumas opiniões que ninguém encomendou mas eu dou na mesma. Sobre a cerimónia dos Oscars. É que hoje acordei maledicente.

Ellen DeGeneres. Gosto imenso dela. Ida dela ao programa de Jay Leno é fonte segura de gargalhadas, eles adoram-se e acabam invariavelmente a contar histórias absurdas dos seus respectivos gatos, cada uma mais inventada do que a outra. Além de lhe respeitar imensamente a coragem, acho-a uma grande comediante. Merecia que alguém tivesse concebido um espectáculo menos maçador. Ainda assim, esteve muito bem, apesar do enorme nervosismo inicial, que era bem visível e do qual ela pópria fez troça. Adorei a parte da fotografia com Clint Eastwood, a mulher dele a colaborar e a encolher-se toda para não aparecer, enquanto Spielberg manejava a câmara. E a parte em que surgiu de aspirador em punho, a dar com o bocal nas canelas dos nomeados da primeira fila, a minha querida menina Meryl entre eles.

Mesmo assim, no que à presentação da cerimónia se refere, para mim ninguém bate Billy Crystal. Ainda me rio quando lembro a hilariante cerimónia de 91, cujas graças incidiam implacavelmente no pobre Jack Palance (que ganhou com o divertidíssimo City Slickers - A Vida, o Amor e as Vacas, são os títulos parvos que temos) e no fabuloso O Silêncio dos Inocentes. Como esquecer a entrada de Billy Crystal mascarado de Hannibal Lecter?

Abigail Breslin. Coitadinha da criancinha! O que foi que lhe fizeram? Que raio de vestido é aquele? A miúda parece um barrilito de ovos moles de Aveiro (é um doce muito conhecido, até lá fora, mas só o de Aveiro é que tem chique, como explicava o inefável Dâmaso Salcede). Aquilo é lá roupa apropriada para uma criança? Outro título parvíssimo em português: Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos.

Para não pensarem que só sei ser venenosa, mudemos de assunto. Penélope Cruz, deslumbrante, àquilo chamo eu uma entrada de arrasar! John Galliano para a Dior.

Para quem não saiba, Portia di Rossi, que vimos nem Ally McBeal, vive com Ellen DeGeneres, que ouvi há pouco tempo dizer que até era bom não poderem entrar juntas, para ela não fazer ao pé da outra a figura que Tom Cruise costumava fazer com a sua (ex) Nicole.


Agora que já fui boazinha, toca a destilar mais algum veneno.

Ennio Morricone. É com nomes como o dele que às vezes me pergunto onde terá a Academia a cabeça - um pouco como a do Nobel, diga-se de passagem, que deixou morrer Proust, Jorge Luis Borges ou Jorge Amado sem lhes atribuir o prémio. Proust morreu em 1922, o primeiro Nobel data de 1901... digam-me lá que não tiveram tempo de o laurear! Já nem falo de Fernando Pessoa, que morreu em 1935 mas só publicou um livro em vida, Mensagem... aí a culpa não é verdadeiramente deles. E nós nunca tivemos jeito para divulgar os nossos valores.
Voltemos a Ennio Morricone. Suponho que devem ter pensado qualquer coisa como é melhor despachá-lo com um Oscar honorário pela carreira (que generosos!) antes que ele nos morra nos braços. Por pouco não aconteceu isso com Robert Altman, que nunca ganhou. Levou o tal Oscar no ano passado e... morreu entretanto. Al Pacino (o que eu adoro este homem!) teve um número impressionante de nomeações - só batido pela minha menina Meryl - até ser contemplado. Acabou por levar a estatueta com uma interpretação que para ele deve ter sido tão fácil como para mim cantar o Tiroliro. Deixaram passar em branco, entre outras, a do admirável Dog Day Afternoon. É o chamado sempre à trave. Idem para Paul Newman (que eu vi no teatro, YES!!!). Glenn Close é outra eterna injustiçada, no Oscar e noutros prémios. Vi-a em Londres em A Street Car Named Desire, uma Blanche Dubois de cortar a respiração. E nem vou falar em nomes como Orson Welles ou Chaplin. Ou nas vergonhas que têm feito aos filmes de Spielberg.

Pois Ennio Morricone, compositor tão prolífico que só o também extraordinário John Williams o bate - mas com esse os tipos têm sido atenciosos - não só nunca ganhou o Oscar como, à beira dos 80 anos (nasceu em 1928), teve até hoje apenas cinco nomeações, estas . Coitaditos, esqueceram-se de o nomear por bandas sonoras tão extraordinárias como as de Cinema Paraíso ou de Once Upon a Time in America. A primeira nomeação, se repararem, é de 1978, passaram-lhes ao lado quase duas décadas de trabalho notável. Propositadamente, a que escolhi para pôr aqui não é de nenhum destes dois, nem sequer de um dos cinco nomeados. E Cinema Paraíso é um dos filmes da minha vida.

Melissa Etheridge, Oscar para a melhor canção. Decididamente, e ainda bem, the times they are a'changing, como cantava Bob Dylan quando eu gatinhava, e agora começam a mudar ainda mais. «This is the only naked man that will ever be in my bedroom», terá ela dito nos bastidores, já na posse do dito. Ao recebê-lo agradeceu publicamente à mulher. Imaginem isto há uns 15 ou 20 anos. Decididamente, quanto mais velha vou ficando mais me insurjo contra os preconceitos, quaisquer preconceitos. Good for you, girl!

George Clooney. George Clonney! Um regalo para os olhos, está no seu melhor, dá cabo de mim, que nem sou muito de me deixar arrebatar por homens bonitos. Mas é que, aliado ao que aqui salta à vista, tem um sentido de humor do outro mundo. Incisivo, corrosivo, imediato. Faz-me lembrar o meu amigo Zé Pracana, a única pessoa a quem concedo o direito de gostar tanto de Eça de Queiroz como eu. Uma vez, há muitos anos, falávamos de poesia e de Mário de Sá-Carneiro. Eu referi o Quase, pelo título. Ele não reconheceu logo, comecei a citar, para que ele se situasse: Um pouco mais de sol, eu era...

- Sol sustenido! - cortou ele prontamente.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A Mulher Congelada

As coisas que passam pela cabecinha desta rapariga ultimamente são para mim um mistério. Por este caminho, não lhe dou mais de cinco anos para ser uma versão feminina do duvidosamente masculino Michael Jackson. Olha Nicole, filha, depois não digas que não te avisei...

Oscar night. O Victor e eu, muito blasés, muito não tenho pachorra para ver a cerimónia toda, muito amanhã vê-se o compacto, acabámos por aguentar a pé firme a noite toda. E digo-vos que o melhor da noite não se passou no Kodak Theatre, longe disso. O melhor da noite foram os cerca de 40 telefonemas (talvez mais, JURO que não estou a exagerar) que houve entre nós. Contas feitas, talvez não tivesse saído muito mais caro ir buscar sushi e sashimi ao Aya e deitar abaixo três garrafas daquele indescritível Fritz Haag que ele recentemente descobriu.

Tudo começou ainda antes da cerimónia, com a chegada das estrelas (aí já tínhamos falado umas três vezes – os oito telefonemas trocados durante o dia não entram nesta contagem). Ele ligou-me e nem teve tempo de dizer nada, porque eu cortei logo muito depressa com um excitado VISTE A MULHER CONGELADA?!

– QUEM?!
– A Nicole, ora!!!

Gargalhada monstra do outro lado. Para nós dois ela nunca mais se livra do nome que naquele momento me saiu sem saber como. E tenho de explicar. O Victor sempre a achou o máximo. Linda, escultural, etc. Eu achava-a muito deslavadinha (nós mulheres somos óptimas a pôr defeitos nas outras, especialmente quando são melhores do que nós). Quando saiu To Die For (Disposta a Tudo) rendi-me. Que grande actriz, que desempenho assombroso! (classificado pela Première em 40.º lugar entre os 100 maiores de sempre, ver aqui.) Fiquei fã dela. Depois de Moulin Rouge passou a ser para nós a nossa menina Nicole. Temos parvoíces destas. Meryl Streep é nossa menina Meryl. A grande Edita Gruberova é nossa menina Grubi. O Empire State Building é, simplesmente, o nosso menino. Vamos ao cinema, por exemplo. Se o filme se passar em NY é quase inevitável aparecer nalgum momento a silhueta inconfundível. Cotoveladas imediatas, acompanhadas de um bichanar excitado: Olha o nosso menino!

Mas voltemos à Mulher Congelada. Nós já andávamos descontentes com ela há uns tempos. Depois de Moulin Rouge até ganhou um Oscar
, que não convenceu nenhum de nós. Aquele prémio foi um engano, nossa menina Meryl ou Julianne Moore, nomeadas pelo mesmo filme (The Hours), mereciam-no bem mais. Cá para mim estavam a premiar a caracterização. Receita quase infalível para ganhar um Oscar: transformar uma mulher muito bonita numa coisa irreconhecível. Funcionou com Nicole, funcionou com Charlize Theron, nada nos garante que não volte a funcionar. De vez em quando perguntávamos que raio andava ela a fazer à carreira, que nunca mais tinha feito nada que se visse. Nos últimos dois anos a pergunta passou a ser outra: QUE RAIO ANDA ELA A FAZER À CARA?!

A rapariga parece que levou um banho de parafina nas trombas! Tem uma expressão imóvel, a testa tornou-se mais lisa do que deve ter sido aos 15 anos, nada naquela cara mexe um milímetro, tirando, é claro, os beiços, que ganharam uma curiosa configuração de boca de truta. E se pensarmos que ainda nem fez 40 anos, a coisa é preocupante. E é uma pena. Ela nem sequer precisava daquilo! Do que precisava, sim, como actriz, era de uma cara que pudesse transmitir emoções, e essa foi-se, não sei se num bloco operatório, se em injecções de botox ou em quaisquer outros extravagantes tratamentos inovadores a que o muito dinheiro lhe dá acesso imediato. Perdeu-a, e apostava que lhe vai ser impossível recuperá-la.

É chocante ver a coisa grotesca em que se transformou a cara de Faye Dunaway. A de Cher, que acabou mesmo por exagerar. As da última mulher do Aga Khan e da mãe, que eu nunca sei qual é qual, tão de uma mesma idade impossível de precisar se tornaram depois de incontáveis operações. O que Meg Ryan ou Melanie Griffith fizeram à boca, até nos passa pela cabeça que aquele inchaço seja o resultado de um ferrão de abelha. Também estou a lembrar-me de alguns artigos nacionais, mas é melhor não ir por aí.

Não sou avessa a cirurgias plásticas, longe disso. Acho que devemos conservar-nos o melhor possível enquanto nos for possível. Mas com bom-senso. Vi há dias um programa de Oprah notável (e hilariante) sobre o assunto. Mas isso fica para outro dia.