Um almoço épico
Que bela maneira de receber a Primavera (pela qual tenho suspirado secretamente, como poucas vezes fiz na vida, fiel que sou aos sábios ensinamentos do meu Mestre e Irmão Caeiro)! Uma grande almoçarada na Herdade da Agolada (por nós logo rebaptizada como da Argolada), em Coruche, em que José Cid actuou para um grupo de 150 pessoas.
O grupo do Ié-Ié voltou a juntar-se. E como fazemos as coisas em grande, alugámos uma camioneta (carreira, como eu gosto de dizer) para dez escassas girafas-pingadas, os quatro restantes foram de carro.
A animação começou logo na viagem, já que a Teresa Lage tinha preparado um quiz sobre a obra do artista, com direito a prémio e tudo, ganhava quem acertasse mais respostas. E ganhei eu!! Até fiquei emocionada, juro, eu que nunca ganhei nada na vida (tirando o DVD de The Devil Wears Prada, quando o ofereceram num programa da SIC Mulher e eu fui a primeira a telefonar). Aqui fica o bonito momento em que recebo o meu merecido prémio, dois CD com os maiores sucessos do artista, genuinamente piratas, gravados pelo Luís e com art work da Teresa.
O almoço foi uma alegre confusão, ainda me fartei de passar discretamente bocados da carne que estava a ser assada ao ar livre e ia sendo posta num tabuleiro (estava uma delícia) a três adoráveis cães da quinta, um labrador, uma rafeirinha encantadora e um basset hound de olhos muito desgostosos, como têm todos.
O artista foi positivamente açambarcado pelo nosso grupo. O Abel, sempre previdente, levou uma mala cheia de discos para ele autografar — «Uma lapa é ele! (trocadilho da Teresa registado em filme, quando eu comentei que no dia seguinte toda a Lapa ia estar a falar de nós, isto por causa de todo o tiame e realeza presentes e do destaque que a nossa mesa tinha, e o Abel se insurgiu: «Eu sou da Lapa!») Não largava o homem! É só mais um disquinho...» — continuava ela.
O artista até me autografou os discos piratas do meu prémio (bom dinheiro hão-de valer daqui a uns anos), a Teresa, com uma lata do outro mundo, a dizer toda orgulhosa «Fui eu que fiz!»
O momento alto, claro está, foi a actuação do artista. Sentadas lado a lado na segunda fila, aí a dois metros do dito, as duas Teresas fizeram a festa toda, deitaram os foguetes, bateram palmas e apanharam as canas. Os vizinhos da fila da frente e da nossa torciam-se de riso com as nossas chalaças parvas (como uma minha, bem inconveniente, por sinal, quando o artista cantou um certo verso de O Dia em que o Rei Fez Anos: «Mas nesse reino distante, quem tinha um olho era rei» — cotovelada minha para a Teresa, «esta é a parte autobiográfica.» A vizinhança riu bastante mais do que seria desejável. E que dizer da graçola demolidora da Teresa, de cada vez que o artista chegava ao fim de uma canção a que não achávamos graça? «Agora uma gira, vá!» A vizinhança delirava. Mas o artista achou-nos graça, não houve problemas. Pena foi que não tivesse cantado Romântico Mas Não Trôpego, como eu lhe pedi. Confessou que não se lembrava da letra.
As Teresas fazem a festa toda
Em resumo: foi um dia divertidíssimo! Que ainda se prolongou em Lisboa, com uma grande jantarada no Edmundo.
Banda sonora: José Cid — Um Grande, Grande Amor