Eis a explicação
Se nas anedotas o marido é sempre o último a saber, na blogosfera digamos que eu faço o papel de marido, e há muito tempo. Nove décimos das tricas que regularmente aparecem passam-me quase sempre ao lado, coisa que não é para admirar, se atentarmos no número prodigioso de posts por ler que se acumulam no Feedly em apenas quatro ou cinco dias. O resultado? Encolho resignadamente os ombros, marco tudo como lido e reponho os contadores a zero, sabendo que em pouco tempo voltará tudo ao mesmo.
Para não deixar pontas soltas, conto-vos agora a minha última trenguice de 2013, para fechar o ano mesmo em beleza. Cenário: o Mini Preço mais próximo de casa. A preguiçar, tinha deixado para a última, já perto da hora do fecho, a muito necessária excursão para comprar algumas coisas básicas como leite, iogurtes ou papel higiénico. E café, de que já me ia esquecendo.*
Ora estava eu justamente na prateleira dos cafés quando uma senhora, com ar um tanto ou quanto desorientado, me pergunta se eu saberia onde estavam os champagnes. Disse-lhe calcular que devessem estar no corredor das bebidas alcoólicas, mas que duvidava que tivessem, o mais certo seria terem apenas espumantes de marcas com nomes estranhos e suspeitos como Noite Azul. A senhora agradeceu e desandou e eu, a pôr o café no carrinho, considerei com os meus botões que ela me tinha dado uma boa ideia. Champagne não haveria quase de certeza, mas podia ia buscar uma garrafa de bom vinho para brindar ao novo ano. E rumei às bebidas alcoólicas, onde encontrei a mesma senhora, com ar cada vez mais desorientado, a olhar perplexa para as prateleiras e a pegar numa garrafa de aguardente velha. Prontifiquei-me a ajudar, para logo em seguida, olhando para cima, para a prateleira mais alta, perceber que espumantes eram já coisa passada, aquilo tinha sido positivamente saqueado, as cinco ou seis marcas existentes (que pena não ter reparado nos nomes!) eram apenas uma memória. Não tinha sobrado nem uma garrafinha para amostra. Depois de muitos agradecimentos e votos de bom ano da senhora, fui-me aos vinhos. A mesma hecatombe, poucos restavam, e todos com nomes manhosos que me inspiravam profunda desconfiança. Mais valia ficar sossegada. Depois, atentando noutra prateleira, pus os olhos num rótulo familiar e amigo: Gordon's. Ora aí estava, nem mais! Quem não tem cão caça com girafa, brindava com gin tónico, qual o problema? Pus resolutamente a garrafa no carrinho, fui abastecer-me da imprescindível água tónica e dos igualmente imprescindíveis limões e rumei a casa toda contente da minha feliz lembrança. É que estava mesmo a apetecer-me um gin tónico!
Compras arrumadas, vou enfiar o pão no congelador e sacar da cuvete do gelo. Mas que bem que aquilo me correu! Hum? Onde estava a cuvete do gelo? As cuvetes? Pois é, meus amigos, estavam guardadas provavelmente desde os últimos dias de calor, e nem um mísero cubinho de gelo havia para o apetecido gin. Muito desconsolada, lá enchi uma delas de água e regulei a potência do frigorífico para o máximo, a ver se dentro de umas duas horas já poderia iniciar as minhas libações.
* Aproveito para vos informar, caso ainda não tenham dado por isso, de que o Mini Preço tem cápsulas compatíveis com as máquinas Nespresso e consideravelmente mais baratas. Têm apenas três qualidades, mas o café é excelente — costumo comprar descafeinado e a variante Intenso, que diria similar ao Roma da Nespresso. Ou ao Volutto, uma coisa por aí.
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