Dos pequenos-almoços e dessas tretas todas
Vem isto a propósito de um post da Luna, há dias, a insurgir-se contra as parvoíces fundamentalistas proclamadas na lusa blogosfera quanto aos seus mui saudáveis pequenos-almoços — parvoíces que tendemos a olhar de revés, invariavelmente acompanhadas que são de imagens retiradas de sites alheios. Nem comentei, seria chover no molhado. Até porque ela sabe como gosto de um bom pequeno-almoço.
Desde sempre. Em dieta ou à vontade, se há coisa de que não consigo abdicar é de pão. E como há muitos anos zelo pelo peso, é apenas e justamente ao pequeno-almoço que me concedo esse enorme prazer.
Durante muitos anos, o meu supremo prazer foi conceder-me ao fim-de-semana um pequeno-almoço à inglesa. O chá omnipresente, muesli (coisa que descobri no princípio dos anos 80) também quase sempre — esta fotografia é anterior à criação do blogue, tem dez anos. E lá está, fidèle comme une ombre, a inesquecível Messy. E sempre um livro, claro, que eu tenho este vício de precisar de leitura quando como sozinha, resquícios de Enid Blyton.
Mas depois veio 2012 e o SOB do cancro. O meu peso a descer para valores alarmantes, os amigos todos em cima de mim, o Ricardo e a Tina os maiores carrascos. Cada um, à sua maneira, tomou o assunto entre mãos. A Tina desatou a ler sobre cancro e alimentação, desatou a cozinhar para mim (e de caminho mudou a alimentação da família). O Ricardo, com a autoridade natural advinda do facto de ser médico e de lá conhecer toda a gente, não deixou pessoa importante do IPO em sossego, a reclamar o melhor para mim, moeu o juízo de toda a gente (e, homem lindo e charmeur por natureza que é, a pôr devaneios nas cabecinhas de muitas enfermeiras e enfermeiros).
Nessa altura perdi mesmo muito peso. Perdi tanto peso que até aldrabei as diárias perguntas do Ricardo, «quanto é que estás a pesar?» Nunca lhe confessei que tinha chegado aos 41 kg, pus sempre mais dois ou três. E acompanhava a coisa com fotografias no Facebook. É que quando gostamos muito de alguém não queremos que se preocupe demasiadamente connosco.
E estas foram algumas das fotografias dos meus pequenos-almoços para o Ricardo. Sempre na cama. Um cancro é um SOB que nos rouba todas as energias, e o cansaço é imenso.
Eu que tive uma educação algo inglesada e não prescindo de um pequeno almoço a valer desde que me conheço por gente, não tenho a mínima paciência para exibições e modismos relacionados com comida. Depois do sushi e do brunch, temos o breaksfast hipster? De fugir. Beijinho.
ResponderEliminarBom dia, Teresa. Sigo o seu blog há algum tempo, embora não costume comentar. Partilho a sua paixão por Mozart, opera, teatro... E pelo pão! Com a balança a aproximar-se perigosamente dos 60 kg, fui obrigada a virar me para os iogurtes, as sementes e os mirtilos. Até gosto, mas não imagina a falta que me faz um bom café de saco ( quais cápsulas!) e uma torrada de pão escuro com compota caseira. O pequeno almoço inglês também me enche as medidas.
ResponderEliminarBebo chá logo ao acordar e vou bebendo ao longo do dia e o que como ao pequeno-almoço é do mais tradicional que há, café com leite e pão/torradas com manteiga.
ResponderEliminarSão os pequenos almoços e as corridas.
ResponderEliminarAgora toda a gente come coisas fofinhas, fazendo depois a respectiva foto, e toda a gente corre, ganhando depois em casa, os respectivos ténis. É lindo!