domingo, 25 de agosto de 2013

Post galinhola

Há muito tempo que não compro roupa. Em boa verdade nem sequer preciso de mais, tenho roupa que chegue para muitas combinações, coisas com dez, vinte e até trinta anos continuam a servir-me e fazem um vistão quando as repesco, são as vantagens de comprar pouco e de tentar comprar com qualidade. Mas não resisti a este vestido, que apanhei em saldos e a preço muito convidativo. Adoro vestidos, e achei este um amor, não resisti. Até porque acho que vai ficar-me melhor do que ao manequim, já que tenho cintura mais estreita. Até porque tem, coisa cada vez mais difícil de encontrar, um comprimento decente para uma senhora com a minha provecta idade. É que, minhas boas amigas, por melhor e mais tonificado que seja o corpo, vamos chamar os bois pelos nomes: saias curtas NÃO. Tal como, tirando raras excepções, acho que o cabelo comprido é coisa para se ter até, digamos, uns 35 anos. Tenho a felicidade de ter um óptimo cabelo, tirando o último ano, em que andou muito enfraquecido por causa da quimioterapia (apercebi-me disso no Inverno, quando os chapéus, que adoro, passaram a descer-me abaixo das sobrancelhas, e tive mesmo de pôr dois de lado), mas parece ressurgir agora com grande vigor. E ainda sem tintas, minhas queridas, o que é quase um fenómeno. Faço 53 anos daqui a dois dias e continuo a aguentar-me sem pintar o cabelo, Deus Nosso Senhor seja louvado. Seja como for, acharia disparatado usá-lo abaixo dos ombros.

Simultaneamente, ao comprar este vestido (e tenho de enviar mensagem à Lanidor, sugerindo que passem a ter mais dados sobre cada peça, principalmente a composição do tecido, que eu tenho a pancada dos materiais puros, algodão, linho, lã), fui atacada por um sentimento de culpa: o dinheiro despendido pagar-me-ia mais duas Flautas Mágicas — sim, continuo a coleccioná-las, A Flauta Mágica é para mim igual a alegria fresca como um riacho de montanha, e felicidade absoluta. 

Sei que há pelo menos uma pessoa que vai perceber inteiramente o que direi a seguir: o meu agora muito diminuído orçamento permite-me muito poucas excentricidades. As que me vou concedendo são sempre no campo da música, mas isto não é de agora. Sei que o Pitx perceberá que, quando olho para os meus discos, tão ordenadinhos por ordem alfabética e suspiro de felicidade, sei que muitos deles representaram renúncias. Aquela ópera fez-me renunciar, sem hesitação possível, a uma saia da Globe, a uma camisa, um casaco ou umas calças da Marias, a um fato de banho da Loja das Meias. E sei que fiz sempre a escolha certa, porque roupa é só roupa. Pode deixar de nos servir, pode apodrecer no armário sem que a voltemos a usar, já a música, ah, a música! A música é o amparo mais seguro em momentos duros. Não estou a enfeitar, garanto. Nem sei bem o que teria sido de mim em três internamentos no IPO se não fosse a música.

9 comentários:

  1. Vou tentar outra vez,recebi mensagem de não ter sido enviado.

    E dele,é o que tenho,este,em edição baratinha.

    Um dia feliz.
    Saúde.

    http://www.youtube.com/watch?v=n-kG7Pr6F14

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  2. José,
    Um outro assunto: gostaria de saber como estão as coisas a correr-lhe, como está o seu ânimo, e isso não é assunto para caixas de comentários. gotaderantanplan@gmail.com.
    Dê-me notícias, por favor.
    Um beijinho.
    SAÚDE!

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  3. ...então, após dois dias de espera:

    - Parabéns Teresa !!!
    Muitos Momentos de Felicidade.

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  4. Acho uma peça linda e com uma cor cheia de vida. Amei!

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  5. Muitos parabéns, que seja feliz e tenha saúde.

    Este ano dei alguns vestidos porque não me permito usar grandes decotes e vestuário sem mangas, é que estou à beira dos 49 anos, quanto ao cabelo, também concordo consigo e tenho-o sempre curto.

    Um abraço

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  6. A Lanidor tem coisas maravilhosas e que bom reler o blogue da Teresa.

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  7. Eu sei que Vivaldi,desde que Stravinsky lhe decretou a irrelevância,serve apenas para ser deitado(tocado) aos cães.E tal sentença já a vi por cá alargada a Handel e,a medo,aos Concertos Brandeburgueses de um tal Bach.Pois eu não deixo de ouvir os "três da vida airada".Fez muito bem e o próprio Bach se inspirou em Vivaldi.
    Saúde.

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  8. Obrigada a todos. Pelos votos de parabéns, por continuarem a vir aqui, por tudo.

    José,
    E nós ralados, não é verdade? Adoro Vivaldi, adoro Handel, adoro os barrocos. De Bach nem é preciso falar. Quanto aos Concertos de Brandenburgo, ainda ontem ouvi o n.º 5, que me apareceu no iPod.

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  9. Os vestidos são a peça que mais compro, apesar de também eu ter um guarda roupa bastante completo. E idade e figura à parte, também me tenho manifestado contra o exagero de vestidos acima do joelho, que deviam ser a excepção e não a regra nas colecções. Alguma vez é correcto ir trabalhar de saia curta? Para não falar que o comprimento midi é muito mais democrático para a maior parte das silhuetas. Dificilmente desfavorece alguém. Quanto ao poliéster, é uma praga para quem tem, como eu, a paixão dos materiais de qualidade. Já em relação ao cabelo, acho que depende. Quando passar os 35, não me imagino de cabelo pelos ombros e conheço mulheres mais velhas que o usam comprido, sem exageros e com imenso bom ar.

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