Pausa para uma gargalhada
Esta manhã, ao ler uma notícia sobre tratamento de águas residuais, lembrei-me de repente de uma história muito antiga. E comecei logo a rir.
Há uns largos anos fui secretária do presidente de uma holding de engenharia do ambiente. No prédio funcionavam diversas empresas do grupo, cada uma do seu ramo específico. A administração e mais duas dessas empresas, uma delas a que recebia amostras das ETAR (estações de tratamento de águas residuais, leia-se esgotos) para análise, funcionavam no primeiro andar. Tínhamos também uma copa toda jeitosa e muito bem equipada. Café expresso e de saco, frigorífico, microondas, loiça Vista Alegre, águas, sumos, bolachas e outros mimos à discrição.
Numa bela manhã, entra-me a correr pelo gabinete com ar desvairado a directora de Marketing, garrafa de litro e meio de água do Luso na mão. «Teresa! Bebi daqui!! E agora?!» Olhei para o rótulo manuscrito colado por cima do da garrafa, onde se lia em letras gigantescas «ETAR DE FRIELAS». Confesso que também entrei em pânico.
Apontei-lhe a nossa casa de banho e comandei: «Vá JÁ tentar vomitar! Eu vou chamar o Dr...» Já não me lembro do apelido, sei que era Luís e era director da empresa que tratava da saúde dos edifícios. Sempre era médico, numa emergência servia.
Só mais de uma hora depois, a Vera de perfeita saúde e sem lhe ter acontecido nada, conseguimos apurar a verdade dos factos. E foi uma sessão de gargalhadas. O director da tal empresa de análise de águas era esquisitíssimo com a que bebia, só gostava dela muito fresca. Como tal, nunca se esquecia de pôr uma garrafa de litro e meio no frigorífico. O pior era que mais gente, que também gostava de água fresca, não tinha o mesmo cuidado e acabava por servir-se sem cerimónias da dele, sem reabastecer. E não foram poucas as vezes que ele rosnou de raiva ao ver-se sem a sua água fresca, porque alguém já a tinha bebido. E foi aí que concebeu aquela engenhosa e maquiavélica solução do rótulo falso, que trocava as voltas aos abusadores e os dissuadia de atrevimentos. Qualquer pessoa, ao ver escrito ETAR DE FRIELAS numa garrafa, pensaria que se tratava de uma amostra para análise e não lhe tocaria. Qualquer pessoa que não a distraidíssima Vera, que, de garrafa na mão, já tinha emborcado o equivalente a um bom copázio quando reparou no rótulo.
Chorei a rir agarrada a ela. Não conseguia parar. Ela, passada a indignação inicial, acabou por fazer coro comigo e com todos. É que foi o prédio inteiro a rir.
Ehehe.
ResponderEliminarJá agora a ETAR de Frielas ainda existe? Acho que na ribeira de Odivelas já nao corre gota...
Muito bom, será que também funciona com iogurtes? (snif)
ResponderEliminarJibóia, confesso que não faço ideia se existe ou não. Na altura existia e foi o nome dela que o tipo usou no rótulo falso. :)
ResponderEliminarRita, podes sempre tentar. Põe-lhes umas etiquetas "paea análise da DECO", por exemplo. ;)