Quando o kitsch é sublime
Já há bastante tempo que sabemos que a Luna é uma consumada artista do Paint. Por causa do autêntico circo que se armou no blogue dela acerca das fotografias roubadas a Scarlett Johansson (ver aqui, nos comentários, recomenda-se que saltem a leitura dos de uma tal Isabel, equivalentes a um batido de Valium, se não quiserem adormecer em 45 segundos).
O disparate foi tamanho que a Luna instituiu prémios (ainda estou à espera do meu), o da imagem acima calhou à Izzie. Escusado será dizer que ri à gargalhada quando vi a imagem, até pelas reminiscências com mais de um ano de um certo telefone que andou a ser distribuído ao desbarato blogosfera fora que nos traz (ver aqui). E mais ainda quando lembrei uma história muito antiga.
Trabalhava eu à época na Quinta da Beloura. Um dia, vinda de almoçar no restaurante do clube de golfe e a voltar para o escritório, pareceu-me de repente ver uma certa coisa no jardim de uma grande moradia de esquina. Incrédula, a pensar com os meus botões que não devia ter visto bem, meti travões a fundo, quase batendo com a testa no pára-brisas. Os meus receios confirmaram-se: no jardim havia mesmo uma réplica, em escala menor (Deus seja louvado!), do David de Miguel Ângelo. Quando entrei no escritório ainda ia a rir, e contei a toda a gente.
Aquela moradia e os seus donos eram um prodígio, só vos digo. Quando chegou o Natal apareceu um gigantesco abeto todo decorado com laçarotes encarnados e luzes, muitas luzes. Aquela gente não poupava dinheiro nem esforços.
E depois, numa bela manhã, ainda antes das nove, ia eu a entrar na quinta no carro do Luís K. W., vemos no jardim dois operários e uma pessoa com ar de dono da casa e de estar a dar instruções para um trabalho qualquer. Piscámos o olho um ao outro.
— Oh, não! O que é que ele vai inventar desta vez? — gemi eu — Uma Vénus de Milo? E se calhar com braços!
— E castanholas! — acrescentou o Luís, de humor rápido e ferino.
Acho que andei a rir o resto da manhã.
Acho que andei a rir o resto da manhã.
Vénus de Milo com castanholas é genial!
ResponderEliminarOra aí tens um belo desafio aos teus atributos com o Paint!
ResponderEliminarConfesso: eu gostava de ter cópias de certas estátuas no meu jardim / em minha casa. Os antigos romanos copiavam os gregos, e havia oficinas muito bem consideradas que se especializavam nisso.
ResponderEliminarEssas cópias hoje brilham nos melhores museus...
Ah, Teresa, ainda estou abalada, de tão comovida. Vou imprimir a obra, arranjar uma moldura bonitinha, e pô-la aqui em cima da secretária :')
ResponderEliminarE por falar em jardins decorados de forma sublime, em certa terrinha do oeste há um com a Branca de Neve e (sim! sim!) os sete anões. Juro. Já teve também um veadinho de barro, tamanho natural, e uma mini carroça carregada de flores, mas entretanto deu-lhes um rebate de modéstia e ficaram só com a Branca de Neve e os anõezinhos. Priceless.
Gi,
ResponderEliminarJá eu confesso que tudo o que seja cópia me horroriza. Mas convenhamos que cópias com a antiguidade das que refere ganharam nobreza e surgem-nos envoltas numa espécie de halo místico. :)
Izzie,
ResponderEliminarDepois queremos ver foto da moldurinha!
Quanto ao resto, deve ser mal generalizado do Oeste, porque eu lembro-me de uma certa moradia à beira da estrada, quando ia para o Baleal, que me fascinava. De cada lado do portão, dois enormes leões do Sporting, com a pata em cima da bola. Lá dentro conseguia avistar uma espécie de pagode japonês, um pombal e já nem me lembro que outras coisas. Tenho pena de nunca ter parado para espreitar e investigar melhor.