O incomparável Oscar Wilde
Ontem à noite peguei na que é a minha biografia favorita de Oscar Wilde, a de H. Montgomery Hyde.
O que este livro já viajou! Oferecido, foi comprado no Canadá, julgo que em Toronto. Acompanhou-me logo de seguida para umas férias em Barcelona e reservei a leitura, a primeira de muitas, para a lânguida semana numa praia da Costa Brava. Quando pego nele vêm-me imediatamente à memória manhãs de sol luminoso, areia clara e mar morno, tão fortes são as impressões que o primeiro contacto com um grande livro deixa em nós. E lembro-me de rir baixinho, de me emocionar, de me entristecer, de ler alto passagens ao M., também ele, por contágio, já rendido ao sortilégio de Oscar Wilde.
Do Algarve a Nova Iorque e Miami, passando por Londres e Paris ou Denver, esta biografia já andou comigo um pouco por toda a parte.
Ontem, ao folheá-la, tentando decidir em que parte havia de fixar-me, tropecei numa das minhas histórias favoritas de Oscar Wilde.
Quem o conheceu é categórico: o espírito borbulhante e irreverente que perpassa nas peças e em Dorian Gray era quase pálido se comparado com a conversação de Oscar Wilde. Era brilhante, fascinava pela graça, pelo humor, pelo paradoxo. De tal forma que o Marquês de Queensberry, pai de Bosie e autor da sua desgraça e infâmia futuras, ficou positivamente encantado com ele ao conhecê-lo num almoço num Savoy de também muito tristes memórias.
Vaidoso, Wilde sabia desse seu talento, e gabou-se num jantar de poder discorrer de imediato e com espírito sobre qualquer assunto que lhe propusessem. Alguém lhe lançou um repto: «The Queen.»
A resposta foi pronta, fulminante e deliciosa: «The Queen is not a subject.»
Gostava de poder acabar assim, mas convém deixar uma explicação para os menos familiarizados com o inglês e com o período da História que se vivia. Sua Majestade Imperial, a Rainha Vitória, reinava havia longos anos e tinha-se tornado uma figura venerada, uma verdadeira instituição (foi a senhora que disse «We are not amused»). Gracejar a seu respeito teria sido desrespeitador e de extremo mau gosto. Oscar Wilde resolveu a dificuldade num ápice, brincando com a palavra subject, que significa em simultâneo assunto e... súbdito.
Ora aqui está mais uma excelente desculpa para me separar de uns trocos. E eu é que sou stupid woman, hein?
ResponderEliminarAs saídas dele, as saídas dele; impagáveis.
You stupid woman! Somos péssimas influências recíprocas!
ResponderEliminarAntes de comprar, experimenta as hardcovers:
http://www.amazon.co.uk/gp/offer-listing/0374227470/ref=dp_olp_0?ie=UTF8&redirect=true&qid=1310566792&sr=1-7&condition=all
O meu é um paperback (devidamente forrado a papel colável transparente, que gosto de proteger os meus livros), vê se consegues ainda melhor. É que é mesmo uma GRANDE biografia.
I can resist everything except temptation - também é dele ;)
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