domingo, 3 de julho de 2011

Jim Morrison

Faz hoje 40 anos que morreu. Com apenas 27 anos, passando a integrar esse estranho grupo de gente famosa que partiu nessa idade que parece ter-se tornado uma espécie de maldição.

Os Doors nunca foram um dos meus grupos de eleição (já o Nuno adorava-os, até me arrastou para ver o filme de Oliver Stone logo na noite de estreia). A própria música que escolhi para pôr aqui, o mítico Light My Fire, provavlemente a sua signature song, confesso que a meio começa a maçar-me indescritivelmente, mesmo reconhecendo que a abertura é electrizante. Jim Morrison, hoje tão icónico como James Dean, nunca foi um ídolo meu. Ainda assim, reconheço-lhe o carisma e a importância.

Lembro com alguma vontade de rir uma história muito antiga, aí pelos 13 anos da minha irmã, quando começou a ouvir e a descobrir música. Um dia levou para casa, emprestado, An American Prayer (que eu não tinha), não resistiu a vir meter-se comigo: «Diz lá que esta música não é linda!»

Eu sorri, enternecida, do alto dos meus 19 anos. «É linda, é. Mas olha que não é dos Doors, é de um senhor italiano que viveu no século XVIII.» Era o célebre Adagio, de Albinoni.


17 comentários:

  1. Por acaso sempre fui um bocado Doorista. Mas isto é um quase sexagenário a falar :) :) A lembrança é boa e a música uma das minhas preferidas do Morrison.

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  2. Gosto muito de Doors, e até já visitei a campa do Jim, no Pére Lachaise (tinha 16 anos, é perdoável :D).

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  3. esta fotografia é igual ao poster que tinha no meu quarto. acho que já disse tudo!

    I. não fui ao cemitério, mas guardo religiosamente fotografias a p&b tiradas pore quem lá foi por mim!

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  4. Constantino,
    Em boa verdade, acho que a música dos Doors, via de regra, sempre teve mais adeptos entre os homens do que entre as mulheres.

    I. e SB,
    Eu fui ao Père Lachaise (e a Paris, pronto) de propósito, para pôr flores no túmulo de Oscar Wilde no dia do centenário da sua morte (30 de Novembro de 2000) à hora exacta. Tinha marcado no mapa mais alguns túmulos que gostaria de ver, se houvesse tempo. Proust, Rossini, Callas, Balzac, Jim Morrison.
    Não houve tempo. Passei tanto tempo junto do meu amado OW (coisa de duas horas e muito frio) que tive de me enfiar num táxi a correr para ir ao hotel mudar de roupa. Era isso ou chegar atrasada à ópera.

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  5. Teresa: o Jim também era um grande pensador e poeta, senão vejamos:

    "Porque o homem inventou as casas
    e isolou-se em quartos,
    depois da árvore e da caverna.

    (As janelas usam-se nos dois sentidos,
    os espelhos apenas num.)

    Não atravessas nunca o espelho
    nem mergulhas pela janela.

    A cegueira cura-se com baba de puta."

    In:Os Mestres E As Criaturas Novas, de James Douglas Morrisson

    ...ist'é de uma profundidade... ;-)

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  6. Este ano, quando fomos a Paris, tínhamos pensado ir ao Père visitar o tio Óscar e o tio Proust (me mate venera o primeiro e adora o segundo, que ainda não li, que mau), mas infelizmente não sobrou tempo. Fica para a próxima.

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  7. Há uns anos, numa loja de discos em Lisboa, alguém tentava indagar ao balcão de quem era aquela canção... show me the way to the next whiskey bar. Estive quase a dar a resposta mas contive-me. Nessa época eu era mais envergonhado e achei que me olhariam como se eu fosse uma assombração. O empregado lá deu a resposta óbvia e pronto.

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  8. Paulo,
    Outro caso. Brecht. Eu também teria ficado calada (mas com a resposta aos pulinhos na língua). Ainda bem que o empregado sabia.
    Só pergunto a mim mesma como seria hoje em dia numa Fnac.

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  9. Não, Teresa. A resposta óbvia não era Brecht/Weil. O que o empregado da loja disse foi mesmo "The Doors". Encolhi os ombros e saí. Assim como assim, não tinham o que eu procurava.

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  10. Ahahah! Aposto que não foi na minha querida Discoteca Roma de saudosa memória.

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  11. Claro que não foi na Roma!!! [Até exagero nos pontos de exclamação.]

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  12. Os pontos de exclamação foram expressivos. Essas questões nunca ficavam sem resposta na Roma.

    Ainda me lembro de uma amiga minha, musicalmente muito ignorante, ter chegado lá a perguntar pela "música do menino que morreu" (contou-me uns dias depois).
    O empregado, sem mais comentários, pôs-lhe à frente o CD de Tears in Heaven, de Eric Clapton. :)))

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  13. E as horas que eu lá passei a ouvir excertos de Rachmaninov, de Chopin e de Schumann, até descobrirmos que o que eu procurava era uma peça de Satie?

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  14. Que saudades daquela cave mágica e da paciência da Ana! Ele era consultar o Penguin Guide, era experimentar gravações diferentes...

    Foi aliás ela quem me arranjou há três anos a integral dos concertos de Mozart para Piano da nossa Maria João Pires, que não descobri em mais lado nenhum.
    Idem para a minha segunda edição da Italiana in Algeri (a que te enviei), já que a primeira tinha sido roubada.

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  15. A Ana costuma estar em São Carlos e no CCB quando há concertos. É sempre bom para matarmos saudades da Roma.

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  16. Pois eu passei a adolescência a gastar a mesada nos discos dos Doors, em merchandising (era adolescente, é perdoável) e nos livros da poesia do Jim Morrison, incluindo os óbvios "An American Prayer" e "The Lizard King". Sabia tudo de cor, embora não percebesse metade; mas havia ali algo que me cativava à séria.
    Aliás, uma das ofertas que me fizeram de que mais gostei, e que guardo até hoje, foi uma fotografia que uma amiga me trouxe de Paris (sua cidade de infância) do Jim Morrison. Uma cópia, supostamente, de um original tirado pelo senhor que lha vendeu. Gostava tanto que fosse verdade. :) Ainda hoje.
    Ah, e fui visitá-lo ao Père Lachaise - tinha eu 32 anos. Embora agora talvez desse mais valor a outros que visitei no mesmo dia, não poderia ignorar o Rei Lagarto.

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