Old Friends (and then there were two)
Retirado de Beatles Forever!
«And then there were two.»* Dois são os Beatles sobreviventes, dois são os autores deste blogue, que nasceu de uma paixão vinda da infância, quando nenhum de nós tinha ainda idade para perceber letras ou a tremenda importância que os Beatles tinham, continuam a ter e sempre terão no grande quadro geral da história da Música. Não foram uma euforia passageira, não foram um corte de cabelo, ou, melhor dizendo, a ausência dele, que os cabelos foram ficando mais e mais compridos (e imitados mundo fora). Li algures que Eisenhower terá comentado um delicioso «They look like great guys, but they sure need haircuts!» A passagem dos anos, já quarenta desde que se separaram naquele dia 10 de Abril de 1970, tinha eu nove anos, tinha o Abel onze, não lhes retirou nem uma centelha de brilho ou de fascínio. Ao invés, brilho e fascínio parecem crescer mais e a mais, a cada ano que passa.
Nesta semana em que homenageamos os 70 anos de Ringo, o mais velho dos quatro, e em que proponho que lhe demos especial destaque (tal como fiz em tempos na Gota, aquando dos 83 anos de Charles Aznavour, senhor que venero, com entradas diárias sobre ele, a começar nesta), detive-me ontem a pensar nas personalidades dos quatro Beatles, todas tão diferentes, tão diferentes como diferentes eram as imagens individuais que deles tinham os fãs. John era o rocker, o de sentido de humor sulfúrico, Paul era o menino bonito de grandes olhos, o das baladas românticas de belas melodias, Ringo era o simpático, o bonacheirão, sempre a sorrir placidamente sentado à bateria. George (o meu querido George, era para mim o mais giro) parece ter escolhido ser o grande mistério.
Ringo fez ontem 70 anos. E por causa desta idade que é um marco, foi impossível não lembrar uma certa música de um duo que é outro imenso amor na minha vida, e um certo verso dela: «How terribly strange to be seventy!» Guardamos na memória, eternamente, a imagem de quatro rapazes na casa dos 20 anos. Nem Ringo nem John, os mais velhos, tinham ainda feito 30 anos quando o grupo se separou. E é mesmo terrivelmente estranho pensar que Ringo fez ontem setenta anos. A música de que falo é dos meus também muito amados Simon & Garfunkel e chama-se Old Friends. Old friends permaneceram os quatro, mesmo havendo atritos (qual a amizade em que não surgem atritos?). Primeiro partiu John, faz em Dezembro próximo trinta anos. And then there were three. Depois partiu George, o mais novo, em 2001. And then there were two: Ringo e Paul. Old friends.
Nesta página de saudade, de amor, de homenagem singela, a que está ao nosso alcance, também somos dois. Old friends não somos ainda, que não houve ainda tempo e histórias partilhadas que cheguem para tal, acreditamos que viremos a merecer o estatuto. Mas somos old souls.
Por tudo isso, por Ringo que fez ontem 70 anos, pelas velhas amizades de toda a vida, pelas que virão a sê-lo, pelas almas que misteriosamente parecem ter-se conhecido desde sempre, a música hoje, excepcionalmente, não é dos Beatles. É deles, Simon & Garfunkel. Old Friends. E não resisto a colar-lhe Bookends, a que costumo chamar «o minuto mais perfeito da história da música».
* Referência ao título de um álbum dos Genesis de 1978, após a saída de Steve Hackett.
Nesta semana em que homenageamos os 70 anos de Ringo, o mais velho dos quatro, e em que proponho que lhe demos especial destaque (tal como fiz em tempos na Gota, aquando dos 83 anos de Charles Aznavour, senhor que venero, com entradas diárias sobre ele, a começar nesta), detive-me ontem a pensar nas personalidades dos quatro Beatles, todas tão diferentes, tão diferentes como diferentes eram as imagens individuais que deles tinham os fãs. John era o rocker, o de sentido de humor sulfúrico, Paul era o menino bonito de grandes olhos, o das baladas românticas de belas melodias, Ringo era o simpático, o bonacheirão, sempre a sorrir placidamente sentado à bateria. George (o meu querido George, era para mim o mais giro) parece ter escolhido ser o grande mistério.
Ringo fez ontem 70 anos. E por causa desta idade que é um marco, foi impossível não lembrar uma certa música de um duo que é outro imenso amor na minha vida, e um certo verso dela: «How terribly strange to be seventy!» Guardamos na memória, eternamente, a imagem de quatro rapazes na casa dos 20 anos. Nem Ringo nem John, os mais velhos, tinham ainda feito 30 anos quando o grupo se separou. E é mesmo terrivelmente estranho pensar que Ringo fez ontem setenta anos. A música de que falo é dos meus também muito amados Simon & Garfunkel e chama-se Old Friends. Old friends permaneceram os quatro, mesmo havendo atritos (qual a amizade em que não surgem atritos?). Primeiro partiu John, faz em Dezembro próximo trinta anos. And then there were three. Depois partiu George, o mais novo, em 2001. And then there were two: Ringo e Paul. Old friends.
Nesta página de saudade, de amor, de homenagem singela, a que está ao nosso alcance, também somos dois. Old friends não somos ainda, que não houve ainda tempo e histórias partilhadas que cheguem para tal, acreditamos que viremos a merecer o estatuto. Mas somos old souls.
Por tudo isso, por Ringo que fez ontem 70 anos, pelas velhas amizades de toda a vida, pelas que virão a sê-lo, pelas almas que misteriosamente parecem ter-se conhecido desde sempre, a música hoje, excepcionalmente, não é dos Beatles. É deles, Simon & Garfunkel. Old Friends. E não resisto a colar-lhe Bookends, a que costumo chamar «o minuto mais perfeito da história da música».
* Referência ao título de um álbum dos Genesis de 1978, após a saída de Steve Hackett.
Muito interessante este blog. Relaxei e aprendi aqui. Obrigada.
ResponderEliminarConcordo consigo, Teresa: é estranho pensar nuns Beatles septuagenários. E as escolhas musicais são excelentes e muito a propósito. :-)
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