quarta-feira, 3 de março de 2010

Músicas no meu iPod: I Was Kaiser Bill's Batman

Só conheço outra coisa com um poder evocativo tão grande como o da música: os perfumes. Transportam-nos. Sem precisarmos sequer de fechar os olhos, sentimo-nos levados para momentos às vezes muito distantes no tempo, para rostos quantas vezes perdidos nas voltas da vida, para situações, para alegrias, para tristezas.

Foi assim que esta manhã, à saída de casa, este tontíssimo mas irresistível I Was Kaiser Bill's Batman, de um senhor chamado Whistling Jack Smith, me entrou pelos ouvidos, uma clareira sorridente na manhã chuvosa e, é claro, pondo-me a assobiar rua fora («e achas isso bonito?» — perguntaria a minha Mãe, se me tivesse visto naquela figura).

Lá pela Primavera de 1988, o                  Pedro Oom fez-me um dia a deliciosa surpresa de dez cassetes que tinha andado pacientemente a gravar para mim, uma para cada ano da década de 60, que eu era mesmo a taradinha dos anos 60 — o Pedro Albergaria chegava ao Stone's e perguntava logo se a S. Francisco (eu) ainda não tinha aparecido (o que também é significativo quanto à minha presença quase diária lá). Na cassete de 1967 vinha esta música, que eu nunca mais tinha ouvido mas que me lembrava perfeitamente de ouvir na telefonia em muito miúda.

Mais tarde, em 1990, e porque o M. adorava as minhas cassetes, andavam sempre no carro, e lembro-me de uma viagem ao Algarve para passar o fim-de-semana a convite do meu cunhado, que era na altura director de um hotel e em que demos boleia à minha irmã, que estava em Lisboa. Quando isto começava a tocar, um minuto depois olhávamos uns para os outros e desatávamos a rir, porque estávamos os três a assobiar em coro. Experimentem lá... conseguem não assobiar também? É mais forte do que nós.

Lembro-me também dos filhos do M., a Teresa e o André, tão pequeninos na época,  cinco e três  anos, e que ao fim-de-semana iam connosco para todo o lado, e que tinham de ser entretidos em viagem (are we there yet?) — escusado será dizer que ainda sei de cor As Cantigas da Minha Escola,  de Cândida Branca-Flor. Mas esta era mesmo a sua grande favorita, e tínhamos um jogo que os deliciava. Sentados no banco de trás, nós de costas, não podiam olhar para nós,  eu e o Pai íamos assobiando à vez e eles tinham de adivinhar qual de nós assobiava em cada momento. E quando a música chegava ao fim tínhamos de repetir, uma e duas vezes, às vezes mais.

Meu Deus! E está mesmo quase a fazer vinte anos que tudo isto  aconteceu!


Fiquem também com o vídeo, já agora. De 1967, o grande ano da música. Abençoado YouTube!



2 comentários:

  1. Teresa, lembro-me do meu pai ter uma gravação desta música, teria eu uns 10 anos... lá por 71... as coisas que você desencanta. Obrigado por esta lembrança. Abraço / Teo Bastos (leitor do blog)

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  2. E obrigada pelo seu comentário, Teo.
    É impressão minha... ou ainda estou a dever-lhe resposta a um mail muito simpático?
    Desculpe, sim? Aminha vida anda um caos.

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