segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

I ♥ Desperate Housewives


Confesso que a princípio não liguei muito à série. Nunca a vi na televisão, apesar de saber da sensação que estava a causar nos Estados Unidos desde a estreia, em 2004. Só vi quando saiu a primeira temporada em DVD, julgo que no princípio de 2006. Comprei e vi, é certo. Mas à época andava demasiado empolgada com Six Feet Under, essa sim, inquestionavelmente, uma das séries da minha vida. Gostei. Achei que era uma boa série, muito bem feita. Mas arrumei-a na prateleira e não voltei a lembrar-me dela.

Deve ter sido no princípio de Agosto do ano passado que resolvi revê-la, e foi com outros olhos que a encarei. A série de facto está soberbamente escrita, realizada e interpretada. A consistência das personagens é fabulosa. Destaque especialíssimo para Felicity Huffman, Eva Longoria e Marcia Cross. Esta última, pormenor divertido, foi namorada de um amigo meu, português, que fez dois anos de liceu nos Estados Unidos. Foi a sua prom date. Suponho que, de acordo com a teoria dos seis graus de separação, isso me me deixa a dois graus de Marcia Cross, o que não deixa de ser uma coisa patusca.

A seguir resolvi mandar vir a segunda temporada (a 7 de Agosto, diz-me a inestimável e mui eficiente Amazon). E depois a terceira, a quarta e a quinta. Devorei todas e fiquei à espera da sexta, actualmente a decorrer e que começou na semana passada a dar na Fox Life. Vi ontem a repetição do primeiro episódio.

A mesma qualidade de sempre, o mesmo humor ferino, as mesmas situações rocambolescas e muitíssimo bem pensadas, conseguindo fazer parecer naturais e lógicos desenvolvimentos que primam  pelo absurdo. E dei uma monstruosa gargalhada com uma saída de Eva Longoria. Ela e o marido acolheram em casa uma fedelha de 16 anos, sobrinha dele, insuportável, muito difícil de controlar. Carlos, o marido de Gabrielle, tenta persuadi-la a ser paciente e mais tolerante, que a miúda vem de um lar desfeito, que o pai abandonou a mãe quando ela era bebé, que a mãe teve de se virar sozinha... enfim, um relambório de desgraças.

Gabrielle corta-lhe o discurso com um impaciente «Yeah, yeah, she's just one dead dog away from a country song!»  Ri como uma perdida, tão bem achada era a frase.

É que as canções de música country contam muitas vezes histórias de fazer chorar as pedras da calçada. Lembro uma com especial ternura. The Coward of the County, de Kenny Rogers, passava muitas vezes no Stone's. O Nuno, o Pedro e eu delirávamos, sabíamos a letra de cor. E quando chegava a parte dramática da violação de Becky, a sweetheart do cobarde lá da comarca, por três matulões, os malvados manos Gatlin, a casa vinha abaixo, cantávamos em coro:

«One day while he was workin' the Gatlin boys came callin'.
They took turns at Becky.... n' there were three of them!
»

Este sinistro «n' there were three of them!» era por nós cantado mais baixinho, a trocarmos cotoveladas e olhares horrorizados, para logo a seguir largarmos a rir.

Deixo-vos a letra completa, espero que se divirtam:


«Ev'ryone considered him the coward of the county.
He'd never stood one single time to prove the county wrong.
His mama named him Tommy, the folks just called him yellow,
But something always told me they were reading Tommy wrong.

He was only ten years old when his daddy died in prison.
I took care of Tommy 'cause he was my brother's son.
I still recall the final words my brother said to Tommy:
"Son, my life is over, but yours has just begun.

Promise me, son, not to do the things I've done.
Walk away from trouble if you can.
Now it won't mean you're weak if you turn the other cheek.
I hope you're old enough to understand:
Son, you don't have to fight to be a man."

There's someone for ev'ryone and Tommy's love was Becky.
In her arms he didn't have to prove he was a man.
One day while he was workin' the Gatlin boys came callin'.
They took turns at Becky.... n' there were three of them!

Tommy opened up the door and saw his Becky cryin'.
The torn dress, the shattered look was more than he could stand.
He reached above the fireplace, took down his daddy's picture.
As his tears fell on his daddy's face, he heard these words again:

"Promise me, son, not to do the things I've done.
Walk away from trouble if you can.
Now it won't mean you're weak if you turn the other cheek.
I hope you're old enough to understand:
Son, you don't have to fight to be a man."

The Gatlin boys just laughed at him when he walked into the barroom.
One of them got up 'n met him halfway 'cross the floor.
when Tommy turned around they said, "Hey look! ol' yellow's leavin'."
But you coulda heard a pin drop when Tommy stopped and locked
the door.

Twenty years of crawlin' was bottled up inside him.
He wasn't holdin' nothin' back; he let 'em have it all.
When Tommy left the barroom not a Gatlin boy was standin'.
He said, "This one's for Becky," as he watched the last one fall.
And I heard him say,

"I promised you, Dad, not to do the things you've done.
I'll walk away from trouble when I can.
Now please don't think I'm weak, I couldn't turn the other cheek,
'n Papa, I sure hope you understand:
Sometimes you gotta fight when you're a man


9 comentários:

  1. Mas quem é que te perguntou a ti (minha idiota), se gostavas de Melissas ou não??
    E mais parvo e idiota é ires dizer á autora do blog da Pipoca que poupe o dinheiro que gasta nas melissas??
    E tu? Porque não poupas o dinheiro que gastas nas series? Ó só esse conselho serve para os outros!!

    Tenho cá para mim, que és uma ressabiada das primeiras!

    A ver vamos se postas este comentário, para os teus leitores ficarem a saber as palermices que comentas nos outros blogues.

    Sorry... não tens leitores, por o que vejo.

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  2. Anónima,
    Ora essa! Então por que não havia de publicar o seu comentário? A figura triste é toda sua.
    Além de me ter deixado dividida entre a vontade de rir e a comiseração pela sua escrita deplorável, claro.
    Os meus leitores, poucos ou muitos, ignoram comentários como o seu. Além de que se identificam, evidentemente.

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  3. este anónimo devia ter assinado como "Pipoquette". Pelo menos teria tido piada nessa parte:)

    Gosto muito da série. Tem piadas mesmo muito boas, mas temos de estar atentas e ver tudo sem legendas, para realmente darmos conta das pérolas que para ali são escritas:)

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  4. Inês,
    Foi a primeira vez que a vi com legendas em português (que remédio), as outras temporadas vi todas legendadas em inglês. Mas eu estou sempre com um olho no burro e outro no cigano: a atenção auditiva é grande, e não costumo perder aas tai pérolas. Que são muitas, sim.

    Quanto à infeliz de cima... se eu, tendo poucos leitores, apanho disto, nem quero imaginar quantos comentários terá a Pipoca de censurar. Mas não há dúvida, tem aqui uma Pipoquette devotada ;) (e desequilibrada, mas isso agora não interessa nada.

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  5. Adorei a parte da "(minha idiota)". Revela algum carinho não? Risos.

    Gosto sempre de ler os teus comentários às séries, rio-me sempre com os pormenores que descobres:)
    Beijinhos:)

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  6. Tens uma leitora nova... graças ao Anónimo!
    Vi o comentário da Teresa na blogue da pipoca e não percebi nada de por aí além nesse comentário. Mas ao ler este... enfim, há aqui alguém ressabiado, mas não me parece que sejas tu.

    Esta série também só me fez apaixonar há cerca de 1 ano. A Eva Longoria é realmente a que tem a minha personagem preferida... farto-me a rir com ela. Com ela e a sobrinha, ou antes, com ela e com as filhas... demais!
    E já agora, mais uma viciada em 24, só me falta a actual temporada... e última, infelizmente. Mas é mesmo um vício, esta série!

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  7. Se for uma devoradora desta série como eu, e lhe apetecer ver os episódios "in advance", aqui fica um link: http://www.cucirca.com/category/desperate-housewives

    Não posso garantir nada quanto a vírus e spyware. Parece-me um site normalzinho, onde bastante gente comenta. Lá está, não é garantia de nada. Mas eu cá uso-o.

    Quanto às legendagens em português, é, de facto, preferível ignorá-las, de tão más e pouco fiéis que são.

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  8. T,
    Ah, minha amiga! Tu és uma incurável optimista! Até consegues descobrir carinho naquele txto virulento! :))))))
    Agora a sério: achas que sim? É que sempre me deixas mais animada ;-)

    Ana,
    Ora sê muito bem-vinda! :))))
    O 24 é mesmo viciante, não é? É sempre a mesma coisa: «é só mais um episódio...», juramos nós. E quando damos por ela são quatro da manhã e no dia seguinte há que levantar cedo :)
    Lá terei de ir comprando as restantes, que remédio!
    Ainda assim... parece-me que a melhor de todas continua a ser a primeira. Qual é a tua favorita?

    Ariadne,
    Ora nem de propósito! :)))))))
    Acredita que andei a pesquisar e descobri esse site na noite anterior ao seu comentário? LOL!
    Ainda não tive tempo, mas não sei se conseguirei resistir à tentação.
    Quando à qualidade das legendas, via de regra parece-me que os tradutores da Sic Mulher são muito bom. Acontece-me com frequência dar comigo a abanar aprovadoramente a cabeça com algumas expressões e a pensar «olha que bem achado!»
    Claro que depois há os disparates monumentais: espreite na barra lateral direita a etiqueta "Pérolas de Tradução», é capaz de rir bastante.

    Beijos!

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