terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Nasce uma lenda

Faz hoje 50 anos, nascia uma lenda. Covent Garden, 17 de Fevereiro de 1959: Dame Joan Sutherland, dirigida por Tullio Serafin e encenada por Franco Zeffirelli, cantava Lucia di Lammermoor como ninguém a tinha ainda ouvido ou visto no século XX. Não sabemos como era a voz de Fanny Tacchinardi Persiani, criadora do papel, em 1835. Sabemos, pelos incontáveis relatos dessa noite prodigiosa, que Dame Joan, passeando erraticamente em palco na cena da loucura, escreveu uma página gloriosa da História da Ópera. E eu teria (digo isto muitas vezes, bem sei) vendido a alma ao Diabo para ter estado lá.

A desenvolver à noite. Agora fica só o meu agradecimento ao Pedro, sem o qual a banda sonora não teria sido possível (depois conto).

Adenda a meio da manhã: não posso corrigir isto... e estou com a forte suspeita de ter colado mal as várias faixas que compõem a Cena da Loucura. Acho (não posso ouvir aqui...) que a quarta está no lugar da segunda. Trenga mais trenga...

Adenda nocturna: Nada há a desenvolver, a voz de Dame Joan é por demais eloquente, nunca cessa de me deslumbrar. Querida, querida Dame Joan! No dia em que partir (Deus o faça muito distante), este blóguio, se ainda existir... entrará em luto prolongado.

9 comentários:

  1. Bah! Não tem de agradecer. É o que estou a ouvir agora!

    ResponderEliminar
  2. Pedro,
    Estão mal coladas, não estão?
    Eu devia ter verificado isto ontem à noite!

    ResponderEliminar
  3. Estão... Mas não se rale, é uma nova reinterpretação. Isto sim, é a verdadeira pazzia! ;)

    ResponderEliminar
  4. Magnífica, pois.

    Ainda tive a sorte de ver Joan Sutherland cantar a Lucia, com Alfredo Kraus (who else?), em 1988, penso. Antes do incêndio do Liceu de Barcelona. Ambos já muito maduros mas lindos - quem se importaria com uma ou outra dificuldade? -. A cena da loucura e a morte de Edgardo foram tão arrepiantes que estou agora com pele de galinha. O público estava tão enlouquecido que não queria deixar o teatro. Depois, já na Rambla, as pessoas cantavam O bell'alma innamorata. Como no séc. XIX. Inesquecível, tudo.

    A forte suspeita confirma-se: as faixas estão mal coladas. Acontece... não faz mal. Obrigado por ter assinalado este aniversário.

    ResponderEliminar
  5. Paulo,
    Se inveja matasse... eu neste momento estava estendida ao comprido, fulminada por tal informação (que, de resto tinha ideia de já ter referido, só não disse que foi na Lucia - LOGO a Lucia...).

    Kraus (que linda voz tinha!) também foi o seu Alfredo - tal como foi da Callas em 1958 - na única vez que ela cantou em Lisboa, na semana do 25 de Abril. O de 74, sim, pontaria, hem?

    Se não conhece a história, carregue na etiqueta Dame Joan Sutherland, conto-a algures lá para trás e vale a pena.

    O meu multimilionário amigo Artur esteve presente nas duas estreias (na da Callas era novinho, tinha apenas 16 anos, mas depois viu-a mais vezes lá fora).

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  6. Aos dois:
    Pronto, agora sim, parece-me que as árias estão na ordem correcta!

    ResponderEliminar
  7. Inveja tenho eu desse seu amigo multimilionário. Gostava de ser mais velho para poder ter estado no São Carlos nessa noite de 1958.

    Conheço a história da Traviata do 25 de Abril mas vou já ler o que escreveu.

    ResponderEliminar
  8. Paulo, Pedro...

    (que bonito, os nomes de dois grandes santos...)

    O nosso problema, como já era de Álvaro de Campos (nem a originalidade temos), é que queremos sempre o impossível. Não se pode acender uma vela a Deus e outra ao Diabo. Eu, que sou a mais velha, nem tinha nascido ainda quando Dame Joan cantou a primeira Lucia (os meus Pais estavam noivos, casaram a 4 de Outubro desse ano). Para muitas coisas, we were born too late.

    O que me lembra que nunca cheguei a comentar um certo post do Pedro sobre uma certa música de Joan Baez... Música sobre a qual eu poderia falar de cátedra...

    ResponderEliminar
  9. E a Teresa nem sabe que o meu irmão se chama Paulo. Adiante - não o fez mas pode ainda fazê-lo (eu realmente estranhei não ter dito nada, mas...)

    ResponderEliminar