sábado, 31 de janeiro de 2009

The impossible dream...

Dame Joan Sutherland e Marilyn Horne como Norma e Adalgisa, dirigidas por Richard Bonynge — de costas, marido da primeira, senhor de vastíssimo conhecimento de bel canto, batuta de rara sensibilidade nessa área. A imagem é de 1982, de um ensaio para uma produção de San Francisco. Escusado será dizer que pagava nem sei bem o quê para ter assistido...

A produção que verei esta noite é anunciadamente má, como são todas, há quase vinte anos — desde que Dame Joan se retirou. Norma, uma das óperas por mim mais amadas, vive em redor da personagem que lhe dá o nome. Não há cantoras para ela, como tal a produção desmorona-se, por melhores que sejam Adalgisa, Pollione ou Oroveso.

Consolo-me a ouvir a voz cristalina de Dame Joan. E não me venham com a história de ah, e tal, a Callas... A Callas cantava a Norma uma oitava abaixo da partitura de Bellini. A Callas nunca teve voz para o papel, por mais extraordinária actriz que fosse (e era). Desconfio que, se não fossem os gays, a Callas não seria o mito que é (e, de caminho, Judy Garland, Barbra Streisand e outras seriam menos divinizadas). Também tenho a Norma cantada pela Callas, sob a impecável batuta de Tullio Serafin, nunca a oiço. Esclarecidos?

P.S. Messy era uma Norma admirável (se bem que o seu signature role fosse mesmo Boris Godunov — era tão versátil, minha Messy!). Agri, por sua vez, faz uma Adalgisa muito consistente e convincente...*

2 comentários:

  1. Dame Joan Sutherland foi uma grande Norma e teve em Marilyn Horne uma excelente companheira como Adalgisa. O dueto "Mira o Norma" cantado por elas é antológico. Mas, para mim, a personagem requer algo mais que a técnica perfeita que Dame Joan possuía e que eu pude comprovar ao vivo (não como Norma, mas como Lucia).

    E permita-me discordar da sua opinião sobre a mitificação de Callas: além dos gays, há imensos staights que admiram Callas profundamente.

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