domingo, 1 de fevereiro de 2009

Miss Congeniality

Fazem-me bem à alma estes testemunhos espontâneos de consternação com a partida de Messy: porque Messy era boa, pura e infinitamente doce. Havia sistemas filosóficos inteiros no deslumbrante azul dos seus olhos. Messy merece todas estas homenagens. Quem a conheceu concorda comigo. Pessoas que não gostavam de gatos, ou achavam não gostar... depois de a conhecer saíam-se com brilhos do género de «eu não gosto de gatos, mas Messy é especial...»

Messy era uma campeã de charme, conquistava tudo e todos com uma turrinha, com um alegre saltar para o colo de um suposto inimigo de gatos, que logo se sentia privilegiado por ter sido distinguido com a sua atenção, e ficava ali o resto da noite, mal se mexendo só para não a incomodar. Tive um namorado que era dos tais que detestavam gatos. Até privar com Messy, claro. Ainda ele estava a puxar o vinco das calças para se sentar no sofá e já ela estava a preparar o salto para lhe aterrar no colo. E ele, escravo obediente, ficava diligentemente a fazer-lhe festas como se lhe tivessem marcado tarefa, o whisky pousado na mesa em frente.

— Chega-me o copo? — perguntava ele de vez em quando.

É que não queria incomodá-la, tão bem instalada ela estava...

9 comentários:

  1. Credo! Credo!!!

    Parece a sala de espera do centro de saúde, cheia de velhas a lastimarem-se.

    Ou pior: o velório de alguém que conhecemos mal (mas a que nos sentimos na obrigação de ir) e onde nos pomos a conversar com os outros presentes sobre as doenças putativamente mortais e idênticas às do de cujus que também afectam tias longínquas e senhoras lá do prédio de cada um(a).

    Louvem a Vida, Senhoras e Senhores, e deixem-se de andar a estudar para carpideiras...

    E tu, Teresa, que, de facto, sabes quem em sou, deixa-te de tentares fazer as pessoas sentirem-se importantes por virem aqui dizer-te o quanto sentem a tua perda (ou perca, se quiseres - private joke...).

    Sei o quanto gostavas da Messy (não me convences a não empregar o artigo...) mas quanto mais depressa te convenceres de que não a tens contigo, mais depressa conseguirás chegar à tal saudade boa de que falava o Cívico Anacleto.

    Beijos.

    Ah... E os frequentadores podem-me chamar bruto e insensível à vontade. Sei do que falo e estou convicto do que digo pelo que, parafraseando a tua bem-amada Susaninha, os cheques da vossa revolta contra mim não têm cobertura no banco da minha indiferença.

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  2. Ah, um Homem Prático, sem dúvida. Um autêntico Positivista.

    Conheci alguns e sempre os achei apenas uns quantos avos de uma pessoa, mas como lhes falta exactamente a parte que lhes permitiria reconhecer aquilo que não têm, conseguem ser tão felizes como um Ser Humano.

    Seja feliz à sua maneira, amigo, deixe-me sentir e dar vazão à minha.

    Dicas/JL

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  3. (a sentir-me importante só por vir aqui)

    Os gatos sabem escolher os escravos! hummmm serei eu uma gata?

    beijo repenicado d'enxofre

    Nota: sinto-me muito melhor dp de ter falado contigo.

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  4. Querida Teresa,
    apesar de ter sido sempre uma pessoa que só teve cães, os gatos sempre me fascinaram. No entanto é engraçado que sempre que vou a casa de algum amigo ou amiga que tenha gatos a verdade é que eles vêm para o meu colo, até caso dos mais ariscos para surpresa dos donos. Na minha vida em curto espaço de tempo recolhi dois gatinhos bebés que estavam abandonados perto de onde trabalhava. Arranjei donos excelentes para ambos felizmente. Algum tempo mais tarde recolhi um linda gatinha branco pérola que andava perdida na rua onde morava. Enterneceu-me ela chegar-se às pessoas em busca de afecto. Esteve comigo uma semana, infelizmente a minha vida profissional não me permitia cuidar de um animal como eu gostaria e um amigo que tinha um gato e queria arranjar uma companhia para ele, ficou com a Sissi. Acredite que nos primeiros tive que recorrer à minha amiga Kuska para saber se aquele ronron dos bebés era normal ou ainda se a lingua áspera não tinha problema nenhum. Mas foi uma experiência gratificante. Não vou falar mais de tristeza pois já disse o que sentia anteriormente. Quero apenas desejar-lhe que possa em breve sentir-se em paz e com o doce sabor das muitas boas recordações que tenho a certeza que as tem.
    beijos

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  5. Teresa,
    espero que o luto da Agri esteja a ser suave. quando o cheiro da Messy se desvanecer da casa ela aceitará melhor não a ver..
    aconteceu assim com o Ikbal.
    ele foi muito mais corajoso do que eu. passado o seu tempo de luto, parece ter rejuvenescido.verdade seja dita, nos meses seguintes à morte do Bahari ele nunca ficou só nem por momentos. aterrorizava-me a ideia de que ele sofresse tanto quanto eu com a ausência do mano.
    devagar, muito devagar a vida retoma o ritmo, mas ainda me custa não ter as conversas rosnadas do Bahari e ver a sua cauda a abanar por tudo e por nada.
    quando se tem mais de um animal, fala-se de maneira diferente para cada um, pelo menos eu faço-o.
    e não me soa nada bem falar para o Ikbal como falava com o Bahari. são outras entoações para as mesmas palavras. era capaz de dizer as mesmas bobagens aos dois, mas para cada um havia uma forma de dizer. porque cada um deles reagia à sua maneira. tão diferentes que se completavam!

    beijinho para as duas

    Kuska

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  6. (também sentindo-se especial e distinta por aqui estar e cheia de pena de quem não "capta" essa energia que é solidária e feliz- enfim - outras tribos...)

    Teresa querida eles deixam lembranças tão deliciosamente desenhadas não é? Obrigada por partilhar. Beijos e ainda aquele abraço de urso

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  7. A Daisy é como a tua Messy. :) O namorado da minha irmã não gosta de animais (não lhes quer mal nenhum, mas prefere não conviver com eles), mas foi completamente conquistado pela Daisy. Mal chega a nossa casa, lá começa ela com os seus ronrons, marradinhas, barriguinha para cima, anda entre as pernas dele, a descrever um oito, e mal o vê sentado trata de mostrar que é ali que vai dormir a sesta. :) :) :) São umas conquistadoras, é o que elas são. :)

    A tua Messy fará sempre parte de ti, Teresa. Mas talvez seja uma boa altura para arranjares um novo amigo para a Agri. Pensa nisso com carinho.


    Beijinhos

    P.S.: http://bichanosdoporto.blogspot.com/

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  8. Estou a ver que também tens por aqui quem venha largar azedume... Enfim...

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  9. Bom, em primeiro lugar, vinha (e venho!) aqui dar-te um abraço e saber de ti.

    Em segundo lugar, e sem referir o quão idiotas são alguns dos comentadores (com ou seu propriedade) é só para dizer que eu só não escrevo as asneirolas que acabei de proferir ao ler tamanhas enormidades porque este blogue não é meu.

    bj

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