Mágicas Noite de Teatro #2: Les Misérables

A imagem à esquerda é do programa da primeira vez que vi Les Misérables em palco, no querido Palace Theatre de Londres. Uma noite inesquecível de um fim-de-semana que foi o presente (antecipado) do Vítor pelos meus 35 anos. Um dia talvez conte a história toda. De como, depois de uma sucessão incrível de azares, acabámos por ocupar duas gigantescas suites contíguas no famoso Claridge's. Mas o melhor da história talvez seja mesmo o argumento dos melões de Almeirim, com que confrontei o gerente e nos rendeu um pequeno-almoço de nababos. Adiante...

Eu e o Vítor somos juntos, desde os catorze anos, aquilo que vocês já vão sabendo. Partilhamos tudo, partilhamos, mais do que quaisquer outras coisas, e porque são o melhor de nós mesmos, o riso e a música. Aos dezassete anos, sentados lado a lado, distraíamo-nos do tédio das aulas de Direito (aulas em que se fumava, pasmem!) a fazer listas. Listas das melhores músicas dos Beatles, das melhores músicas dos Simon & Garfunkel... Mas só a meio da casa dos trinta começámos a partilhar a Ópera (o meu contributo para o património comum) e os Musicais (o dele). E tudo começou com esta obra. Não vou contar aqui a história, é demasiado pessoal, demasiado íntima. A música com que o Vítor me apresentou Les Misérables vinha direitinha ao encontro de coisas que me doíam muito e, quando chegou ao fim, eu estava lavada em lágrimas. E pedi para ouvir outra vez. E mais outra... Nem sequer vou dizer qual é, talvez um dia um de vocês adivinhe.

No teatro, ao intervalo, o Vítor ofereceu-me o disco original, o de Londres, o melhor (a orquestra nem se compara),o que oiço sempre. Os cantores principais são os mesmos, dois anos mais tarde, em 1987, Les Misérables estreava na Broadway: Colm Wilkinson, Patty Lupone, Philip Quast, Frances Ruffelle, etc.
O post vai longo e a hora adiantada. Amanhã continuo, que muito há ainda a dizer. Deixo-vos com Do You Hear the People Sing?, que está longe (muito longe) de ser a minha música preferida. Acontece apenas que é uma das mais imediatas e empolgantes, talvez a que mais imediatamente se nos instala no ouvido como uma mania. As palavras fabulosas de Herbert Kretzmer, o senhor das letras inglesas de Charles Aznavour. E há outra razão: o vídeo, este vídeo do concerto de celebração do 10.º aniversário. Les Misérables tinha corrido mundo, já havia incontáveis produções. Nessa noite (que Deus me perdoe, mas também teria vendido a alma ao Diabo para ter lá estado), DEZASSETE Jean Valjeans de dezassete produções diferentes da obra cantam esta música, cada um na língua da respectiva produção. O primeiro é Colm Wilkinson, o criador do papel em Londres e na Broadway, e que nessa noite tinha voltado a cantá-lo. O segundo é Phil Cavill... que foi o meu primeiro Jean Valjean em palco, naquele dia 6 de Agosto de 1995.
Preparem-se para um momento mágico.
Preparem-se para um momento mágico.
Grande post! Sinto-me acrescida :)
ResponderEliminarEstou a ver que tenho de prestar mais atenção ao musicais, mas convenhamos que não tive uma infância muito feliz ao ter um pai que gosta de Barbara Streisand e de Sarah Brightman.
ResponderEliminarMas o que eu quero mesmo saber é essa história do Claridge's, sobretudo se tiver boas relações com os senhores - preciso de entrar em contacto com eles - puras razões profissionais, como sempre, claro está!
Cora,
ResponderEliminarO post é de somenos importância. Esta obra é que é maravilhosa! :)
Pedro,
Os musicais são uma grande paixão minha (que começou com este). Percebo o trauma. A Streisand canta divinalmente, mas parece que é uma pessoa odiosa. A Brightman... ai, até me arrepio! Só aquele vício de levantar os bracinhos para dar a nota alta...! GRRRR!
Sugiro que comece por este (a versão de Londres), e que oiça também Miss Saigon, dos mesmos autores, LINDO!, Oklahoma e Cabaret. Isto só para começar. Vai apanhar o bichinho, juro...
Depois lhe direi quais são as melhores versões, se quiser.
Beijo.
A Streisand canta muito bem, se é odiosa ou não, desconheço. Mas lembro-me de um concerto dela, em que se senta numa cadeirinha alta e começa a servir-se de chá... e é melhor ficar por aqui. Antes os lanchinhos da Rita Lee no Saia Justa!
ResponderEliminarÉ claro que já fiquei com os que aqui pôs. Em parte é preconceito, porque sei que há coisas muito boas. E convenhamos: The sound of Music é o quê? Bem, e se o Cabaert for o mesmo do filme protagonizado pela Liza Minelli... sou simplesmente fã... O problema é que musical lembro-me sempre de gatos a cantar e fãs histéricos...