quinta-feira, 23 de outubro de 2008

I Les Misérables - I

Chora-se muito nesta obra. Chora-se baba e ranho quatro quintos do tempo. Como me disse um americano um nadinha embaraçado há coisa de dez anos, provavelmente encorajado pelo facto de me ter apanhado em flagrante a enxugar uma torrente de lágrimas, no fim do primeiro acto, «é sempre a mesma coisa! Já é a quinta vez que vejo isto e não consigo parar de chorar!». Já me fartei para aqui de chorar, só de coligir material para este post, que é sobre... Éponine.

Éponine é filha dos estalajadeiros, os Thénardier (lá iremos). À esquerda têm Frances Ruffelle, a primeira Éponine em Londres e em Nova Iorque, a mesma que estão a ouvir, no disco de Londres. Cheguei dez anos atrasada, nunca a vi em palco. Conhecemos Éponine criança (no livro), com a idade da pequena Cosette, escravizada pelos seus abomináveis pais. No musical só conhecemos a Éponine jovem mulher, e é infinitamente comovedora.

Apaixonou-se por Marius, que nem se apercebe da sua existência. Éponine assiste à paixão fulminante de Marius por Cosette (que não reconhece, evidentemente, é a criança de dez anos que Jean Valjean, fiel à promessa feita a Fantine, livrou dos desprezíveis Thénardier, seus pais). E sofre. Éponine faz-se mensageira, até leva um recado de um Marius perdido de amores a Cosette. Mas sofre. É o que nos conta em On My Own.

ON MY OWN
«And now I'm all alone again

Nowhere to turn, no one to go to.
Without a home, without a friend
without a face to say hello to
But now the night is near
And I can make-believe he's here

Sometimes I walk alone at night
When everybody else is sleeping
I think of him and then I'm happy
With the company I'm keeping
The city goes to bed
And I can live inside my head

On my own
Pretending he's beside me
All alone
I walk with him 'til morning
Without him, I feel his arms around me
And when I lose my way, I close my eyes and he has found me

In the rain
The pavement shines like silver
All the lights are misty in the river
In the darkness, the trees are full of starlight
And all I see is him and me forever and forever

And I know it's only in my mind
That I'm talking to myself and not to him
And although I know that he is blind
Still I say there's a way for us

I love him
But every day I'm lonely
All my life I've only been pretending
Without me, his world will go on turning
The world is full of happiness that I have never known

I love him
I love him
I love him...
But only on my own... »

Julgo que menos de meia dúzia, entre as pessoas que me lêem, vão dar-se ao trabalho, ou ter a curiosidade de ver e ouvir o que aqui fica hoje, e que tão tremendamente me toca. Não tem grande importância, é como na parábola do Evangelho, talvez a que me é mais querida: «Saiu o semeador a semear...»

Linzi Hately, a primeira Éponine que conheci, ainda antes daquela mágica primeira noite em Londres. O meu amigo João N., ao saber que eu estava viciada na obra, ofereceu-me Les Misérables - Stage by Stage em VHS. Há muito que tenho também em DVD.



Lea Salonga, a mesmíssima que foi a primeira Miss Saigon, na mesma cena, naquela tal noite que me teria feito vender a alma ao Diabo, a noite do 10.º aniversário.



Pouco adiante, Éponine morre nas barricadas. A Little Fall of Rain (ruidosos soluços cá deste lado). Morre nos braços de Marius, o seu amor impossível. Se não verterem abundantes lágrimas com esta cena, com esta música, só há uma explicação possível: vocês, meus amigos, têm uma calota polar no lugar do coração.




3 comentários:

  1. Sofre-se junto.... Ai o poder da música. E pensar que há gente que não lhe dá importância e outros que dela fogem pra emudecer as emoções... Lindo, Teresa, obrigada por mais esta aula e pela viagem sensitiva... É sempre um exercício mágico ao coração!

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  2. Nãop consigo falar contigo, irra!

    Viste o último vídeo? Eles são fabulosos!

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  3. Estou a ver só agora e a dar um "update" na leitura dos novos posts. Pois andamos nos perdendo, mas dessa vez a culpa foi minha, andei meio entediada de entrar na net. Manda-me email a marcar e nos acertamos, bjs

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