46 anos...
Sou uma pessoa de ritos, e o meu rito nesta data é sempre o mesmo: tocar a obra completa dos meus adorados Beatles do primeiro ao último disco. É que Love Me Do, o primeiro single, faz hoje anos...
É certo que levar o ritual a bom porto anuncia-se este ano complicado, que ainda vou a meio do quarto álbum, Beatles For Sale...
Estou delirante, com a música aos berros, a cantar em coro com eles as letras que continuo a saber de cor. Como estou de janela escancarada (o escritório é nas traseiras), de caminho faço uma boa acção, elevando o nível musical do bairro, bastante comprometido por alguém à direita, julgo que no prédio ao lado, que ao fim-de-semana põe entusiasticamente a tocar coisas que não sei identificar, mas cuja proveniência é comprovadamente abaixo de cão: no sábado passado reconheci o inefável Sai da Minha Vida, da inefável Ágata (eu chamo-lhe Iágata, a m'nina Iágata...). Nesse momento, confesso, vacilei: tenho um certo carinho pelo horror que nos proporcionou um momento de génio do génio que Herman José pode ser. Mas como, logo a seguir, veio outra coisa qualquer que berrava deslocada e repetitivamente Meu Lindo Agosto (íamos no fim de Setembro), ripostei-lhe com a Cena da Loucura da Lucia di Lammermoor. Vantagem clara de cá: ninguém tem melhores pulmões do que a minha adorada Dame Joan Sutherland... e a minha aparelhagem é melhor.
Hoje, morta de cansaço (experimentem carregar sete sacos daqueles grandes do Ikea carregados de livros, sempre a coisa mais pesada em qualquer mudança, para um segundo andar sem elevador e perceberão como o cansaço é justificado; o pior são os livros que ainda estão na mala do carro, que se traduzem em mais cinco ou seis sacos...), quando me instalei no escritório para começar a minha maratona de Beatles, vinha música do mesmo lado. Fiquei petrificada, que eram aqueles flausinos chamados Il Divo. Quando recuperei do choque, relativizei: não era surpreendente, antes condizia na perfeição. Não sei se os criaturos ainda estão para lá a debitar a sua medonha possidonice, os meus Beatles tocam mais alto! Mas, se estiverem, o bairro que escolha.
Escolhi para tocar aqui hoje a música que era o lado B de Love Me Do: P.S. I Love You. Detesto dizer que não gosto de coisas dos Beatles, mas a verdade é que nunca consegui gostar de Love Me Do. Aquilo a que aqui se presta aqui homenagem, a homenagem que religiosamente todos os anos, desde 1982, presto, é pelo simbolismo, que nunca engracei com a canção. Mas temos o lado B, o mítico lado B, que nalguns casos acabava por ser, justamente, a música de que mais gostávamos. O melhor exemplo de que consigo lembrar-me é o lado B de Daniel, de Elton John: nem mais nem menos do que o extraordinário Skyline Pigeon, seguramente entre as suas dez melhores músicas.
Alguém me fala de outros lados B?
P.S. Update importante: já vou em Help!, o quinto álbum! Já só faltam oito, um deles duplo...
Obrigada, M., que me ofereceu a colecção completa (à excepção do álbum branco, que não conseguiu encontrar, e que viria ser-me oferecido pelo Vasco) no dia dos meus 31 anos, com a cumplicidade da minha querida Paulinha. Eu nem leitor de CD tinha ainda...
É certo que levar o ritual a bom porto anuncia-se este ano complicado, que ainda vou a meio do quarto álbum, Beatles For Sale...
Estou delirante, com a música aos berros, a cantar em coro com eles as letras que continuo a saber de cor. Como estou de janela escancarada (o escritório é nas traseiras), de caminho faço uma boa acção, elevando o nível musical do bairro, bastante comprometido por alguém à direita, julgo que no prédio ao lado, que ao fim-de-semana põe entusiasticamente a tocar coisas que não sei identificar, mas cuja proveniência é comprovadamente abaixo de cão: no sábado passado reconheci o inefável Sai da Minha Vida, da inefável Ágata (eu chamo-lhe Iágata, a m'nina Iágata...). Nesse momento, confesso, vacilei: tenho um certo carinho pelo horror que nos proporcionou um momento de génio do génio que Herman José pode ser. Mas como, logo a seguir, veio outra coisa qualquer que berrava deslocada e repetitivamente Meu Lindo Agosto (íamos no fim de Setembro), ripostei-lhe com a Cena da Loucura da Lucia di Lammermoor. Vantagem clara de cá: ninguém tem melhores pulmões do que a minha adorada Dame Joan Sutherland... e a minha aparelhagem é melhor.
Hoje, morta de cansaço (experimentem carregar sete sacos daqueles grandes do Ikea carregados de livros, sempre a coisa mais pesada em qualquer mudança, para um segundo andar sem elevador e perceberão como o cansaço é justificado; o pior são os livros que ainda estão na mala do carro, que se traduzem em mais cinco ou seis sacos...), quando me instalei no escritório para começar a minha maratona de Beatles, vinha música do mesmo lado. Fiquei petrificada, que eram aqueles flausinos chamados Il Divo. Quando recuperei do choque, relativizei: não era surpreendente, antes condizia na perfeição. Não sei se os criaturos ainda estão para lá a debitar a sua medonha possidonice, os meus Beatles tocam mais alto! Mas, se estiverem, o bairro que escolha.
Escolhi para tocar aqui hoje a música que era o lado B de Love Me Do: P.S. I Love You. Detesto dizer que não gosto de coisas dos Beatles, mas a verdade é que nunca consegui gostar de Love Me Do. Aquilo a que aqui se presta aqui homenagem, a homenagem que religiosamente todos os anos, desde 1982, presto, é pelo simbolismo, que nunca engracei com a canção. Mas temos o lado B, o mítico lado B, que nalguns casos acabava por ser, justamente, a música de que mais gostávamos. O melhor exemplo de que consigo lembrar-me é o lado B de Daniel, de Elton John: nem mais nem menos do que o extraordinário Skyline Pigeon, seguramente entre as suas dez melhores músicas.
Alguém me fala de outros lados B?
P.S. Update importante: já vou em Help!, o quinto álbum! Já só faltam oito, um deles duplo...
Obrigada, M., que me ofereceu a colecção completa (à excepção do álbum branco, que não conseguiu encontrar, e que viria ser-me oferecido pelo Vasco) no dia dos meus 31 anos, com a cumplicidade da minha querida Paulinha. Eu nem leitor de CD tinha ainda...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNo que diz respeito ao mau gosto musical dos vizinhos, partilhamos o mesmo destino.
ResponderEliminarNo meu caso o martírio passa mais pelo que mais tarde vim a descobrir se chama tecnoquizomba (?!?!).
Cada um com a sua cruz!
Eu gosto muito de Beatles...
ResponderEliminarPara mim, a melhor de todas é Mother Mary !
:) Boa semana