sábado, 27 de setembro de 2008

Farewell, Paul Newman

A maldição da beleza. Era tão bonito que se esquecia o resto: o grande actor; o ser humano único. Nove nomeações para o Oscar, só à sétima levou a estatueta para casa, em 1986 (no ano anterior tinha sido homenageado com um Oscar honorário pela carreira, podem ver aqui). O mundo só tinha olhos para o extraordinário azul dos olhos de Paul Newman.

Tive o privilégio de o ver em palco há cinco anos, terceira fila ao centro. A peça (a mítica Our Town) não me impressionou especialmente, mas o seu desempenho era poderoso. Paul Newman voltava à Broadway após 38 anos de ausência, um ano depois do 11 de Setembro: «I decided I would not go to my grave without coming back to Broadway. There is no other reason, except that Our Town reflects the best of American values, and I thought it appropriate for these times.»

Paul Newman criou uma marca de molhos para saladas que o poderia ter feito ainda mais rico, tamanho foi e continua a ser o sucesso. Sorrio de cada vez que vejo um frasco, nos Estados Unidos, por saber que cada cêntimo dos lucros a perfazerem milhões vai para fins humanitários. Paul Newman comprou um castelo na Irlanda, Barretstown Castle, para acolher crianças doentes.

Hoje o mundo ficou mais pobre, hoje o mundo está de luto. Paul Newman foi muito mais do que um grande actor: Paul Newman foi um grande Homem.

Vou deitar-me agora e rever um dos seus filmes, um dos meus favoritos. The Verdict (outra nomeação para o Oscar). Nas palavras de um amigo querido, advogado, palavras escritas há mais de três anos, numa troca de mails em que comentávamos as nossas paixões cinematográficas, «
Quanto ao Paul Newman sou suspeito. Fui para Direito muito por culpa de O Veredicto, do Sidney Lumet, com o argumento adaptado pelo David Mamet. Cheguei a saber de cor as alegações finais que "Frank Galvin" faz em tribunal. Enfim, tempo de juventude. Este é um filme que vejo, religiosamente, pelo menos uma vez por ano. Refresca as minhas convicções no que é ser justoHá dois anos, quando o meu afilhado Filipe se formou em Direito, ofereci-lhe o filme, juntamente com um outro do mesmo Sidney Lumet, uma obra-prima chamada 12 Angry Men. Nas palavras do meu amigo Harvey, o mesmo: «12 Angry Men. Um filme fantástico. Um argumento de excepção. Quase claustrofóbico e, certamente também por isso, tão intenso. Igualmente um eleito. Um dos jurados é o Jack Warden que é colega de escritório do Newman em O Veredicto

A explicação para a música de fundo está aqui.

4 comentários:

  1. Pois é... Há perdas que mexem conosco sobremaneira. Sabes que também pensei em falar dele hoje e até reabrir o velho blog? Mas... Essa e dais tar perdas... que me deixam "sem" palavras....

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  2. Ouvi a notícia com muita tristeza. Ainda sabendo que ninguém é eterno, é muito estranho quando deixam de estar connosco.

    Sabia que ias fazer um post... e adoro esta música.
    Beijinho

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