Raindrops Keep Fallin' on My Head
Basicamente, nunca ninguém está contente com nada. Tirando as minhas pessoas, claro (o Blogger devia criar uma opção de links múltiplos, para eu aqui poder render homenagem por atacado aos meus blóguios de eleição). As minhas pessoas nunca falam do tempo - ou, se falam, falam bem e encontram coisas relevantes para dizer e escrever. E sabem dizê-las e escrevê-las. Sem erros ortográficos, sem pontuações que seriam cómicas se não fossem trágicas, num Português cristalino que dá gosto ler e que a minha querida Dr.ª Maria Helena aprovaria. Já me aconteceu (raramente, admito, mas já tem acontecido) encontrar pensamentos interessantes, daqueles que nos fazem parar e pensar, irremediavelmente trucidados por uma escrita deficiente. E aqui deficiente pode ser mesmo um grande eufemismo...
Correcções de escrita à parte, os queixumes fazem-me sorrir. E sorrio como quem detém um grande segredo. Não me foi revelado da maneira mais fácil, envolveu grande sofrimento, como todas as grandes demandas. Passa pelos meus 21 anos e por Alberto Caeiro, meu querido Mestre, que literalmente me salvou a vida com a sua límpida e serena sabedoria, toda feita de aceitação e acordo.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
E passa, reflexamente, por este Raindrops Keep Fallin' on My Head, a grande parceria Hal David & Burt Bacharach a ganhar em duplicado, Oscar de 1970 para Melhor Canção e Melhor Partitura.
Raindrops keep falling on my head
And just like the guy whose feet are too big for his bed
Nothin’ seems to fit
Those raindrops are falling on my head, they keep falling
So I just did me some talkin’ to the sun
And I said I didn’t like the way he got things done
Sleepin’ on the job
Those raindrops are falling on my head, they keep falling
But there’s one thing I know
The blues he sends to meet me wont defeat me
It won’t be long till happiness steps up to greet me
Raindrops keep falling on my head
But that doesn’t mean my eyes will soon be turnin' red
Crying’s not for me
Cause I'm never gonna stop the rain by complainin’
Because I’m free
Nothing’s worrying me.
É que... I'm never gonna stop the rain by complainin'... Retirem daqui tudo o que quiserem, o verso é de uma riqueza sem fim.
A culminar, há também a cena inesquecível de Butch Cassidy and the Sundance Kid que aqui deixo para revermos a sorrir. Aperta-se-me o coração a rever Paul Newman, tão novo, tão bonito, um deus grego! O Vítor, numa breve escapada a NY em Novembro passado para ver algumas peças de teatro (volto a dizer que te odeio, meu grande anormal, teres visto o grande Kevin Kline sem a minha cumplicidade ao lado, a acotovelarmo-nos mudamente de minuto a minuto, é coisa que não te perdoo!), viu-o na mesma fila, com a mulher, a grande Joanne Woodward, e ficou impressionado; achou-o (palavras dele, carinhosas e tristes) muito velhinho. E nós tinhamo-lo visto em 2003 em Our Town, no seu regresso à Broadway, 38 anos passados...
As palavras de Paul Newman, numa entrevista dessa época: «I decided I would not go to my grave without coming back to Broadway. There is no other reason, except that Our Town reflects the best of American values, and I thought it appropriate for these times.» (tinha passado pouco mais de um ano desde o 11 de Setembro)
Tempus fugit...
Correcções de escrita à parte, os queixumes fazem-me sorrir. E sorrio como quem detém um grande segredo. Não me foi revelado da maneira mais fácil, envolveu grande sofrimento, como todas as grandes demandas. Passa pelos meus 21 anos e por Alberto Caeiro, meu querido Mestre, que literalmente me salvou a vida com a sua límpida e serena sabedoria, toda feita de aceitação e acordo.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
E passa, reflexamente, por este Raindrops Keep Fallin' on My Head, a grande parceria Hal David & Burt Bacharach a ganhar em duplicado, Oscar de 1970 para Melhor Canção e Melhor Partitura.
Raindrops keep falling on my head
And just like the guy whose feet are too big for his bed
Nothin’ seems to fit
Those raindrops are falling on my head, they keep falling
So I just did me some talkin’ to the sun
And I said I didn’t like the way he got things done
Sleepin’ on the job
Those raindrops are falling on my head, they keep falling
But there’s one thing I know
The blues he sends to meet me wont defeat me
It won’t be long till happiness steps up to greet me
Raindrops keep falling on my head
But that doesn’t mean my eyes will soon be turnin' red
Crying’s not for me
Cause I'm never gonna stop the rain by complainin’
Because I’m free
Nothing’s worrying me.
É que... I'm never gonna stop the rain by complainin'... Retirem daqui tudo o que quiserem, o verso é de uma riqueza sem fim.
A culminar, há também a cena inesquecível de Butch Cassidy and the Sundance Kid que aqui deixo para revermos a sorrir. Aperta-se-me o coração a rever Paul Newman, tão novo, tão bonito, um deus grego! O Vítor, numa breve escapada a NY em Novembro passado para ver algumas peças de teatro (volto a dizer que te odeio, meu grande anormal, teres visto o grande Kevin Kline sem a minha cumplicidade ao lado, a acotovelarmo-nos mudamente de minuto a minuto, é coisa que não te perdoo!), viu-o na mesma fila, com a mulher, a grande Joanne Woodward, e ficou impressionado; achou-o (palavras dele, carinhosas e tristes) muito velhinho. E nós tinhamo-lo visto em 2003 em Our Town, no seu regresso à Broadway, 38 anos passados...
As palavras de Paul Newman, numa entrevista dessa época: «I decided I would not go to my grave without coming back to Broadway. There is no other reason, except that Our Town reflects the best of American values, and I thought it appropriate for these times.» (tinha passado pouco mais de um ano desde o 11 de Setembro)
Tempus fugit...
É sempre tão bom regressar aqui.
ResponderEliminarBom fim de semana.
Grande, grande post, querida Teresa!
ResponderEliminarEsta cena faz indelevelmente parte do imaginário da minha adolescência, a menina escolhe-as a dedo. Que linda era Katherine Ross!
Se puser aqui Jennifer O'Neill mata-me do coração!
Aqui está uma das razões que justificam a ausência de posts meus ... é que nao podia estar menos interessada no tempo que faz ... cá em casa tenho gabardines e tops de alças ... basta saber quando usar e o tempo é apenas um aliado! ;)
ResponderEliminarps- quanto aos erros ostográficos e acentos disparatados ... já não há nada a fazer ... não aprendi na primária agora não assimilo. As minhas sinceras desculpas. :(
Teresinha, lá em casa fomos educados com uma máxima very british, que resume quase tudo o que dizes aqui: "Never explain, never complain". Ou seja, traduzido em bom e velho português (pré-acordo ortográfico): Assume o que fazes sem desculpas pífias, aguenta e... cara alegre!
ResponderEliminarSe todos aprendessem a tirar partido do que têm à frente, em vez das queixas eternas dos portuguesinhos "calimeros", garanto que todos eram mais felizes. E que fariam os outros mais felizes, o que é ainda mais importante.
A vida é curta, passá-la a lamentar o sol ou a chuva é uma estupidez...
E, aqui para nós, quem pode queixar-se ao olhar para estas duas carinhas larocas do video, lindas de morrer?? Grande filme, grande música de Burt Bacharach. Grande Caeiro, claro... e grande Teresa, já agora!
Beijinhos
A música não me diz nada de especial (sorry) mas em compensação adoro o filme. Aliás tenho uma fotografia emoldurada da última cena.
ResponderEliminarPor ler o comentário acima, inicio o meu precisamente pelo imediato cantarolar que o título despoletou, ainda antes de ler o post. E o sorriso que me pôs nos lábios, e que deve ser o primeiro desde o almoço, que não se aguentam certas coisas neste emprego!
ResponderEliminarJá se sabe que não sou apologista do elogio fácil, nem da palmada gratuita nas costas só porque sim ( e sei que V. Senhoria também não deve ser apoiante dessa 'causa'), mas não posso deixar de manifestar o extremo agrado com que te leio, cara Teresa. Mesmo quando nada tenho a comentar , por falta de tempo ou - assumo-o - desconhecimento de causa (não se me passa pela cabeça comentar um assunto que não domino, e, sendo assim, limito-me a absorver para aprender), saio sempre daqui com a grata sensação de tempo bem empregue.
Achei que te devia este mimo - se entenderes aceitá-lo assim - já há tempo.
Beijos
Sim, certamente será esse o segredo; no entanto, a resignação não será algo de menos? E relembro Wilde: I have the simplest of tastes. I am always satisfied with the best". Isto sem qualquer pretensão de mais e melhor.
ResponderEliminarChat Gris,
ResponderEliminarObrigada :) E é sempre uma ternura espreitar as tuas reportagens (uma ternura, a de hoje).
António,
Sabe... o Verão de 42 é para mim um filme mítico... até porque nunca o vi. Está há séculos no meu gigantesco carrinho de compras da Amazon.
Nani,
1.º Ora nem mais ;)
2.º Com toda a sinceridade... nunca dei conta de erros de monta no teu blóguio. Distracções sim, mas eu sei ver a diferença... :)
Ana,
ResponderEliminarMais uma das nossas! Sempre adorei essa máxima: never explain, never complain - a duquesa de Windsor usava-a muito.
Quanto ao resto, estamos inteiramente de acordo, evidentemente.
Não consegui arranjar aquilo no Colosso, era edição de fim-de-semana, peço amanhã no quiosque, Nem penses que esqueci!
Pulha Garcia,
(hás-de explicar-me esse nome...)
Antes de mais, bem-vindo.
Sorry... porquê? Os gostos não têm de ser coincidentes, sou capaz de reconhecer muita qualidad a músicas que não me dizem grande coisa. E estamos de acordo quanto ao filme... :)
Safira,
ResponderEliminarO não seres apologista do elogio fácil torna o teu duplamente valioso e deixa-me muito feliz. Sim, sou igual. Sou pela contenção. Não compreendo o denegrir por denegrir... mas ainda menos suporto as grandes loas. Aqui para nós, posso confessar-te que me afastei decididamente de alguns blogues que vinham aqui numa bajulação despropositada, as coisas mais banais a arrancarem gritos extasiados. Que diabo, tenho sentido crítico! E além de levar com os bajuladores em cima, ainda levava com a troça das minhas amigas, todas elas raparigas com os pés bem assentes na terra.
Assim sendo, e com uma simplicidade grata... muito obrigada. :)
Pedro,
Não é resignação, longe disso. Resignação para mim é sinónimo de passividade, como um pássaro a encolher-se debaixo de um chuveiro. É uma fina compreensão das coisas, é toda a filosofia. São os versos feiticeiros de Ricardo Reis (sempre ele, Fernando Pessoa):
No mundo, Só comigo, me deixaram
Os deuses que dispõem.
Não posso contra eles: o que deram
Aceito sem mais nada.
Assim, o trigo baixa ao vento, e, quando
O vento cessa, ergue-se.
E não me fale de Oscar Wilde, o menino acompanha-me há pouco tempo. Leia o post de 16 de Outubro de 2006... :)
Acompanho-a à pouco tempo, ,sa já li o seu blog de uma ponta à outra, numa manhã de sábado, há já alguns meses! Mas como me tratou por menino... vá! Até vou dormir mais satisfeito e tudo!
ResponderEliminarE aos versos de AC, só me consigo lembrar de outros versos de uma música da Elis : " Deus dá o frio, conforme o cobertor"
Oops! Chapeau! [insert embarassed smile] Não sabia.
ResponderEliminarGrande beijo, Pedrinho... :)
É...não será por nos queixarmos, da chuva ou do Sol ou do que quer que seja, que ficamos melhores ou que o que nos causa mal estar vai passar.
ResponderEliminarGrande frase essa, portanto (I'm never gonna stop the rain by complainin').....:-)
Interessa de facto escrever com conteúdo, interessa escrever com humor, com sabedoria (como tua aliás escreves, e não é de todo o elogio gratuito, há muito que leio o teu blog), mas penso que o interessa acima de tudo é assumir (aqui como no mundo lá fora) aquilo que se é: se escreve bem, se se diz alguma coisa de jeito, se se tem um blog chatinho ou nem por isso (se bem que no "canto" de cada um, cada um escreve o que lhe lhe vai na alma, e que lhe der na gana)
Qto a mim, tenho bem conciência daquilo e como escrevo, daí admirar aqueles que escrevem "bem" em todos os sentido da palavra. :-)
Fica bem
Vejo que entendes a minha irritação: não há pachorra é para o queixume do desgraçadinho. É que não se aguenta. :)
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