Páscoa
A Páscoa é a maior festa da Cristandade, maior ainda do que o Natal. A Páscoa é a verdadeira e completa evocação Daquele que veio a este mundo para nos salvar, porque assim estava escrito desde a noite dos tempos. É também para mim símbolo de renascimento e renovação. Vim da Missa Pascal de alma apaziguada, lavada e cheia de alegria. A luminosa manhã de sol estava de acordo comigo e com a alegria que em mim cantava.
É ainda banhada nessa alegria, e porque tenho sempre tanto que agradecer a Deus, que passo a contar-vos as coisas boas e bonitas dos meus últimos dias.
1. As Cell Blog Chicks
A Ana convidou-nos a todas para jantar na sexta-feira. Sendo Sexta-feira Santa, interrompeu-se a tradição entre nós combinada da ementa, sempre pato, de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Foi-nos prometido um caril de gambas. Quando chegámos (em manada eu, a TCL e a Rosarinho, que as minhas proverbiais distracções fizeram-me ficar apeada, sem bateria no carro - valeu-me o facto de elas ainda estarem em Lisboa e de me terem dado boleia), a anfitriã estava muito apoquentada. Tinha comprado um caril XPTO, coisa fina, mas, estranhamente, o resultado tinha ficado muito aquém das suas grandes expectativas. Foi logo avisando que estava uma porcaria, tinha uma bolognese de recurso para os paladares mais exigentes.
A verdade é que, quando no sentámos à linda mesa que nos tinha preparado, já nem a podíamos ouvir com tantas desculpas.
Estava bom, estava muitíssimo bom, estava óptimo, só que... nem por isso sabia lá muito a caril, a questão era essa. A Mad, espírito prático, arrumou a questão numa penada: «Não sabe a caril, acabou! Mas é um óptimo guisado de gambas!».
E era mesmo (todas repetimos). Quanto à mousse de chocolate (exactamente com a consistência de que gosto, quase uma marquise), nem se fala. Alambazámos!
As Cell Blog Chicks acolheram no seu seio mais um elemento, a Sofia, que só não veio ao último jantar pela enorme diferença de idades. Não se notou nada, estava tão integrada e à vontade como se, em vez de poder ser filha de qualquer uma de nós, já tivesse chegado ao patamar em que, por melhores que ainda sejam as pernas, já não se deve usar uma minissaia.
A noite (noitada!) correu como seria de esperar. Pude confirmar o fabuloso e cortante sentido de humor da Mad (dealer de Herbalife, como concluímos de maneira definitiva, ainda durante do jantar - dessa nunca mais te livras, filha...), incisivo, corrosivo, em piadinhas secas ditas no instante exacto. Entre ela e a Rosarinho faz-se a festa toda...
Saímos de lá passava das três da manhã. Se não ficámos mais tempo foi por minha culpa, que tinha encontro marcado para arrancar às oito da manhã seguinte para... o Porto.
2. As Quatro Cangalheiras do Apocalipse mais o seu Coveiro
O Coveiro estava em Portugal, tinha-nos convidado para almoçar no Porto. Por causa do jantar de poucas horas antes, e não fosse o facto de gostar tanto de todos, bem me apeteceria inventar desculpa para não ir. Claro que não o fiz. Às oito em ponto a Famosa apanhou-me a meio caminho (moramos pertíssimo e eu continuava sem carro, claro), para nos reunirmos à Excomungada e sua Diabbinha e seguirmos caminho para a Nortelândia. E era uma ocasião importante: era a primeira vez que a confraria reunia por inteiro!
Não ia ao Porto há uns anos. Confirmei que é uma cidade linda, com uma nobreza toda especial, granítica e em patines de cinza, nalguns pontos a fazer-me lembrar Madrid, pela monumentalidade. Eu tinha feito um pedido: queria ir à celebérrima Livraria Lello, foi lá que nos encontrámos. Linda, linda, linda! Um templo de leitura, um sítio para deixar o coração.
Almoçámos magnificamente na Ribeira, em nossa honra o Sol descobriu-se (tínhamos levado com muita chuva na viagem), fomos a seguir comer um gelado a outro sítio de rigueur, a Gelataria Sincelo. Fabulosos, eu nem sabia por que combinação optar. O empregado, um amor, ia-me galantemente oferecendo sucessivas colherinhas dos diversos sabores que só me dificultavam ainda mais a escolha.
Soube a pouco. A companhia, entenda-se, que os gelados... já foram coisa excessiva. A Emigra está a ficar elegantíssima, e tem aquela coisa de nos matar a todas de inveja, uma pele maravilhosa, translúcida, puríssima. A repetir brevemente, espero, quero conhecer melhor a mui nobre e invicta cidade, guiada por estas pessoas que tão bem a conhecem.
Último apontamento: a Sofia. Quem me conhece melhor sabe que não morro de amores por crianças, a minha reacção inicial a elas é sempre cautelosa e reticente. Antes de começarem a pensar lapidar-me, vai uma explicação: não suporto miúdos malcriados, nunca suportei, é esse o problema. Tenho duas sobrinhas exemplarmente educadas, e elas são para mim o padrão.
Ora a Sofia não desmerece. Aqueles quatro anos tenrinhos, acabados de fazer, são adoráveis. Numa viagem que até a nós maçou, debaixo de chuva, não fez uma única vez nenhuma da clássicas perguntas (children will be children) que todos conhecemos, e que normalmente começamos a ouvir cinco minutos depois de o carro se ter feito à estrada: «Falta muito?» ou «Já chegámos?»
Nos últimos quilómetros, já perto do Porto, a Sofia começou a ficar impaciente, e também isso foi bonito de ver: a maneira como a Excomungada lidou com o assunto. Carinhosa de enternecer, mas firme, sensata, no registo ao qual as crianças respondem automaticamente. Uma grande educadora, digo-vos eu. O comportamento da Sofia foi sempre impecável (também houve cedências dos crescidos, claro, autorizadas pela Mãe, em plena Ribeira brincámos aos patinhos e fomos todos em fila indiana atrás dela, seguindo obedientemente as voltas caprichosas que ela entendia dar), uma criança feliz, equilibrada e alegre, a dar-se naturalmente bem com toda a gente, a fazer-me voltar um pouco à pena (já resolvida) de não ter filhos - tenho os dos outros por empréstimo. Se eu não estivesse já completamente conquistada por ela, o gesto da Sofia a reclamar a minha mão na recta final da viagem de regresso ter-me-ia derretido o coração até aos ossos. Nada confortável para mim, reconheço, com ela instalada na sua cadeirinha. Mas a ternura daquela mão tão pequenina, macia e meiga fechada na minha mão grande!
Destaque para o letreiro do outro lado da rua: Nortelândia.
O qe é que tens a esconder puta?
ResponderEliminarAs outras aparecem e tu não.
Nem com a cara pintada de amarelo.
Como é que alguém pode ser tão vil, anónimo?
ResponderEliminarÉ tão fácil escondermo-nos atrás do anonimato e destilar veneno. Cuidado um dia destes trinca a língua.
Desculpa T. comento amanhã. Hoje não é um bom dia, depois do que li acima.
ResponderEliminarbeijo grande para ti (de enxofre claro)
Anónimo,
ResponderEliminarNão apago o seu comentário feio porque sou suficientemente crescidinha para ler palavras feias, mesmo não gostando nada delas.
Também podia ignorá-lo, já que chegou aqui com a única intenção (falhada) de ferir e insultar.
Em vez disso, vou responder-lhe:
Não tendo nada a esconder, também não sou pessoa de se exibir, coisa que estendo aos que me são queridos - fará o favor de reparar que todas as caras estão democraticamente tapadas com o mesmo bonequinho amarelo. As minhas amigas são, curiosamente, TODAS elas, mulheres muito bonitas. Tal como eu (que não sou), não têm qualquer necessidade de afirmação a traduzir-se em acessos de exibicionismo.
A resposta à sua pergunta geba é tão simples que faz lembrar a história do ovo de Colombo... é que sou sempre eu a segurar a câmara e a tirar as fotografias.
Sei que não sai daqui mais contente, porque pessoas como o senhor (note a minúscula) nunca ficarão contentes com nada, tirando talvez fazer mal. Perdeu o seu tempo, fez-me perder o meu, que destinava a responder a comentários anteriores de pessoas merecedoras de respeito, consideração e estima - quando não afecto. Mas respondi. E sem apagar a sua boçalidade cretina.
Diabba,
ResponderEliminarNão te incomodes, que eu também não.
Parvoíces destas deslizam por mim como água pelas penas de um pato.
Beijo enorme.
Bem... o post está tão lindo que nem o anónimo invejoso o estragou! Achaste que era senhor... eu acho que é coisa típica de mulher com uma dor de cotovelo gigante... daquelas que tu irritas tão bem e ficam a vida toda a remoer os gozos que tu lhes dás.
ResponderEliminarAs CBC parecem ser o máximo!
Quanto ao nosso almoço, adorei... até o lagareiro adulterado estava excelentemente executado! E o senhor dos gelados (que é o próprio que os produz também) vai ficar todo babado com os teus elogios. Estou aqui toda babada com as palavras tuas e honra de foto... mas com o gelado de ontem, e os pedaços de "famosa" que papei hoje... lá se vai a linha! :D
A Sofia... que mais acrescentar? Um amorzinho! Linda linda linda! :D Fiquei feliz de finalmente conhecer o nosso querido Coveiro, e agora só para a inveja, fiquem sabendo que ainda fui tomar café com ele a seguir! ehehehe
Claro que estás "convidadérrima" para passar aqui um fim de semana completo, com tour detalhada. Mas deixemos o tempo aquecer... ficou um gelo desgraçado mal vocês partiram!
Beijos fofa, Páscoa Feliz!
Teresa, fiquei muito feliz com o vosso admirável esforço e sacrifício. Fazer 600km num dia para um almoço, foi um acto que muito me honrou e prova a qualidade humana e a beleza das pessoas que vamos encontrando por aqui.
ResponderEliminarFoi um excelente almoço, na minha opinião, mais pela companhia do que pela comida. Ainda assim, foi muito agradável e para repetir aqui ou aí.
E acima de tudo, deixo aqui a todas vós, cangalheiras, e a quem se lembrou de me mandar um beijinho, um carinho muito especial porque, apesar de não falarmos no assunto, senti-me confortado e confortável e muito bem disposto.
E isso, só pessoas com grande coração, me podem dar.
Um beijo grande.
Querida,
ResponderEliminarEstava um gelo desgraçado quando nos separámos! Um vento agreste a fazer-nos apressar as despedidas na rua, tu e o Coveiro já a caminho de um café noutro sítio.
Amei, o Porto é lindo (coisa que sempre achei, mas sou suspeita, entre outras coisas... sou a fã n.º 1 de Júlio Dinis, escritor tão injustiçado (uma Jane Austen masculina e portuguesa, e Jane Austen é uma das "mulheres da minha vida"), gostei de ver que a cidade o tinha homenageado (vi o busto).
Soube a pouco, repito.
Balaia em Setembro.
Gosto tanto deste grupo!
E sim, as CBC são especiais - posso não ter qualidades de maior... mas sei escolher pessoas.
Beijo enorme.
Que coisa ternurenta! :)
ResponderEliminarQuerido Coveiro, enquanto eu ainda estava a responder à nossa Emigra entrou o comentário de outro membro da confraria - tu! E começa a haver intersecções, estou a ver que ainda acabamos por fazer jantares de fusão - não confundir com cozinha de fusão, mesmo sendo eu grande adepta dela -, já falei bastante de cada um dos membros deste nosso grupo ao meu outro grupo. Daí o tal beijinho de quem era sabedora de que eu ia estar contigo.
Soube a pouco e houve coisas por dizer, era inevitável. Custou-me que algumas delas fossem muito importantes, tu sabes. Fica o afecto, quando vieres agora a Lisboa cozinhamos um encontro "de fusão", quem sabe?
Grande beijo, que estendo (sempre!) à cara-metade.
P.S. Ó Coveiro, agora estou melindrada!!
ResponderEliminarNão comentaste a música deste post!!!
Já tenho mais um livro de Patrick Barbier...
O livro é... La Malibran - Reine de l'Opéra Romantique.
ResponderEliminarDeixei-te a salivar? Ainda bem!!
À parte de coisas que me põe incrivelmente triste, independentemente das motivações subjacentes, não quero deixar de comentar as belíssimas ilustrações da cidade do meu coração.
ResponderEliminarCom muita pena minha não estavamos cá para nos juntarmos a vós na Sincelo, esse ícone portuense da sobremesa.
Ah! E a mesa da Ana está rigorosamente i-m-p-e-c-á-v-e-l!
À parte de coisas que me põe incrivelmente triste, independentemente das motivações subjacentes, não quero deixar de comentar as belíssimas ilustrações da cidade do meu coração.
ResponderEliminarCom muita pena minha não estavamos cá para nos juntarmos a vós na Sincelo, esse ícone portuense da sobremesa.
Ah! E a mesa da Ana está rigorosamente i-m-p-e-c-á-v-e-l!
Alf,
ResponderEliminarParte 2 (não mencionemos a outra, que não vale a pena): outras ocasiões haverá, tu e a Nani estão marcados como some of our favourite people, seja aí ou cá.
Parte 3: Claro que a mesa da Ana está rigorosamente i-m-p-e-c-á-v-e-l. Nem se podia esperar coisa diferente. :)
Qualidade humana, meu amigo, qualidade humana...
Diz lá... a nossa tertúlia pós-opíparo jantar não vos deixou a salivar? ;)
Completamente!
ResponderEliminarO pior dessas tertúlias é que, no fim, nunca estou em condições de ir para lado nenhum.
Ou o anfitrião disponibiliza os aposentos ou o hotel mais próximo tem que ser em "walking distance"...
Não vou desvelar o segredo... espera pelas fotografias do almoço no terraço (tem de ser almoço, e quanto antes, enquanto os plátanos não se enchem de folhas e comprometem a vista de cortar a respiração) que a Ana já nos prometeu...
ResponderEliminarVários hotéis (ou quase) walking distance, não te preocupes... :)
Alf, não sei porquê, mas essa alusão à mesa i-m-p-e-c-á-v-e-l da Ana, fez-me lembrar um comentário a umas embalagens de gelado em cima doutra mesa...
ResponderEliminar;-)
Olha nós!
ResponderEliminarOlha a minha mesa (obrigada, Alf), antes do guisadinho de gambas fazer a sua entrada triunfal! Valeu-me a mousse, que salvou a honra do convento...
Fora o "comer" (prometo um magret de pato, para a próxima, mais a "condezer" com a categoria das CBC) foi uma noitada divertida, com muita conversa e muita risota. Como nós gostamos, não é?
E vejo que o almocinho tripeiro com o clube mortuário também valeu a viagem. Ficamos à espera de uma comemoração em forma, todos juntos, e de preferência antes do Juízo Final...
Beijos e até ao próximo almoço.
PS: A criatura anónima mete dó, de tão roída de inveja que está de tudo isto...
Hum... Não estou a ver tcl...
ResponderEliminarA menina é loira???
LOL!
ResponderEliminarDevo dizer em defesa da TCL que a linda mesa da Ana, quando nos levantámos, já tinha um ar diferente, muito diferente...
Teresa, linda entrada esta, a combinar bons sentimentos e momentos felizes de distinta natureza... Vejo que a Páscoa foi boa, ainda bem! Quero transmitir-te total solidariedade contra anónim@s cobardes. Aqui há tempos, ainda antes do codornizes, também tive a minha dose de gatos escondidos com o rabo de fora e sei que não mata mas mói. Beijinhos!
ResponderEliminarOlha as gaijas! Diz lá que a minha maninha não recebe bem! É mal de família, pois claro.
ResponderEliminarQuanto à má onde ali de cima, já estou como a Aenima: parece dor de corno (e pardon my french, mas eu sou ribatejana).
Adorei o jantar, escusado será dizer. E não sabia que ias almoçar com a malta do Thriller, senão tinha mandado também umas beijocas para o Coveiro e para a Diabba, que são os que conheço melhor.
Beijos.
PS - Primeiro mercenária, agora dealer??? Não te estás a esticar, não? ;)
Confirmo que o jantar, caril ou não, e a conversa foram excelentes. E a mousse, hummmm... E não há dúvida: ficamos todas lindas mascaradas de SMILE amarelo!
ResponderEliminarBjs
Eu, ao contrário do infeliz anónimo, confesso minha inveja (boa, no meu caso) de não poder estar num ou noutro grupo, de pessoas inteligentes, alegres e de bem com a vida, portanto o smiley tão bem cai, ao simplesmente protegê-las de figurinhas non gratas como o sujeito, ou a sujeita de cima, para o(a) qual aqueles selinhos que criei caberiam tão bem, né, Teresa?
ResponderEliminarMas no meu caso não seriam 6 horas de carro e sim 9 a 10 de avião só para tocar em solo português... :o( uma pena... Os relatos no entanto, me fazem participar à minha forma, e fico feliz por ver grupos tão formidáveis formarem-se por pura afinidade; é aquela "tal" sintonia. Beijo enorme, krida!
Devo dizer que a peripécia com o caril tb me é familiar. Das vezes que comprei caris (dir-se-á assim?) xpto, devo confessar que nenhum conseguiu o imbatível caril da marca Globo, bem como o leite de coco, da mesma marca. E não, não tenho acções na empresa!
ResponderEliminarOlha o meu limãozinho também já aparece na internet! Tão lindo! Sai à mãe, claro!
ResponderEliminarTambém adorei o guisadinho de gambas, mas acredita que a bolognese também estava óptima e sabia mesmo a bolognese! LOL
Gostei muito de conhecer as Teresas!
beijinhos miúdas