domingo, 4 de novembro de 2007

Sleeping Beauty

Agripina Germânica (Agripininha ou simplesmente Agri, para os íntimos) ontem de manhã. Vulnerável, inocente, confiante.



Gosto mais de bichos (acho tão ternurento chamar-lhes assim) do que da maior parte das pessoas. E notem que as minhas pessoas são de grande qualidade! - o pior são as outras. Correndo o risco de ter um coro indignado de protestos, vou mais longe: numa situação de perigo, numa situação de catástrofe, a minha principal preocupação são sempre eles, os pequeninos, os mais indefesos. Com os humanos já há gente suficiente a preocupar-se. Eu penso nestes. Ah! Se eu tivesse uma varinha de condão!... Seria esta a CAUSA da minha vida. Já é, mas numa dimensão tão insignificante!

Motivo de angústia permanente é o facto de Messalina Valéria (Messy) já estar com 13 anos. Até quando? E é uma gatinha com uma insuficiência renal crónica (não, gatos não podem fazer hemodiálise), todos os dias tem de tomar medicamentos e submeter-se a uma dieta rígida, baixa em proteínas (um dos rins deixou de funcionar há quatro anos, processar a comida com um único rim é muito violento), a princípio tive de aprender a picá-la e dar-lhe soro todos os dias, uma tortura para mim.

Para expulsar os demónios, vou pôr aqui uma música bem alegre, bem tonta, bem de acordo com a tontice natural de Agri. Anything Goes*, do grande Cole Porter, no fabuloso musical homónimo. Podia ser a divisa de Agri... tão adoravelmente tonta!

* Cantado pela extraordinária Patti Lupone
(que já tive a felicidade de ver em palco, infelizmente não aqui, se bem que tenha visto esta produção na transposição para Londres, numa noite de puro êxtase). Patti Lupone é a inesquecível Fantine do Les Misérables, nenhuma se lhe compara no papel.

Now playing: Anything Goes - Patty Lupone
(click to listen)

Nota à margem: a célebre frase do activista Malcolm X ("We didn't land on Plymouth Rock - that rock landed on us") não é original. Foi tirada desta música, mais de 30 anos mais velha. Anything Goes é de 1934.

7 comentários:

  1. Que bela soneca...
    Há muito tempo que não te víamos, Agripina!
    Aproveita bem a companhia da Messalina. Afinal, o importante é ter uma vida feliz, não é?

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  2. Pois, "sofro" do mesmo. E estou-me nas tintas para o que as pessoas pensam disso. Belo post! Welcome back.
    Beijo grande

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  3. Van Dog,
    A minha vida tem andado muito (começo a achar que demasiado) preenchida pelo trabalho. Aos poucos estou a tentar pôr a conversa em dia aqui e a revisitar os vossos blogues. E claro que já fui ao teu. Ainda ontem (por caso não comentei).
    Beijo enorme.

    Maria Eskisita,
    Eu sei, já tínhamos falado disto. Que outra coisa se pode esperar de pessoas que, como nós, às vezes até com algum sacrifício, têm mais do que um animalA verdade é que são uma das grandes alegrias da nossa vida. E a minha "afilhada", como está? (eu vi o filme, claro... de morrer a rir!)
    Beijo grande.

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  4. Messy ainda precisa de soro diariamente? Foi so essa fase ha anos atras, nao e'?

    Nao te preocupes fofinha... ela esta saudavel agora e ha de viver muitos anos com esses cuidados todos que lhe das.

    A minha pigguinha (Geropiga Maria) tb ja esta com 13 anos e muito muito velhinha. Cheia de reumatismo. Mas e' uma cocker spaniel... e estes bichinhos tem sempre muitos problemitas de saude. Fico doente so de pensar que ela tambem ja esta a perder qualidade de vida a passos largos.

    Beijinhos!

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  5. AEnima (Possum!),
    Não, Messy estabilizou. Toma três medicamentos diferentes todos os dias. Mas cada dia é uma bênção. Se o outro rim falhar..
    Está no meu colo neste momento, e eu comovo-me mais uma vez da imensa capacidade de amor que há neste serzinho que me é tão querido. Elle ne me quitte pas d'un pas, / Fidèle comme une ombre - frase de uma das músicas da minha vida que a descreve na perfeição.

    Um grande beijo.

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  6. Observo, com admiração, por entre dois goles da minha caipirinha, a dedicação que ela revela pelo seu Óscar, um desses cães de exposições...e lanço:
    - Mila, se tivesses que decidir entre a vida de um desconhecido com que te cruzavas anonimamente na rua e a do Óscar, o que fazias?...
    - Obviamente que optava pela vida do Óscar!... Quero lá saber do gajo, que nem sequer conheço!...
    E agora quem é o Homem da relação?

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  7. A4,
    Passaste-te? :) Ou foi a caipirinha que te assentou mal?
    Beijo.

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