Charles Aznavour - Non, Je N'Ai Rien Oublié
Casado, ele? Não, gosta da sua liberdade. E, só entre eles, talvez não tenha encontrado a mulher da sua vida. Sugere que vão beber qualquer coisa, quer saber dela. Em que ocupa os dias? Vive sozinha em Paris? Mas então… o tal casamento?
Ao princípio nem sabe bem o que dizer, tantas as lembranças que o assaltam, é todo um passado que volta. A conversa prolonga-se, é irresistível relembrar o amor que foi tão grande, a ruptura incompreensível, o sofrimento dele, o muito tempo que levou até conseguir conformar-se. E não, ele não esqueceu nada.
O tempo voa, o café já vai fechar. Ele quer prolongar ainda o momento, tê-la ainda mais um pouco, acompanha-a pelas ruas mortas.
Fez-lhe bem, aquele reencontro, sente-se diferente, um pouco mais leve, às vezes precisamos mesmo de um banho de adolescência... E é tão doce voltar ao passado...
E vem o pedido tímido, entrecortado, cheio de hesitações. Gostava... enfim, se ela quiser... sem querer pressioná-la… de voltar a vê-la... enfim… se for possível... se ela tiver vontade... se ela estiver disponível. Se ela nada tiver esquecido. Como ele, que não esqueceu nada.
O primeiro amor, numa maravilhosa evocação de Charles Aznavour. Que nos traz, a todos nós, inevitavelmente, a lembrança de um rapaz ou de uma rapariga da nossa adolescência, o nosso primeiro amor.
Lembrei-me de um texto magnífico de Miguel Esteves Cardoso, no seu livro Os Meus Problemas, de 1988. Chama-se justamente O Primeiro Amor. Continua a encantar-me, como tenho a certeza de que vos encantará. Podem lê-lo aqui.
Há coisas que nunca se esquecem. E escolhi esta música porque me lembrei há pouco, ao reparar na data, que faz hoje anos que começou o meu primeiro amor – muitos anos. Talvez ele também se lembre. Nunca se esquece, não é?
NON, JE N'AI RIEN OUBLIÉ (1972) | |
Je n'aurais jamais cru qu'on se rencontrerait Je souris malgré moi, rien quà te regarder Marié, moi? Alons, donc, je n'en ai nulle envie Que fais-tu de tes jours? Est-tu riche et comblée? Qui m'aurait dit qu'un jour, sans l'avoir provoqué Je ne sais trop que dire, ni par où commencer | A l'age où je portais mon amour pour toute arme J'ai voulu te revoir mais tu étais cloîtrée L'heure court et déjà le café va fermer Chaque saison était notre saison d'aimer Cela m'a fait du bien de sentir ta présence Je voudrais, si tu veux, sans vouloir te forcer |
olá!
ResponderEliminarcomo é bom recordar o Charles:)
bom fim-de-semana***
paula e rui lima
é verdade... fica sempre alguma coisa... que nos prende naquela lembrança...
ResponderEliminarque será??? ficamos sempre com um carinho especial por aquele amor...
será a questão do mal resolvido??
não sei...mas que fica algo... fica...
Beijos
Música do ano em que eu nasci... confesso que não conhecia.
ResponderEliminarUm beijo, Teresa, e um excelente FDS!
Nunca se esquece. Por mais força que façamos, por mais tempo que passemos sem nos lembrar acabamos sempre por nos apercebermos que nunca esquecemos. Tenho a certeza que também ele não (te) esquece.
ResponderEliminarHoje estou assim... nostálgica, deve ser do tempo.
Beijos, Teresa :)
Paula e Rui (Dupont & Dupond),
ResponderEliminarResolvi prestar-lhe uma semana inteirinha de homenagem, com uma música diferente todos os dias. Acham bem?
Um beijo aos dois e bom fim-de-semana.
Peste,
Não me parece que seja uma questão de coisas mal reslvidas. O que acho é que temos saudades de nós num tempo em que ainda havia em nós uma enorme inocência e ainda acreditávamos em para sempre.
Leste o texto do MEC? Olha que vale mesmo a pena.
Grande beijo.
Rafeiro,
ResponderEliminarEntão ainda não levaste umas valentes vassouradas da tua jove por causa do post provocador? Com aquela denúncia d Diabba ela deve ter dado contigo com toda a facilidade!
Tenho mais músicas do Aznavour deste ano para pôr aqui. Pelo menos uma tem de entrar, é obrigatória.
Bom fim-e-semana e beijo grande.
Thunderlady,
O tempo pode aumentar a propensão para a nostalgia, sim.
Mas este caso foi diferente. Eu já tinha agendada uma semana Aznavour (esta já é a 4.ª música) e a música que deveria tocar aqui hoje até era outra - Que c'Est Triste Venise. Acontece apenas que ao preparar o post reparei na data e achei graça. Claro que esta canção entraria sempre, é obrigatória,
Beijo grande!
Querida Teresa,
ResponderEliminarMais um post fantástico, sobre o tema não vou dizer nada pois tudo foi já dito e o que é bom dispensa palavras basta ouvir e sonhar.
Beijos
Teresa,
ResponderEliminarfoi uma querida em ter tirado as lentes de contacto verdes à pantera Teodora, para podermos admirar a beleza dos seus ternos olhos âmbar!
até esta lindíssima canção do C.A. me soa mais melancólica..
não porque me recorde o meu primeiro amor, mas porque me faz sentir saudades do futuro (amor?)
só sei que nada sei.
(nem sei se já recebeu o correio..)
beijo grande
Querido António,
ResponderEliminarPois é... que mais haverá a dizer?
Eu até deveria limitar-me a pôr aqui as músicas. Acontece que cada vez vai havendo menos gente que saiba francês, daí que me tenha parecido necessário apresentar as canções e explicar por alto do que falavam, já que os poemas são tão carregados de significado.
Esta é a Semana Aznavour na Gota, pronto!
Um beijo e bom fim-de-semana.
Querida Kuskinha,
Estou sem palavaras!!
Quando me falou em correio, eu achei naturalmente que se referia a correio electrónico. Ora a minha caixa da netcabo está com a travadinha desde ontem de manhã, tenho estado a usar a do gmail. Quando voltou a falar nisso estranhei. E isso fez-me pensar que há uns bons dias não via o correio. Para começar entro pela garagem, e a caixa é no exterior. E como ninguém me escreve e aquela caixa só me dá desgostos (conta e mais contas), mantenho com ela o mínimo de contacto indispensável.
Fui lá abaixo. Ó Kuska, que amor! Muito, muito obrigada! Fiquei tão sensibilizada! Já está ali à cabeceira, a prometer-me leitura para quando me deitar. ADOREI!
Gostou então da Teodora? É uma beldade, não é?
Um grande beijo e, mais uma vez, MUITO OBRIGADA!
Bom fim-de-semana.
O meu pc morreu no fds, por isso li todos os post Aznavour agora.
ResponderEliminarO amor...não me vou pronunciar. Existe um texto recente do MEC em que ele insulta o que nós fazemos ao amor nos dias de hoje. Também é muito bom.
http://coisasimplesepequenas.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
Procura o post "O último romântico"
Eskisito,
ResponderEliminarJá li, obrigada (tive de o colar num documento de word, a leitura é quase impossível no blogue, por causa das imagens em pano de fundo, talvez alguém devesse alertar a dona para o facto).
Muito bom, sim. Mas com (ou sem) aquele qualquer coisa que faz que a escrita dele, MEC, tenha perdido o brilho de outros tempos, há mais de vinte anos, quando eu ao sábado saía de casa de propósito para comprar o Expresso só por causa da coluna dele.
Não sei explicar. Mas sinto.