Charles Aznavour - Et Pourtant
Esta está seguramente entre as minhas cinco grandes favoritas. Nunca consegui esgotá-la, o que diz muito da sua qualidade. Sim, há músicas que podemos esgotar, de tanto as ouvir. Não foram poucas aquelas com que isso me aconteceu.
Mais uma típica música de bravata ou, como eu costumo dizer, música de há-des ver, mula! (a grafia é deliberada, descansem, é a minha paródia pessoal a uma forma verbal estropiada, inexistente e boçal, que já ouvi a muito boa gente).
Aznavour proclama à mulher que o deixou que um belo dia que vai acordar a sentir-se diferente, que sem remorsos ou arrependimentos vai partir para nunca mais voltar, que vai esquecer tudo que a ela diz respeito, até a voz. Et pourtant... (nota importante: pourtant, em francês, quer dizer porém, contudo, todavia...)
E continua, sempre no mesmo tom, a desfiar todas as novas coisas que vai fazer, sentir e viver quando finalmente estiver livre do fantasma dela. O que, pela paixão-quase-raiva com que canta, está obviamente ainda longe de acontecer.
O maravilhoso Olhos nos Olhos do grande Chico Buarque (cantado no feminino, podem ouvir aqui) retoma este tema. Outras palavras a vestirem a mesma ânsia de não dar parte de fraco, de não mostrar ao outro como se sofre. Dois verdadeiros poetas. Porque os verdadeiros poetas são aqueles que conseguem dizer por lindas palavras suas os sentimentos de toda a gente.
Paula e Rui Lima: este vídeo, que encontrei no Youtube, é justamente a cena final do Cherchez l'Idole de que vous falei.
Mais uma típica música de bravata ou, como eu costumo dizer, música de há-des ver, mula! (a grafia é deliberada, descansem, é a minha paródia pessoal a uma forma verbal estropiada, inexistente e boçal, que já ouvi a muito boa gente).
Aznavour proclama à mulher que o deixou que um belo dia que vai acordar a sentir-se diferente, que sem remorsos ou arrependimentos vai partir para nunca mais voltar, que vai esquecer tudo que a ela diz respeito, até a voz. Et pourtant... (nota importante: pourtant, em francês, quer dizer porém, contudo, todavia...)
E continua, sempre no mesmo tom, a desfiar todas as novas coisas que vai fazer, sentir e viver quando finalmente estiver livre do fantasma dela. O que, pela paixão-quase-raiva com que canta, está obviamente ainda longe de acontecer.
O maravilhoso Olhos nos Olhos do grande Chico Buarque (cantado no feminino, podem ouvir aqui) retoma este tema. Outras palavras a vestirem a mesma ânsia de não dar parte de fraco, de não mostrar ao outro como se sofre. Dois verdadeiros poetas. Porque os verdadeiros poetas são aqueles que conseguem dizer por lindas palavras suas os sentimentos de toda a gente.
ET POURTANT (1963) | ||
Un beau matin je sais que je m'éveillerai | Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | |
Différemment de tous les autres jours | Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | |
Et mon cœur délivré enfin de notre amour | Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | |
Et pourtant, et pourtant | Et pourtant | |
Sans un remords, sans un regret je partirai | ||
Droit devant moi sans espoir de retour | Il faudra bien que je retrouve ma raison | |
Loin des yeux loin du cœur j'oublierai pour toujours | Mon insouciance et mes élans de joie | |
Et ton cœur et tes bras, et ta voix, mon amour | Que je parte à jamais pour échapper à toi | |
Dans d'autres bras quand j'oublirai jusqu'à ton nom | ||
Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | Quand je pourrai repenser l'avenir | |
Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | Tu deviendras pour moi qu'un lointain souvenir | |
Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | Quand mon mal et ma peur | |
Et pourtant | Et mes pleurs vont finir | |
J'arracherai sans une larme, sans un cri | Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | |
Les liens secrets qui déchirent ma peau | Et pourtant, pourtant, je n'aime que toi | |
Me libérant de toi pour trouver le repos | ||
Et pourtant, et pourtant | ||
Je marcherai vers d'autres cieux, d'autres pays | ||
En oubliant ta cruelle froideur | ||
Les mains pleines d'amour j'offrirai au bonheur | ||
Et les jour et les nuits, et la vie de mon cœur |
Paula e Rui Lima: este vídeo, que encontrei no Youtube, é justamente a cena final do Cherchez l'Idole de que vous falei.
Mas, o homem sofre sempre no final.
ResponderEliminarSe não se sofre quando se perde um amor... é porque ele não era lá grande coisa, não é?
ResponderEliminarE só os grandes amores merecem ser cantados.
olá teresa!
ResponderEliminarobrigado:)
por aqui mora a magia: a voz, as palavras e as imagens...adorámos!!!
beijinhos
paula e rui lima
Querida Teresa,
ResponderEliminarPelo que me parece a minha amiga está revisitando o álbum das memórias, da música e não só he he he ou será que anda o amor no ar da Primavera e a Teresa foi contagiada? Seja porque motivo for há música que é eterna e renasce em cada Primavera das nossas vidas.
Beijos
Paula e Rui Lima,
ResponderEliminarAinda bem que gostaram! :)
Querido Afgane,
Nada disso, nada disso!
Tão-somente a minha homenagem pessoal a este senhor. Que acaba hoje, não quero correr o risco de as pessoas começarem a enjoar Aznavour. Como deve calcular, poderia ainda pôr bastantes músicas...
Beijos!
olá Teresa,
ResponderEliminare que tal para terminar a semana Aznavour em beleza, proporcionar-nos um extra - Les Plaisirs Demodés!
muito gosto eu de me sentir embalada pela voz, as palavras e a música de Dansons, joue contre joue...
coisas de jovem inconsciente!!!
beijo grande
Kuska,
ResponderEliminarEstá prometido, o Les Plaisirs Démodés toca aqui amanhã. E conhece a versão inglesa (naquela adorável pronúncia)? Dance in the Old-fashioned Way...
Beijos.
então não havia de conhecer????!!!
ResponderEliminarcuriosa a leve mudança de ritmo quando cantada em ingês...já não falando no sotaque!
ó Teresa, por um pouco o seu blog parece o programa Discos Pedidos, não vou abusar mais ;0)
xxx
Pode abusar, Kuska, pode abusar que eu gosto...
ResponderEliminarNunca a hospitalidade será palavra vã neste blogue.
E há tantas músicas dele que não pus... Que c'Est Triste Venise, La Mama, Mes Emmerdes, Mourir d'Aimer, Enmène-Moi (com aquela frase linda, il me semble que la misère serait moins pénible au soleil), Camaradae, She... e, principalmente, Tu t'Laisses Aller e aquele retrato arrepiante de um casamento...
Beijo grande.
P.S. Como já disse ao Afgane, estou sem caixa postal da netcabo. O meu endereço gmail é ifual, só que com um ponto entre nome e apelido. Posso além do mais enviar-lhe as músicas todas por mail.
Beijo grande.
Eu não o conhecia, mas agora fiquei curioso... vou procurar mais coisas sobre a obra desse artista...
ResponderEliminarAbraços brasileiros!
Mais uma música para sacar do E-mule ^-^
ResponderEliminarobrigada pela partilha
beijinhos
Só o significado da letra já me toca tanto... Tu sabes porquê e foi por isso que também me deste a conhecer esta há muito tempo... :) Um beijo enorme, Teresa querida.
ResponderEliminarTeresa
ResponderEliminarlinda menina, prometeu cumpriu!
tenho estado a deliciar-me com Les Plaisirs Demodés, imaginando-me numa soirée dançante, a bordo de um qualquer Love Boat!
" les époques changent. l'amour reste."
felizmente há coisas que nunca mudam ;0)
grande beijinho para si.
Tomo nota do teu gosto pelo Aznavour. Menino e moço, a muitos milhares de quilómetros, assisti a um concerto dele. Foi espantoso, em palco excedia tudo o que podia imaginar.
ResponderEliminarDe novo obrigado. Quando puseres a sinfonia, se puderes dá-me um toque sff.
Maria,
ResponderEliminarDuvido que consigas encontrá-la no E-mule... SE não conseguires pede, que eu mando-ta. Estas e outras dele que possas querer.
Beijinho.
Carlinha,
A letra é poderosa, não é?
Se a memória não me falha ia-te entupindo a caixa postal com música dele. E ainda não estás lá, pelo que tenho percebido...
Beijo enorme.
Kuska,
ResponderEliminarPois claro, eu sou assim.
E ainda resolvi pôr aqui hoje mais esta, com mais um soberbo poema.
Les musées, les églises
Ouvrent en vain leurs portes
Inutile beauté
Devant nos yeux déçus...
Lembra-se do La Plus Belle pour Aller Danser, da Sylvie Vartan? Descobri há dias que a letra também é... dele!
Tenho a impressão de que nos próximos tempos vou tentar dar a conhecer aqui alguma música francesa antiga...
Beijo grande.
Erecteu,
ResponderEliminarTer assistido a um concerto dele mata-me de inveja!
Li ontem num site qualquer que ele foi eleito O Artista do séc. XX (à frente do Elvis...) numa votação qualquer em que até a CNN entrou.
Vou já tratar da sinfonia, e parece-me que a minha intuição não me engana: queres a 40.ª, e não a 4.ª! Como é que sei? Ora, conheço Mozart muito bem, e a 40.ª sinfonia foi justamente o primeiro disco que comprei em toda a minha vida, nesta mesma gravação do Leonard Bernstein com a Filarmónica de Viena, uma das maiores orquestras do mundo.Ainda hoje é com ela que estreio qualquer aparelhagem.
Um beijo.
Se puderes, claro, esclarece-me se Agripina te é familiar.
ResponderEliminarTenho um mail: erecteu@gmail.com
gravei um cd do mozart, edição do Independente, sinfonias nº 39 em Mi bemol e Sinfonia nº 29 em Lá maior K201. Há um "mistério" que não sei resolver e não queria ser responsavel pela sua divulgação no imeem. Se puderes manda-me forma de te remeter os ficheiros, tá?
Erecteu,
ResponderEliminarSim... "Agripina" diz-me alguma coisa, para não dizer muito... :)
Já seguiu mail, vamos lá deslindar esse mistério!
Teresa,
ResponderEliminarvai-se meter numa grande empreitada! a música de expressão francesa dos anos gloriosos tem artistas para todos os gostos: desde Adamo, até Jacques Brel. não esquecendo Serge Régianni (que eu adoro), George Brassens,Leo Ferré ( outro no meu pedestal), assim de repente e que me lembre.
Na versão feminina a grande rival de Françoise Hardy - Silvie Vartan e por aí fora...não esquecer Jane Birkin a musa de Serge Gainsbourg!
Enfim, não andei com eles na escola, mas quase...
beijinho
Kuska,
ResponderEliminarPois é, mas vale a pena, não acha?
Digamos como Fernando Pessoa: Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce....
E como tenho encontrado relíquias autênticas no Youtube... calha bem.
Temos os pesos pesados, os casos sérios como Brel, Régianni, Brassens, Ferré, Moustaki, etc... E temos as coisas levezinhas. Eu gosto de todas, cada uma à sua maneira.
Beijinho.
Vai já outra a seguir.