sábado, 18 de janeiro de 2014

Mais vale que se vão os anéis

Uma coisa que muito me intriga nas nossas féxionistas, quando nos estonteiam com as suas composições de vestuário diárias, é a insistência em mostrar-nos mãos gordalhufas de dedos curtos e grossos enfeitadas com anéis ciclópicos que tapam toda a falange (o que, de resto, não é difícil), não sendo raro também que salte à vista que o verniz de gel clama aos gritos por nova aplicação.

Faz-me isto lembrar uma personagem de há muitos anos numa novela brasileira, a Viúva Porcina, retratada por essa fabulosa actriz que é Regina Duarte. Se um anel e um laço enfeitavam, muito melhor ainda muito anéis, muitos laçarotes, e a Viúva Porcina era toda uma montra excessiva e delirante de disparates. Mas a Viúva Porcina era uma personagem de ficção, outro tanto não acontece com as tontices em que tropeço quando abro o feedly.

Devo confessar que adoro anéis, e que até adoro anéis grandes, vulgo cachuchos. Acontece que tenho mãos e dedos para eles, tal como acontece com algumas pessoas cujos blogues acompanho. Essas de dedos finos e compridos em mãos grandes e elegantes podem estar descansadas, isto não é mesmo com elas. É com as outras, as que não têm mesmo noção.

Curiosamente, quem experimenta tudo quanto é moda parva em matéria de anéis é justamente o oposto, as que melhor fariam em estar quietas. De nenhuma das outras, as que têm mãos longilíneas e bonitas, vi fotografias daqueles anéis estranhos que abarcam dois dedos (e não lhes tolhem os movimentos, que sei eu?), daqueles anéis no polegar (reles, lamento!), de anéis a meio da falanginha, que até há poucos anos eu só associava à extravagante Phoebe de Friends, e que só me parecem coisa muita incómoda de usar, para dizer o mínimo.

Mesmo com uma atenção tão intermitente ao que se vai mostrando na blogosfera, já que é com assuidade cansativa que apago aos mais de dois mil posts no feedly, impossível seria não reparar em certas coisas. Esta dos anéis em dedos de açougueira não é de hoje, é de há muito. Miúdas, enxerguem-se. E, já agora, poupem os nossos olhos sensíveis. Esses dedos´em formato salsicha incomodam.

7 comentários:

  1. Vejo muitos assuntos e "coisas" escritas por este mundo dos blogues que se eu tivesse um, certamente, escreveria tal e qual, é o caso destas suas palavras. E eu a pensar que esta "embirração" era só minha.

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  2. Embora não esteja relacionado especificamente com o conteúdo deste post, não queria deixar de lhe dizer, nesta oportunidade, que é excelente a selecção musical que coloca neste blog.

    Apenas posso desejar que continue assim, Teresa.

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  3. Helena, arrisco uma explicação para a nossa comum embirração: bom senso e bom gosto. :)

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  4. José, de cada vez que alguém comenta aqui a selecção musical eu ronrono de prazer, fico quase igual a Agripina Germânica. Espero que mereça sempre a sua aprovação. Aviso já que vou agora mudar para Aznavour, um dos maiores amores da minha vida.

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  5. Tenho dedos muito finos e compridos mas todos tortos (cada um para o seu lado) nas pontas e com hiperextensão. Estivesse na Malásia e seria uma princesa. aqui, é só mesmo feio. Nunca sei se ficam melhores com anéis ou não mas é algo que as minhas mãos repelem. Quando dei conta, já os tirei.

    Já a hiperextensão que tenho nas pernas (inverso de pernas arqueadas) é um deleite para a dança e para ter boas linhas. Tenho sempre os bailarinos maravilhados com elas e com os pés.

    O que é bonito para umas coisas não é para outras e o inverso. :)

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  6. Só a Teresa para vir dizer algo tão acutilante. Não sei qual é a relação entre pseudo-fashionismo e excesso de penduricalhos, mas que existe isso existe. Eu não sou documento porque acredito na escola "jóias boas, ou nada". Não me oponho a um bonito cocktail ring mas - embora tenha dedos finos - acho sempre que menos é mais. Mas lá dizia o outro, a única vantagem do mau gosto é a possibilidade de se troçar dele...

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