domingo, 10 de novembro de 2013

Caminhar é preciso

Estou finalmente a dar uso ao único par de ténis que tenho, comprado há oito anos. A explicação é muito simples: deixei de fumar há quase um mês. Não é fácil, não senhor. Para dizer a verdade, custa horrores, alturas há em que vejo tudo em formato de cigarro. Mas também é verdade que já custou mais, diria que as duas primeiras semanas foram as mais duras, agora vão sendo cada vez maiores os períodos em que não me lembro de um cigarro. Confesso também que prevariquei duas vezes: a primeira há duas semanas, num jantar com um amigo; a outra no jantar do Liceu, na sexta-feira, e esse foi coisa de meio cigarro, porque conversava, levantava-me, deixava-o no cinzeiro. Ambos me souberam pela vida, mas foram fumados com a firme determinação de serem excepções absolutas.

Sabia que, deixando de fumar, a tendência natural e quase inevitável seria engordar. Quase, disse eu. O cigarro acelera o metabolismo, mesmo não me vingando na comida, mesmo vigiando a alimentação e não passando a comer mais, podia calmamente contar com mais umas 200 calorias diárias, pelo menos até o meu corpo se ajustar e regressar à normalidade, coisa que ainda leva bastante tempo. Havia pois que combater essas calorias não ingeridas que o meu organismo, indignado pela privação de nicotina, me atirava para cima todos os dias, à laia de vingança. Havia que fazer exercício, em suma. 

Ora eu sou provavelmente a mais avessa das criaturas a ginástica. Desatar para aí a correr? Ainda me dava um treco e só a ideia me deixava cansada. A solução era andar, andar muito, fazer longas caminhadas, porque andar é coisa que sempre fiz com prazer.


Entrou em cena o pedómetro. Uma playlist de música rápida criada no iPod, pedómetro a contabilizar, pus-me a caminhar todos os dias entre hora e meia a duas horas. Em passo rápido, evidentemente. E assim vão ao ar, segundo diz a engenhoca, todas as calorias indesejáveis e mais outras tantas. Hoje, excepcionalmente, sentia-me cansada, e abreviei um pouco o percurso, andei durante cerca de uma hora e um quarto; 11 205 passos, 8,96 km, 338 calorias a menos. Mas os números costumam andar pelos da imagem, às vezes até um pouco mais. E não engordei nem um quilo, continuo no meu peso ideal.

Mas descansem, meus bons amigos. Não farei como quem entra em dieta e passa a publicar fotografias de petiscos que nos fazem engordar só de olhar, fora o que engordam mesmo, ainda que camuflados com muitas coisas muito saudáveis: são panquecas, são waffles, são pãezinhos? Então engordam, lamento lamentar; não, não vou passar a brindar-vos com fotografias de fumadores em flagrante delito, ou de belos cigarros a desprenderem um fumo azulado e odorífero. E a última coisa que quero ser é uma ex-fumadora fundamentalista, sarna, insuportável. Nunca ninguém há-de ter de se abster de um cigarro ao pé de mim, só porque eu não fumo.

11 comentários:

  1. Corajosa!
    Eu cá, estou a pensar começar fumar - como dizes que acelera o metabolismo... ;-)

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  2. Tu livra-te! (sei que estás a brincar)

    A informação é da médica que está a acompanhar-me, tal como o valor de 200 calorias diárias. Pelo menos nos tempos mais próximos.

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  3. Que força de vontade! Deixar de fumar e correr! Muita força com isso!

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  4. Caminhar também é a única actividade física que faço com muito prazer. Aqui há uns valentes anos perdi muitos quilos só com alimentação cuidada e valentes caminhadas: também comprei um pedómetro, que funciona como estímulo (tanto passo percorrido, tanta caloria ao ar!).
    Agora o deixar de fumar, ahém, é preciso coragem, que é. E lá em casa somos co-dependentes, ia ser bonito.

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  5. Na família tivemos dois actos simbólicos para deixar de fumar.Eu entreguei solenemente a uma amiga(que pretendia continuar no vício)a caixa de madeira com os utensílios tabacais--o maço e respectiva carteira,o isqueiro)e pedi-lhe para fazer o mesmo quando quisesse terminar o vício.Meu sogro deslocou-se à terra de origem, à tasca da Conceição,comprou o SG Gigante,a caixa de fósforos,abalou para os Chãos onde iniciara as fumaças,lá atirou ao chão cigarros e fósforos e espezinhou-os até pouco restar.
    Garanto-lhe que nunca mais fumámos um único cigarro.
    Saúde!
    josé

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  6. Parabéns pelo ânimo e determinação.

    Também faço caminhadas em passo acelerado diariamente, faz-me bem ao corpo e à mente.

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  7. Pedro,
    Fique sabendo que quase todos os dias passo à sua porta. Ainda hoje. O percurso foi: a partir da pastelaria Colúmbia, descer a Rua dos Soeiros, Estrada da Luz, Jardim Zoológico, Columbano até à Praça de Espanha, Jardim Zoológico, Estrada de Benfica até às portas e regresso a casa. Quase treze quilómetros. :)

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  8. Izzie,
    Agora já um pouco menos, mas nas duas primeiras semanas tive muitos momentos em que me sentia desvairada.
    E o pedómetro é um bom estímulo, sim senhora. Ontem senti-me tão culpada por ter andado menos de 10 km que hoje compensei valentemente.

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  9. José,
    Que belos exemplos, e tão encorajadores! Eu escolhi uma data para parar, a conselho da médica. Apontei para o Columbus Day, 12 de Outubro, que era o sábado seguinte. E foi nesse mesmo dia que me pus a caminhar.
    Saúde!

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  10. Helena,
    Eu também estou a gostar muito. Sinto que, ao mesmo tempo que digo adeus a um péssimo hábito, vou ganhando outro que é muito saudável.
    Mas que o cigarro é um grande prazer, ah, isso não há como negar.

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  11. Sim,sim,caminhar faz bastante falta,eu adoro fazer umas belas caminhadas quando está o tempo bom. Beijinhos e até breve!! Fica com deus!!

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