sexta-feira, 14 de junho de 2013

Gente tonta

O bairro de Benfica é um mundo fascinante. Cada trivial ida à rua dá-me sempre que pensar. Às vezes (cada vez mais vezes, aliás) são coisas tristes. Pessoas que pedem à porta do supermercado, lojas que fecham umas atrás de outras. Mas depois também há os lunáticos, e esses deixam-me perplexa. Como é o caso dos donos desta loja.

Aqui sempre existiu até há coisa de dois meses uma daquelas lojas de modas ranhosas como ainda vai havendo algumas por aqui e que tinham o seu centro especializado na Rua dos Fanqueiros. Nunca lá comprei nada, não me lembro sequer de lhe espreitar as montras, e olhem que passo à porta quase todos os dias. Como eu devia haver muita gente, e a loja acabou por fechar ao fim de longos anos de tenaz resistência.

Eu nunca tive jeito para negócios, mas ainda vou tendo tino suficiente para me espantar com a ideia peregrina desta gente que achou que isto podia dar dinheiro. A ideia, a meu ver, seria sempre tresloucada, mas num tempo como este que vivemos é a mesma coisa que fazer roleta russa sem fazer girar sequer o tambor do revólver. Ora vejam as montras e digam-me se não concordam comigo.

A loja vende coisas girinhas (parvinhas) para a casa. Eu até diria que mais para jardim, e sabe-se que em Benfica há imeeeeensa gente que tem jardim.


Mas quem é que num tempo de crise como este vai gastar os tostões que lhe faltam para as coisas mais essenciais com parvoíces destas? Não me parece que seja preciso ser um ás da contabilidade para prever um futuro muito sombrio para este investimento.

Banda sonora - Lluís Llach - Campanades a Morts

9 comentários:

  1. Cada vez fecham mais lojas, algumas negócios de anos, é uma tristeza. Mas depois também vejo surgir negócios que me fazem pensar onde andam as pessoas com a cabeça: na minha zona há imensos cabeleireiros demasiados, até; alguns abrem e fecham passados um, dois meses; o local é trespassado e abre de novo. Dois ou três aguentam-se porque são antigos e têm freguesia fidelizada. Mas o que passa pela cabeça de alguém em investir, quando na zona já há tantos?
    Julgo que há pessoas que pedem para receber o subsídio de desemprego por inteiro, e lançam-se à aventura, sem qualquer discernimento. Acabam sem nada do subsídio, e ainda com dívidas.

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  2. Bem sei, Izzie. Aqui é uma calamidade. Esta manhã fui buscar uma bolsa que tinha posto a coser numa loja que faz de tudo um pouco. Faz chaves, vende fechaduras, pequenos arranjos de costura, conserta sapatos. Tive pena de não ter a máquina na carteira para fotografar um letreiro na loja (a ver se lá passo logo) e a montra. Sabes o que lá tinha em grande abundância? Sapatos em segunda mão, por preços que iam dos dois aos cinco euros. Sapatos que alguém lá pôs a arranjar e na certa não teve dinheiro para ia buscar. Isto retalha-me o coração.

    Cabeleireiro? Julgo que sabes que é coisa que odeio, só vou mesmo quando preciso de cortar. E sabes onde vou? A um low-cost na Expo. O meu cabelo não tem nada que saber. E lavo, corto e seco por € 5,50. Pois é.

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  3. Bem, esse salão consegue bater o preço da minha cabeleireira aqui na província, que me leva €7!

    Vivemos numa época em que temos que ser todos empreendedores, mesmo que não percebamos nada do assunto. E com a crise acho que essa ideia ainda se tem entranhado mais na mente das pessoas, levando-as a cometer verdadeiras loucuras!

    Há uns tempos deu uma reportagem na RTP exactamente sobre isso. Em questão estava uma rua de Lisboa e a quantidade de cabeleireiros (julgo!) que por lá havia. De x em x metros havia um! É que não há cabelo para tanto salão!

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  4. Smelly Cat,
    Aqui vai o site deles, com o preçário. Foi a minha irmã que os descobriu. Se toda a gente fosse como eu já tinham todos morrido de fome.

    http://www.sublimetentacao.com/precario.html

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  5. Na minha rua havia um salão de cabeleireiro que fechou passado um mês de ter aberto por não ter clientes, durante um tempo esteve fechado e com a indicação de "trespasse". Que negócio abriram lá? Um cabeleireiro, nem mais. Escusado será dizer que fechou portas ainda mal tinha aberto.

    Bom fim de semana

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  6. É horrível, Helena. Tenho tanta pena dessas pessoas. Claro que se se aprendeu o ofício de cabeleireira não vai abrir-se uma casa de ferragens, mas no mesmo sítio em que o anterior durou um mês?! Um mês, meu Deus! Que prejuízo e que desespero!

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  7. Querida Teresa, tenho andado despistada (net péssima, emprego novo, caos privado) e não acompanho/comento a blogosfera com a atenção do costume. Que boa e grata surpresa saber que está bem e que regressou! Tinha muitas saudades de a ler e pensei várias vezes em si.

    Quanto aos cabeleireiros, estou consigo: não há pachorra e o meu cabelo não tem nada que saber, faço quase tudo em casa, prefiro gastar o dinheiro em bons produtos e ir mesmo só quando é preciso. Mas as portuguesas têm uma fixação enorme com o cabeleireiro. Já ouvi mesmo casos de senhoras que preferem andar com o cabelo sujo se não lavarem no salão, ou que não pagam à merceeira mas não falham o cabeleireiro..OMG.

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  8. Talvez mas há lojas de decoração aqui no suburbio que lá vão sobrevivendo, não sei bem como..

    Eu admira-me é quando um restaurante/café fecha e no mesmo sitio abrem outro. Depois volta a fechar, passam-se meses, volta a abrir. E sempre com gerência diferente. Não seria de alguém se questionar, afinal porque é que aquilo não dá?

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  9. Eu corto em casa :-)
    Quanto aos negócios, estou totalmente de acordo.
    Há coisas que não se entendem...

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