O cabaré da coxa

Vamos lá ver uma coisa, e que fique bem clara. É verdade que embirro, sempre embirrei, com o dia dos namorados, data artificial introduzida no nosso calendário a meio dos anos 80. Para começar, foi mal importada e distorcida, transformou-se apenas num apelo ao consumo. Com namorado ou sem namorado, nunca liguei peva à data, até fiquei muito desconfortavalmente surpreendida quando fui  brindada com presentes e cartõezinhos Forever Friends (a minha paixão por ursos é conhecida), já que não tinha nada para retribuir. A data é para mim um vazio absoluto, nunca me disse nada. O que não significa que censure quem vibra com ela e a festeja. É lá com eles. Nos Estados Unidos, por exemplo, é o dia do ano em que mais casamentos se celebram, sendo que as localizações privilegiadas são, por esta ordem, Hawaii, Las Vegas e Key West.

Seja como for, há coisas que ultrapassam tudo. Uma delas é o título deste filme, que ando há uns dias a ouvir anunciar na televisão como programa ideal para o dia dos namorados. Prometo Amar-te. Seriously? É possível descer tão baixo? Não é que o original inglês, The Vow, fique muitos furos acima, mas sempre é uma chuchadeira um bocadinho menos intolerável. Uma coisa posso garantir-vos: é filme que nunca verei, nem sob ameaça de tortura.