domingo, 29 de janeiro de 2012

Mágicas Noites de Teatro: War Horse

Vi a peça, adaptada do romance de Michael Morpurgo, no fim de Novembro de 2008. No National Theatre, claro. Mais tarde viria a transitar para o West End e também para a Broadway, onde ainda está em cena. Se forem a Londres ou a Nova Iorque não percam MESMO, porque é uma experiência única. A rainha e o duque de Edimburgo puseram pela primeira vez em quatro anos os pés num teatro para a ver (e aposto que a seguir foram jantar ao The Ivy). O venerável The Times considerou-a o acontecimento teatral da década. A lista de prémios, deste e do outro lado do Atlântico, é infindável.

E que tem a peça de tão especial? Para além de uma história profundamente comovedora, sobre a qual não quero falar muito, por não saber até que ponto o filme de Spielberg lhe é fiel, de ter como suporte música belíssima, tem como protagonistas assombrosas marionetas. Cavalos à escala real que nos deixam sem respiração pela veracidade de movimentos e de reacções. Ou a chorar baba e ranho, como aconteceu comigo em muitos momentos.  A cena em que Albert consegue vencer a desconfiança e o medo de Joey (o cavalo protagonista da história) e nasce a sua amizade é das coisas mais comoventes que me lembro de ter visto em toda a minha vida. Chorei como uma fonte.

A história passa-se na I Guerra Mundial, para a qual Joey é recrutado, sendo separado do seu adorado Albert. A odisseia de Joey nos campos de batalha choca-nos, horroriza-nos. Sei, sabia, o que tinha sido aquela guerra, muito tenho lido e visto sobre ela. Mas nunca tinha pensado que, de alguma forma, apesar do gás, apesar das trincheiras, apesar das novas estratégias, apesar de já haver aviação, tinha sido a última guerra a desenrolar-se ainda de acordo com fórmulas e esquemas centenários, e que havia animais, muitos animais no meio daquele pesadelo. Além dos milhões de vidas humanas, morreram quase dez milhões de cavalos. Cerca de 9 586 000. O número gela-nos.

A peça acaba por funcionar também como uma grande homenagem a todas essas vítimas inocentes, como são todas as vítimas. 

Para que possam captar alguma da sua magia, dos cavalos em movimento, das suas reacções humanas, vejam estas breves imagens (e notem que a música, que é da peça, é justamente aquela que sempre soube que escolheria para pôr aqui):


E fiquem também com estas, há muito retiradas da página do National Theatre, enquanto ainda estava lá em cena — como disse, há mais de três anos que andava para escrever sobre isto.











Banda sonora: Adrian Sutton and John Tams - The Year Turns Round Again (War Horse)

12 comentários:

  1. É mesmo uma história mágica... as imagens mexeram comigo. :')

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  2. Não sei se verei: lido mal com o sofrimento e a morte de animais.
    Nas guerras de hoje também estão animais envolvidos, os americanos usaram cães na guerra do Iraque, e os iraquianos usaram burros.

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  3. S*,
    No filme de Spielberg os cavalos são de carne e osso. Para veres estas deslumbrantes marionetas só no teatro. Londres ou Nova Iorque.

    Gi,
    Posso adiantar uma coisa: o final é feliz. De outra maneira ninguém aguentava, não é?
    Seja como for, passe aqui amanhã, comecei um post ainda sobre os animais na guerra, estou a escolher fotografias.

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  4. Ai, não sei se aguento. Não sou chorona, mas não sei se aguento.
    Se tudo correr bem, este ano vou a Londres (saudades, saudades) com mate (claro) e mamãe (ainda incerto). Ora mate é o maior animal lover que já conheci, e um chorão; mamãe uma durona que se esbodegou no Les Miserables e até no Miss Saigon. Portanto, não sei se aguentamos :)

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  5. Izzie,
    A peça está com um open run, por isso não se adivinha o fecho para breve, principalmente porque o público continua a encher o teatro e o filme, provavelmente, trará ainda mais espectadores.
    O que sei é que não podem perdê-la, porque é mesmo uma coisa única.
    Saio sempre do Les Mis com os olhos inchados, até tenho aqui uma etiqueta para eles, tamanha a minha paranóia pela obra. Também chorei com Miss Saigon, mas menos, muito menos.
    Tu livra-te de ires a Londres e não veres isto! Eu bato-te!

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  6. Estou bem arranjada, ainda por cima o teatro é em Drury Lane, Covent Garden, perto do sítio onde, em princípio, ficamos alojados (Russel Square, linha azul e directa do aeroporto - nunca mais me apanham em Earl's Court, além de que há um Nando's ali perto, bom para jantar).
    Já estive a pesquisar preços e eia que é caro, mas no balcão é que não me apanham (vertigens). Bom, em NY pagámos $55 cada por balcão, portanto £50 e pouco por plateia não é assim tanto. No dia em que marcar a viagem (fingers crossed) vou logo ver se há bilhetes, que já percebi a tendência para esgotar.

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  7. TENS de ficar bem sentada. Nada mais frustrante do que maus lugares no teatro. Posso não fazer compras em viagem (e não costumo mesmo fazer), mas os lugares no teatro têm de ser os melhores.
    Para este recomendo-te a plateia, entre a 3.ª e a 8.ª filas ao centro.

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  8. Meninas, vejam também isto:

    http://www.youtube.com/watch?v=YYNxIgyC7k8

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  9. Este esta na lista... o teatro fica em high holborn, a 50m do ultimo hotel em que la fiquei, mas tinhamos uma agenda cheia e tive que fazer escolha - escolhi o driving miss daisy que estava so temporariamente. Mas este nao me ha de escapar numa proxima!

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  10. Lembro-me aliás de que ta recomendei quando falámos por causa dos bilhetes desse Driving Miss Daisy que me mata de inveja. :)

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  11. Eu também tive o meu `Cavalo de guerra´, um amor que me ficou atravessado. Chamava-se Charolês e um dia hei-de escrever algo sobre esse bravo corcel.
    Teresa, não sei se já conhece mas no outro dia encontrei este blog giríssimo e lembrei-me logo de si:

    http://gwtwscrapbook.blogspot.com/

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  12. Também não sei se vou conseguir ver este filme. É curioso, esta história chamou-me há uns dias a atenção, por o livro que serviu de base à peça e, agora, ao filme, ter estado despercebido do grande público durante mais de vinte anos. Começou agora a vender muito. E ainda bem, fico contente pelo escritor. Publiquei um post sobre isso, mas confesso que não me debrucei sobre a história, embora já adivinhasse algo deste género...
    Por isso, adorei ler este post. E o outro, acima, sobre o monumento aos animais. Lindo!
    Ainda bem que há pessoas que se lembram destas coisas...

    Sim, a 1ª Guerra Mundial ainda usou métodos anteriores ao século XX, que, na altura, ainda não tinha "arrancado".

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