quarta-feira, 1 de junho de 2011

A maldição de Macbeth

Anteontem (conheço quem diga onteontem, juro), quando escrevi aqui sobre Pia Zadora e os seus notáveis talentos histriónicos, lembrei-me de um outro assunto relacionado com o Teatro. Só pelo facto de me ter ocorrido não quer dizer que estivesse relacionado, não faria muito sentido mencioná-lo. E ficaria uma entrada demasiado longa, coisa a que, confesso, depois da de domingo passado, ganhei franco horror.

O meio teatral é terrivelmente supersticioso. Daí o célebre break a leg! antes de uma representação, daí a crença enraizada de que um ensaio-geral desastroso é prenúncio de uma estreia triunfal. E nenhuma outra peça está rodeada de uma nuvem tão negra de superstição e lenda como Macbeth, de Shakespeare. A tal ponto que é muito frequente, no meio teatral britânico, que nem o nome lhe seja pronunciado. Diz-se apenas "the Scottish play", e toda a gente sabe do que se fala. Dizem que atrai azar, muito azar, dizer a palavra Macbeth dentro de um teatro (não sendo no texto de uma peça), quem a pronunciar tem de proceder a um ritual de purificação, ou exorcismo, como preferirem. As histórias de acidentes graves relacionados com a peça são incontáveis, como poderão ver aqui. Há um que não é mencionado, e não consegui enviar mensagem a sugerir que fosse adicionado. 

Mito, lenda, chamemos-lhe o que quisermos. Macbeth é tida como peça amaldiçoada, sendo diversas as explicações sugeridas. Em 1964, o nosso Teatro Nacional D. Maria II foi devorado por um enorme incêndio que tudo destruiu, só deixando de pé a fachada. As obras de recuperação demoraram 14 anos, só em 1978 o teatro reabriria. Sabem qual era a peça que estava em cena à data do incêndio? Adivinharam: Macbeth.

No grupo de Teatro da Católica começámos a ensaiar a peça. Depois de toda a gente ter sido testada em todos os papéis, a mim coube-me nem mais nem menos do que o de Lady Macbeth (era uma lástima como bruxa, já como Lady Macbeth consegui agradar, parece que era especialmente boa nas cenas da leitura da carta e do sonambulismo, sempre que eram ensaiadas recebia grandes cumprimentos). Será também a Macbeth que remonta o meu proverbial azar?

4 comentários:

  1. FOGO PAH!!! NÃO ACREDITO NISTO!! e AGORA??? grrrrrrr!!!!! FOGO! estudei essa peça e esses mitos todos! essa peça não se diz!! é "peça escocesa"! Agora tenho que dizer o mantra: "Hot potato, orchestra stalls, Puck will make amends!" (Episódio de "Black Adder")

    E agora só venho visitar o teu blog quando este deixar de ser o 1.º post!

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  2. Paulinho,
    Claro que Macbeth (e com a Callas) teria sido a banda sonora ideal, claro que pensei nisso. Mas, como sabes, não só não tenho a ópera como não lhe conheço uma única nota (grave, eu sei).
    Fica a promessa de suprir essa lacuna em breve. Não vale sequer a pena ir ver no YouTube, tão mal está o meu pc, sempre a engasgar-se.

    Dieta,
    Tenho a certeza de que não vi esse episódio de Black Adder, que adoro tanto quanto abomino Mr Bean. Em que período é? No Isabelino?

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