terça-feira, 24 de maio de 2011

O princípio

Em Setembro de 2002 decidi que estava na altura de encontrar uma companhia para Messy, que passava demasiadas horas sozinha. Cortava-me o coração quando, ao virar a esquina da rua para voltar a casa, a via à janela, um arzinho melancólico que fazia dó. Mal avistava o meu carro saltava imediatamente para o chão e corria para a porta, para me receber.

Telefonei para o veterinário, a perguntar se sabiam de ninhadas recentes para adopção. Nada. Telefonei para a União Zoófila. Idem. E depois fui à Arca de Noé, um fórum de amigos dos animais no qual já tinha feito dois bons amigos. Procurei os anúncios para adopção e deparei com esta beldade.


O click foi imediato. Ver e amar foram obra de um segundo, todo o coração me fugiu logo para ela. Telefonei imediatamente à pessoa que punha o anúncio e respirei de alívio por saber que ela ainda não tinha sido adoptada. Tinha-lhe aparecido no quintal, não percebia como, e não poderia conservá-la muito mais tempo, por causa dos cães.

O senhor morava na Av. da Igreja e combinámos encontrar-nos nessa mesma noite, depois do jantar, hora a que ele estaria livre. Calhava lindamente, já tinha combinado jantar com o Vítor, cuja casa era pertíssimo.

Foi assim que ele ma trouxe, nesta caixa de sapatos, este bebé minúsculo, um besnico adorável.
Percebi que a sua família de acolhimento temporário a tinha tratado muitíssimo bem, tanto que até lhe tinham feito várias fotografias, que me foram enviadas no dia seguinte.

Para terem ideia de quão pequenina era, basta contar-vos que passei o volante ao Vítor para poder ir com ela ao colo e ela, a trepar por mim acima e a enroscar-se-me no pescoço, acabou por enfiar a cabecinha numa das minhas argolas (que eram bastante grandes), em jeito de gargantilha.


Quem a viu e quem a vê! Hoje é esta gigantone.


18 comentários:

  1. Que linda... Em pequena e depois como adulta. Eu tive um gato, amor da minha vida que infelizmente tive de dar. Foi a minha companhia desde bebezinho metade de uma havaiana nos tempos da faculdade e quando comecei a trabalhar (e porque vivo sozinha) ele passava praticamente o dia sem me ver. Chorava imenso tanto que os vizinhos me vieram perguntar o que se passava com ele. Tudo estava bem de saude, era castrado e tinha tudo para ser feliz. Mas não era. Faltava-lhe companhia. Ter outro gato não era opção para mim porque a minha vida não o permitia e então pus um anuncio online. Recebi dezenas de emails que analisei cuidadosamente e decidi entregá-lo a uma pianista que passa muito tempo em casa com os ensaios. Ainda hoje ela me manda fotos dele mas nunca mais tive coragem de o visitar. Era o meu Chaouen, perfeito aos meus olhos e fico feliz por já não se sentir só, apesar da solidão que deixou a mim.

    Já escrevi para aqui um testamento, mas não resisti a contar a minha história depois de ler esta. Há coisas que só pessoas com os mesmos gosto entendem. Como o amor por gatos.

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  2. Linda. E que fotografias!
    (nem imagino a felicidade de quem a acolheu quando percebeu que Agri ia ficar tão bem entregue)

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  3. Agora fiquei com uma lagrimita a querer cair do canto do olho... Fico tão contente com histórias de animais resgatados em vez de comprados. Tenho tantos animais que tirei da rua (especialmente cães) e fico revoltada sempre que alguém me diz que comprou um bicho. Sei que têm todo o direito de o fazer, mas esta revolta que me cresce cá dentro...
    Muitos beijinhos.

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  4. Uma lindeza! :)
    E que saudades de quando eles eram pequeninos, não é?

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  5. Teresa
    Não há gatos feios, como costumas dizer e os nossos são sempre os mais fantásticos do mundo.

    Porque conheço a história da última fotografia sempre que a vejo não consigo parar de rir.

    Agora, a tua mais nova, mulher, a tua mais nova caramba. Nunca vi igual na vida.

    Beijo

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  6. Como ela mudou, caramba. Mas é uma lindeza, e o porte real da última foto não deixa dúvidas. Ou muito me engano ou ela está a pensar, como a Rainha Victória, "we are not amused" :D (como eu conheço bem esse olhar)

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  7. Raquel,
    Que pena!!! :((((
    Metade de uma havaiana?! Meu Deus, mas ele era um ratinho! :)))
    E agora, continua a não ter condições? A vida com gatos é outra coisa!
    Grande beijinho.

    Van Dog,
    Suponho que sim. Durante algum tempo trocámos mails e eu ia-lhe enviando fotografias do crescimento da Princesa.
    Gostava muito de ver as dessa ninhada que vais fotografar hoje, pode ser? :)

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  8. Julie,
    Tal como eu. Também sou contra a compra de bichos, quando há infelizmente tantos a precisarem desesperadamente de um lar e de carinho.
    Grande beijinho.

    Chat Gris,
    Saudades, saudades, saudades!
    Crescem mesmo tão depressa!

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  9. Maria,
    Eu sei que conheces, e que esta fotografia é uma grande favorita tua.
    Drusilla está cada vez mais danada de bonita. E de uma meiguice!!!
    Beijo!

    I.,
    Ela era tão pequenina que ainda tinha aqueles olhos de leite, durante algum tempo pensei que iam ser azuis, mas depois acabaram por se transformar naquelas lindas bolas de vidro verde.
    A história por trás da última fotografia que tanto faz rir a Maria está aqui:

    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2010/08/catfight-update.html

    E sobre o vitoriano «We are not amused», espreita aqui:

    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2008/04/desacordo-ortogrfico-trinta-moedas-de.html

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  10. Era um ratinho mesmo e vinha muito maltratado. Talvez por isso tenha ficado tão mimado... Agora tenho condições mas um namorado que não suporta animais dentro de casa :( Diz que no dia que entrar o gato ele sai... Tenho esperança de ainda o convencer, sinto mesmo falta de bigodes around.

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  11. Já li, e aguardo notícias sobre a catfight!
    E confirmo que um felino aumenta a qualidade de vida. Bastante ;)

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  12. mostrei estes seus últimos posts a uma amiga minha, que adora gatos. eu estava verdadeiramente encantado com a sua sensibilidade (o episódio de ter decidido encontrar uma companhia para a gatinha que via, muito triste, à janela, diz tudo...), a minha amiga comoveu-se - suspeito que já não a vai largar, Teresa...

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  13. Raquel,
    Agora arrumou-me com o namorado que não suporta animais dentro de casa. Alguma razão válida? :((
    Vou contar-lhe uma pequena história (e tentar ser breve). Herdei do meu Pai o amor pelos animais (ele era um autêntico flautista de Hamelin com eles, corrim para ele, era uma coisa linda de ver). A minha infância foi um longo trauma por não poder ter um gato ou um cão. A minha Mãe não gostava, não queria, pronto.
    Depois, já com 18 anos, o meu primeiro namorado (namoro de quase cinco anos), que toda a vida tinha tido cães em casa, meteu na cabeça que nós havíamos de ficar com uma cadelinha da ninhada de cinco cachorrinhos da Fifi. A minha Mãe adorava-o (o que viria a ser uma chatice enorme para mim, porque mais nenhum dos que se seguiram poderia ter as qualidades dele aos olhos dela, razão pela qual só lhe apresentei mais dois, num largo espectro de vinte anos), e ele foi muito esperto. Pôs a Fiorella (linda como os amores) numa cestinha, pôs-lhe um laço cor-de-rosa ao pescoço e apresentou-se lá em casa com aquele presente para ELA. A reacção da minha Mãe foi (e só por gostar mesmo muito dele): «Fica cá em casa dois dias, até lhe arranjarem outro dono.»

    Sabe o que aconteceu? A Fiorella foi muito inteligente, percebeu a quem tinha de agradar: à minha Mãe. Ao fim de dois dias, quem tentasse tirá-la lá de casa seria recebido de caçadeira em punho. Ela ESCOLHEU a minha MÃE como DONA, e era de uma devoção sem limites.
    Poupo-lhe o drama que foi a morte dela, a minha MÃE e eu a fazermos turnos durante a noite, duas horas de sono a cada uma (e eu em época de frequências) para lhe darmos todos os medicamentos com que tentávamos curá-la, e cujos horários respeitávamos escrupulosamente. Mas posso dizer-lhe que, durante muitos meses, a mera menção do nome Fiorella era suficiente para que os olhos da minha Mãe se enchessem de lágrimas.

    Quem sabe haverá uma Fiorella capaz de caçar o seu namorado como a minha Mãe foi caçada sem apelo nem agravo? :)

    Beijo grande, boa sorte.

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  14. I.,
    Ai, esta catfight nunca mais chega ao fim!
    Mas o enorme acréscimo de qualidade de vida que eles nos dão é inquestionável. :)

    Beijo.

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  15. José,
    Um dia destes vejo-me obrigada a dar-lhe o prémio do meu comentador mais gentil. :)
    A sua amiga, obviamente, é mais do que bem-vinda! :)

    Um beijo aos dois.

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  16. Ela era uma bébé linda mas digo-te, está uma sra gata e ainda por cima com atitude!! :)

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  17. Nem parece a mesma. :O
    Em pequenina era mesmo fofa. Aqueles olhinhos... *.*
    Agora impõe respeito. :) Muito bem!

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  18. Li,
    Uma senhora gata? Uma gatarrona, isso sim! SETE quilos de atitude. :)

    Sofia,
    E o feitiozinho estuporado dela? :)
    A pequenina morre de medo.

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