Diálogo com um jovem à rasca
Recebido por e-mail. Claro que é um boneco, uma divertida caricatura. Mas que tem muitos contornos verdadeiros, ah, meus amigos, tem mesmo!
ADENDA, duas horas mais tarde: fui alertada pela querida Pólo Norte, na caixa de comentários, para a origem deste hilariante texto. É de Rui Herbon, no Jugular, pode ser lido aqui. Obviamente, nunca pretendi apropriar-me de texto alheio, comecei por anunciar que tinha sido recebido por e-mail. Sem menção de autor, infelizmente. Agora que lhe sabemos a origem, um grande aplauso para Rui Herbon! É muito merecido.
ADENDA, duas horas mais tarde: fui alertada pela querida Pólo Norte, na caixa de comentários, para a origem deste hilariante texto. É de Rui Herbon, no Jugular, pode ser lido aqui. Obviamente, nunca pretendi apropriar-me de texto alheio, comecei por anunciar que tinha sido recebido por e-mail. Sem menção de autor, infelizmente. Agora que lhe sabemos a origem, um grande aplauso para Rui Herbon! É muito merecido.
— Sim, claro.
— Quais foram os teus motivos?
— Acabei o curso e não arranjo emprego.
— E tens respondido a anúncios?
— Na realidade, não. Até porque de Verão dá jeito: um gajo vai à praia, às esplanadas, as miúdas são giras e usam pouca roupa. Mas de Inverno é uma chatice. Vê lá que ainda me sobra dinheiro da mesada que os meus pais me dão. Estou aborrecido.
— Bom, mas então porque não respondes a anúncios de emprego?
— Rrrrrrrrrrrrrr...
— Certo. Mudando a agulha: felizmente não houve incidentes.
— É verdade, mas houve chatices.
— Então?
— Quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco já havia fila.
— Seguramente gente que ia para as Amoreiras.
— Nada disso. Jovens à rasca como eu. E gente menos jovem. Mas todos à rasca.
— Hum... E estacionaste onde? No parque Eduardo VII?
— Tás doido?! Um Audi TT cabrio dá muito nas vistas e aquela zona é manhosa. Não, tentei arranjar lugar no parque do Marquês. Mas estava cheio.
— Cheio de...?
— De carros de jovens à rasca como eu, claro. Que pergunta!
— E...?
— Estacionei no parque do El Corte Inglés. Pensei que se me despachasse cedo podia ir comprar umas coisinhas à loja gourmet.
— E apanhaste o metro.
— Nada disso. Estava em cima da hora e eu gosto de ser pontual.
Apanhei um táxi. Não sem alguma dificuldade, porque havia mais jovens à rasca atrasados.
— Ok. E chegaste à manif.
— Sim, e nem vais acreditar.
— Diz.
— Entrevistaram-me em directo para a televisão.
— Muito bom. O que disseste?
— Que era licenciado e estava no desemprego. Que estava farto de pagar para as reformas dos outros.
— Mas, se nunca trabalhaste, também não descontaste para a segurança social.
— Não? Pois... não sei.
— Deixa-me adivinhar: és licenciado em Estudos Marcianos.
— F***-se! És bruxo, tu?
— Palpite. E então, gritaste muito?
— Nada. Estive o tempo todo ao telemóvel com um amigo que estava na manif do Porto. E enquanto isso ia enviando mensagens para o Facebook e o Twitter pelo iPhone e o Blackberry.
— Mas isso não são aparelhinhos caros para quem está à rasca?
— São as armas da luta. A idade da pedra já lá vai.
— Bem visto.
— Quiriquiri-quiriquiri-qui! Quiriquiri-quiriquiri-qui!
— Calma, rapaz. Portanto despachaste-te cedo e ainda foste à loja gourmet.
— Uma merda! A luta é alegria, de forma que continuámos a lutar Chiado acima, direitos ao Bairro Alto. Felizmente uma amiga, que é muito previdente, tinha reservado mesa.
— Agora os tascos do Bairro aceitam reservas?
— Chamas tasco ao Pap'Açorda?
— Rrrrrrrrrrrrrrrrrr... E comeram bem?
— Sim, sim. A luta é cansativa, requer energia. Mas o pior foi o vinho. Aquele cabernet sauvignon escorregava...
— Não me digas que foste conduzir nesse estado.
— Não. Ainda era cedo. Nunca ouviste dizer que a luta continua? E continuou em direcção ao Lux. Fomos de táxi. Quatro em cada um, porque é preciso poupar guito para o verão. Ah... a praia, as esplanadas, as miúdas giras e com pouca roupa...
— Já não vou ao Lux há algum tempo, mas com a crise deve estar meio morto, não?
— Qual quê! Estava à pinha. Muita malta à rasca.
— E daí foste para casa.
— Não. Apanhei um táxi para um hotel. Quatro estrelas, que a vida não está para luxos.
— Bom, és um jovem consciente. Como tinhas bebido e...
— Hã?! Tu passas-te ou quê? A verdade é que conheci uma camarada de luta e... bem... sabes como é.
— Resolveram fazer um plenário?
— Quê? Às vezes não te percebo.
— Costuma acontecer. E ficaram de ver-se?
— Ha! Ha! Ha! De ver-se, diz ele. Não estás a ver a cena. De manhã chegámos à conclusão que ela era bloquista e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Acho que foi tomar o pequeno-almoço à Versailles.
— Tu tomaste o teu no hotel.
— Sim, mas mandei vir o room service, porque ainda estava meio ressacado.
— Depois pagaste e...
— A crédito, atenção. Com o cartão gold do Barclays.
— ... rumaste a casa.
— Sim, àquela hora a A5 não tinha trânsito. Já não havia malta à rasca a entupir o tráfego.
— Moras onde? Paço d'Arcos? Parede?
— Que horror! Não, não. Moro na Quinta da Marinha, numa casita modesta que os meus pais se vêem à rasca para pagar. Para a próxima levo-os comigo.
Simplesmente fabuloso!!! Desculpa, mas vou pedir emprestado e disseminar via mail (mas não do iPhone, q não tenho) ;)
ResponderEliminar*
Teresa,
ResponderEliminarsei que é atenta à questão dos direitos de autor. O texto que subscreve é do meu amigo Rui Herbon que escreve no Jugular.
Espreite aqui:
http://jugular.blogs.sapo.pt/2529641.html
Beijinhos
Gatinha,
ResponderEliminarClaro que sim, o que ´«e bom deve ser partilhado. Mas agora conhecemos a origem, é favor dar os devidos créditos.
Ursosa,
Já fiz adenda, obrigada pelo alerta! Recebi por e-mail, sem menção ao autor. Mas não fiz passar por meu, right? ;)
Beijos!
Eu sei, não esperava de si outra coisa. ;)
ResponderEliminarSó quis que soubesse a sua origem.
Outro beijinho