O reflexo de Scarlett Johansson

É uma coisa que todas nós mulheres temos, minhas boas amigas. A mim coube apenas o brilhantismo discutível mérito de a baptizar. Há o reflexo de Pavlov, há o reflexo rotuliano (aquele que se testa com uma pancadinha de um martelinho no joelho) e agora, graças à minha sobredotada modesta pessoa, temos o reflexo de Scarlett Johansson — provavelmente passei ao lado de uma grande carreira científica, e confesso que é com algum pesar que sou assaltada por imagens do rei da Suécia a entregar-me um Nobel, ah! the road not taken!

E o que é o reflexo de Scarlett Johansson, minhas boas amigas? Muito simples: experimentem aplicar rímel nas pestanas sem entreabrir a boca. Não conseguem, pois não? Eu, pelo menos, não consigo, e ao longo de muitos anos de muitas idas a casas de banho de restaurantes, bares e boîtes, tenho observado que as outras mulheres também não.  É automático, é um reflexo: é só aproximarmos a escovinha das pestanas e a boca parece ganhar vontade própria, entreabre-se sem que possamos exercer algum controlo. Temos todas a mesma trágica impossibilidade de manter a boca fechada quando de escova de rímel em punho que a boazona bela Scarlet Johansson tem de a manter fechada em cada momento do seu quotidiano, com ou sem escova, que se torna acessório perfeitamente irrelevante. Experimentem procurar fotografias dela em que não esteja de boca lânguida e sugestivamente entreaberta, é como procurar agulha em palheiro.

A gravidade já existia antes de Newton. A Luna e um certo post funcionaram para mim como a lendária maçã. Obrigada, Luna, é de toda a justiça partilhar esta glória contigo! E, assim como assim, talvez não fosse má ideia irmos pensando nos trajes de gala para Dezembro próximo, em Estocolmo.

Banda sonora: Cyndi Lauper - Girls Just Wanna Have Fun