quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Leitura apaixonante

A Margarida R., leitora desde há algum tempo e comentadora recente, recomendou-me este livro, em conversa privada.

Consegui encontrá-lo em segunda-mão na Amazon americana, para variar como se tivesse acabado de sair da prateleira da livraria, tão irrepreensível o bom estado desta edição encadernada.  Chegou-me às mãos na segunda-feira, e é tudo aquilo que a Margarida me tinha garantido. Oscila entre a biografia e a reportagem, sendo que as várias entrevistas de Joseph Horowitz (durante muitos anos crítico musical do New York Times) a Claudio Arrau, um dos grandes pianistas do século XX, são arrebatadoras, tamanha a densidade e acutilância quase despudorada das perguntas, tamanha a honestidade e a entrega confiante das respostas.

Acresce  que, tendo comprado uma segunda edição, fui beneficiada com o acrescento de quatro preciosos depoimentos sobre Arrau, que estou morta para ler, principalmente os de Barenboim e de Sir Colin Davis.

De caminho, uma pequena mágoa: a minha falta de conhecimentos musicais técnicos que me permitam abarcar totalmente certos apontamentos sobre execução. Nunca estudei Música, não toco qualquer instrumento, o que há em mim é só este grande amor e uma boa intuição. E como leio muito sobre Música, passo a vida a esbarrar nesta dificuldade, e a sentir que fico aquém do desejado em compreensão. Há um capítulo inteiro de First Night Fever, a autobiografia do meu idolatrado Hermann Prey, que disseca em grande profundidade (com pautas e tudo) a Winterreise de Schubert, ciclo de 24 canções — fico sempre com a desoladora sensação de, como diria Álvaro de Campos, ficar parada "ao pé de uma parede sem porta", e de a falha ser minha.

A banda sonora? Com muita pena minha, não tenho uma única gravação de Arrau (oh, céus, lá vou ter de comprar!), e não vou pôr aqui outro pianista. Além de que é tarde e amanhã trabalho. Assim, e em homenagem ao seu grande professor, Martin Krause, que tinha sido aluno do próprio Lizst, é com Lizst que vos deixo.

7 comentários:

  1. Teresa,

    Eu SABIA!!!

    (A minha edição também tem os depoimentos de Lorenz, Barenboim, Ohlsson e Sir Colin Davis. Fascinante!)

    Para iniciar a sua colecção Arrau, porque suspeito que é o que vai acabar por acontecer ;-) , tal a intensidade das suas interpretações, comece por Brahms, um dos compositores da minha vida. Sugiro qualquer uma das gravações dos dois concertos para piano e orquestra daquele compositor. Eu tenho a seguinte: “Brahms Piano Concertos (complete) . Overtures . Haydn Variations (variações sobre um tema de Hydn)”com a Royal Concertgebouw Orchestra e direcção de Bernard Haitink. Etiqueta, Philips Classics (CD duplo).

    Quaisquer dúvidas relativas a aspectos mais técnicos, tem o meu mail. É só perguntar :D

    Um Beijinho e continuação de boa leitura.

    PS: O meu livro, o tal, ainda não chegou :(

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  2. Deixe estar Teresa, Lizst compensa! e sabe bem ouvir agora, no fim do dia, enquanto faço estas incursões pela sua escrita!
    Bj

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  3. Margarida,
    O raio do livro é fabuloso! Tanto que ando a poupá-lo, hoje nem lhe peguei. Há coisas tão boas que não queremos esgotá-las demasiado depressa!
    O seu ainda não chegou? É a chatice de comprar na Amazon americana, entregas muito mais demoradas (fiquei surpreendida com a rapidez com que o Arrau me chegou às mãos, passaram-se, na verdade a data-limite era lá para o meio de Fevereiro, julgo).
    Só espero que goste tanto da minha recomendação como eu gostei da sua.

    Quanto às minhas dificuldades técnicas, cá vou lidando com elas. Não ria, por favor. Tchaikowsky's B flat piano concerto, por exemplo. Veja o trabalho que isto dá a descodificar: para uns, os iniciados, é o concerto em Si bemol, para mim, mera leiga, é o Concerto N.º 1 para Piano. Oh, céus! Quase desespero! Mas nunca desisto. :))))

    Aproveito para lhe recomendar aquele que é, seguramente, um dos meus cinco blogues favoritos, o 2 Dedos de Conversa, da Helena (o outro é o Crónicas das Horas Perdidas, da Luna, os três restantes vão variando ao sabor do meu capricho e da qualidade das publicações, só estes dois se mantêm imutáveis).

    A Helena vive em Berlim (mudou-se para a Alemanha dias antes da queda do Muro, não foi ela!). Espreite a sua última entrada e diga se não é de ficar a salivar: http://conversa2.blogspot.com/2011/01/anne-sophie-mutter-e-sir-simon-rattle.html

    Beijo!

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  4. Jaia,
    E que bom é saber que estão para breve jantares em casa do Carlos, cheios de imagens e de boa conversa! :)))))

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  5. P.S. para a Margarida: vou já ver se arranjo esse disco, espero que esteja disponível.
    A música clássica vai tendo cada vez mais problemas.

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  6. as 3 ultima sonatas para piano do beethoven. ai de si se não começar por essa aquisição :)

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