quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Do I see a pattern here?

Há um padrão nas minhas perdas, e esse padrão é a perda do sono. E a verdade é que de há três semanas para cá, desde a morte do Zé, durmo muito mal e muito pouco. As noites são um lento e longo tormento em que o sono parece não chegar nunca. Quando consigo adormecer, sempre aos bocados, resvalo para um mundo sombrio e inquietante de sono agitado, povoado por pessoas e imagens de que nunca me lembro depois. Algures no meu subconsciente há a noção de que passaram longas horas. e de que é quase madrugada. Mas não. Acordo, olho para o relógio e passaram tão-só vinte minutos. E é assim a noite toda, curtos e perturbadores os períodos de sono, longos, muito longos os intervalos entre cada um deles. 

 Ontem, ao telefone com o Carlos, médico como o Zé, colegas de especialidade, percebi que não estou sozinha nesta dificuldade de me reajustar ao quotidiano agora sem o Zé por perto. O Carlos também agora tem enormes dificuldades em dormir, conhecia todos os meus cenários. Combinámos um jantar para a próxima semana, prometeu dar-me uma ajuda para os meus problemas nocturnos, uma coisa suave, nada de hipnótico, nada que comprometa o meu funcionamento nas manhãs que parecem demorar uma eternidade a chegar.e que começo já exausta.

Mas o melhor é mesmo que vou finalmente ensinar o Carlos a mexer no blogue que criei há quatro anos para a nossa expedição ao Alto Atlas e ao deserto, mas que tinha intenções mais ambiciosas: a ideia era que que nele coubessem também as tantas viagens que os dois fizeram juntos. Fui desafiada para boa parte delas, a última em Setembro último. Tive de gargalhar. O Zé telefonou-me a lançar o repto na véspera. Como se eu pudesse largar o Colosso assim sem mais nem menos, deixar duas gatas ao abandono e ir por aí fora. E é por essa última viagem, cujas fotografias são magníficas como sempre, que o Carlos começará como co-autor do blogue. Estatuto que, diga-se de passagem, tem desde a sua criação, há quatro anos. Só que nunca publicou um único post.



1 comentário:

  1. Olá Teresa
    A perda de um amigo abre sempre um vazio no nosso ser e para superar essa falta sempre terrível, não há nada como tentar reviver as boas memórias, para se sentir que apesar de tudo ele permanecerá sempre no seu universo pessoal.

    Obrigado pela visita e comentário. Também temos o cd do Rod Stewart, já a versão da Nitty Gritty Dirt Band, grupo country que admiramos e descobrimos graças ao programa do Jaime Fernandes no antigo FM do RCP, já lá vão longos anos, vamos escutar.
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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