quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Três anos

Missa pelo terceiro aniversário da morte do Nuno. Éramos apenas nove os presentes.

Quando, na semana passada, telefonei à Mafalda a perguntar sobre a Missa, não fosse ela ter-se esquecido — e não poderíamos levar a mal, estavam separados havia uns bons cinco anos e o Nuno não foi exactamente o melhor marido do mundo —, ela confessou-me não estar a pensar fazer nada, não havia necessidade de fazer os miúdos reviverem tudo aquilo, todas as coisas tão penosas. Senti-me dividida entre a necessidade de compreender e o choque. 

Telefonei de imediato ao Pedro, que foi menos compreensivo, não aceitando que não houvesse uma Missa pela alma do Nuno.  «Nem que sejamos nós a tratar disso!», exclamou.

Na tarde seguinte a Mafalda telefonou-me: tinha falado com os três filhos, queriam uma Missa sim, e seria hoje às sete da tarde, na igreja do Campo Grande.

Julgo que agora, no terceiro aniversário da morte do Nuno, o grupo dos que comparecem sempre está quase reduzido ao seu número máximo: a Mafalda (que no ano passado não foi), o Tomás, a Mafaldinha e o Lourenço, a Becas, a João, ex-mulher do Pedro, o próprio Pedro, o Melo e Faro e eu.  Onde se meteram todos os tantos amigos das noitadas no Centro de Bridge, no Stone's, no Bananas, mais tarde no Kremlin, no Alcântara, na Capital, todos os que há três anos encheram a capela na Missa de Corpo Presente? O João Pedro, ainda vá que não vá, foi para Aveiro dirigir o hotel. Mas os outros? O Nené, o Luís, o António, o João...

Éramos apenas nove. O que sei é que eu e o Pedro nunca faltaremos. Mas foi um Pedro debilitado que encontrei hoje, já com um AVC às costas, com dificuldade em andar, enormes dores nas pernas. Anos e anos de muitos e enormes excessos, o Pedro tem apenas mais quatro anos do que eu. Não, não quero ter medo. Mas tenho.

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