terça-feira, 21 de setembro de 2010

Joe Dassin — Trinta anos

Na verdade, passaram trinta anos, um mês e um dia desde que Joe Dassin morreu, a 20 de Agosto de 1980, tinha apenas 41 anos. Só soube mais tarde, já em Setembro, na altura estava de férias na Nazaré, num Verãoque foi de tremendas mudanças na minha vida.

Faço parte da última geração que ainda cresceu com a música e a cultura francesas, muitos autores franceses na fabulosa Colecção Dois Mundos da Livros do Brasill e, claro, os livros da Bouquins e da Folio, preferencialmente comprados na Livraria Férin, na Rua Nova do Almada. A minha irmã, por exemplo, seis anos mais nova, ainda estudou francês e, tal como eu, fez a Alliance Française, mas da música sabe muito pouco e esse pouco, tenho a certeza, conhece-o graças a mim.

Diria que Joe Dassin é o último resquício dessa música francesa, ligeira e amena, que nos anos 60 saía diariamente das telefonias das nossas mães, o mais tardio dos nomes da geração Salut les Copains, que nem minha é, também era demasiado nova, nunca comprei um único número.

Quando comecei a comprar discos, aos 12 anos, toda eu estava virada para Mozart e para os Beatles. Só mais tarde, diria que lá pelos 17, comecei a ouvir música francesa, outra música francesa: Aznavour, Brel (belga), Brassens, Ferré, Reggiani, Moustaki (grego), todos os nomes sagrados. Joe Dassin chegou primeiro. 

Joe Dassin era, aí entre os meus 15 e 20 anos, o slow romântico que se dançava com o namorado nas festas. Ainda tenho o single de Et Si Tu n'Éxistais Pas (cuja capa não digitalizo e ponho aqui porque tem uma dedicatória do D., o meu namorado desses anos, era a nossa música) — o lado B é Salut.

Ainda hoje é com prazer um nadinha nostálgico que oiço qualquer música de Joe Dassin, de tal forma me faz viajar no tempo. Não é um Aznavour (mais ninguém é), mas as suas canções simples criam uma ponte emocional, todos nós vivemos aquelas coisinhas, todos nós tivemos amores assim. E deixamo-nos levar. Também é certo que muitas das músicas tiveram a colaboração do meu querido Toto Cutugno, o que não é de somenos importância.

A música que escolhi para pôr aqui nem sequer é das mais conhecidas, julgo que nunca foi editada em single. Integra um álbum que adoro, Le Jardin du Luxembourg. A letra, na sua simplicidade, diz-me muito. E há aquele solo de saxofone. É decididamente uma escolha de afecto.


Que Sont Devenues Mes Amours?

C'est comme un appel qui vient du large
Et me ramène une bouffée de souvenirs
C'est comme un grand livre plein d'images
Que jamais je ne m'arrêterai de lire


Se souviennent-ils de mon passage
Les amis de mes tous premiers jours?
Où sont-ils, ces enfants de mon âge
Est-ce qu'ils ont fait un bon voyage
Que sont devenues mes amours?


Celles qui m'ont fait attendre
Celles qui n'ont pas connu ma chambre
Celles que j'ai fait souffrir
Celles pour qui j'ai cru mourir
Juste avant de réssusciter
Sur un banc d'université


Elle était jolie, la Marilyn de mon lycée
Je l'emmenais sur mon scooter
Pour voir James Dean et puis danser
Elle était moins belle, la fille du bar
Mais pas besoin d'être une star
Pour vous apprendre à embrasser


Se souviennent-ils de mon passage
Les amis de mes tous premiers jours?
Où sont-ils, ces enfants de mon âge
Est-ce qu'ils ont fait un bon voyage
Que sont devenues mes amours?


Je n'arrive pas à croire
Qu'elle soit sortie de ma mémoire
Celle à qui j'avais promis
Jusqu'à mon nom, jusqu'à ma vie
Et qui un jour a disparu dans l'inconnu


Se souviennent-ils de mon passage
Les amis de mes tous premiers jours?
Où sont-ils, ces enfants de mon âge
Est-ce qu'ils ont fait un bon voyage
Que sont devenues mes amours?

E o vídeo. Em Moscovo, então ainda atrás da cortina-de-ferro.

3 comentários:

  1. Se tivesse melhores textos e procurasse um outro público alvo, poderia ter feito a diferença. Assim a sua voz inconfundível perde-se no nevoeiro das memórias colectivas...

    ResponderEliminar
  2. Olá Teresa
    Aqui em casa continuamos a escutar Joe Dassin e a música francesa, hoje em dia tão ausente da nossa radio. Longe vão os tempos em que na FM a música francesa convívia com o rock.
    Os livros da Folio tanbém continuam a ser lidos por aqui:)
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

    ResponderEliminar
  3. Teresa, também vivi tudo isso de que fala. Esta música do Joe Dassin não me é completamente estranha, mas o grande sucesso foi, sem dúvida, «Et si tu n’éxistais pas» (quantas memórias lhe tenho associadas, curiosamente, demasiado «adolescentes» para serem românticas). :-)

    ResponderEliminar