Controlo de qualidade
Já me tinham dito que muitos restaurantes chineses estavam a tranformar-se em japoneses (com o mesmo pessoal, claro). Sempre na vanguarda, estes chineses. Cheira-lhes a negócio e aí estão eles! Aquela gente faz-me medo, palavrinha de honra.
Há pouco, a seguir a uma rápida passagem no supermercado, resolvi experimentar um desses que passaram de chineses a japoneses. Nunca lá tinha ido, mas lembro claramente que era chinês há uns tempos. Mais barato ao almoço, mais caro ao jantar, por uma quantia fixa, o conceito era all you can eat ou, se preferirem, coma até rebentar (há uns anos eu e o Vítor descobrimos que levaríamos à falência qualquer restaurador que tivesse a ideia peregrina de abrir um all you can eat de caviar).
Fiquei impressionada. Mal impressionada, melhor dizendo. Pedi mais coisas do que seria normal, até porque como pouco, mas tinha de experimentar, não é? Do sashimi, nem toquei no atum, o meu grande favorito, tinha uma cor suspeita, achei melhor não arriscar, se não queria acabar a noite nalgum serviço de urgências. Sobrou imenso, trouxe uns sete ou oito bocados de sashimi de salmão para Agri. Cheirou, afastou-se desinteressada e, mais cómico ainda, dirigiu-se resoluta à sua tigelinha de ração seca (como toda a gente sabe, é uma coisa saborosíssima), que se pôs a comer com todo o gosto.
Notem que estamos a falar de uma gatinha que fica em êxtase com uma posta de pescada cozida. Melhor controlo de qualidade para o restaurante não podia haver, pois não? Não volto lá, escusado será dizer. Só estou aqui a ponderar se não seria mais sensato enfiar imediatamente dois dedos nas goelas para expelir já o que comi, não vá ter uma noite atribulada. Hum...
P.S. Como eu dizia há tempos num jantar de amigas do Liceu, todas amantes fervorosas da cozinha japonesa, a maior chancela de qualidade que um restaurante japonês pode ter são gatos de ar regalado nas proximidades. A minha afirmação categórica foi acolhida com gargalhadas, mas fui convincente nos argumentos. O meu querido Shibui de Miami é o melhor exemplo, fazemos sempre questão de ir às traseiras espreitá-los a seguir ao jantar. Sempre são uns passinhos para esmoer as alarvidades que devorámos. E lá estão eles, adoráveis, nédios, espapaçados, um invejável ar de quem está à beira do paraíso. Reencarnar numa vida futura como gato nas traseiras do Shibui não me parece hipótese a descartar levianamente.
Além de que o Shibui continua a ser o único restaurante em que já comi atum branco. Não, não é toro, que é o atum nobre por excelência, e nem sempre há. É atum branco. O-M-G!!! Quem já provou dar-me-á razão.
Já provei o tal atum branco e dou-te razão. Em tudo, aliás, até na ideia de gatos regalados às portas de um restaurante (qualquer um!) :)))
ResponderEliminarMad
Quais lagostins quais quê (raios partam o trabalho que dão a comer), não é? Atum branco!
ResponderEliminarPalavra, devias ver aquele grupo de gatos nas traseiras do Shibui!!! E conhecem os horários, que eu antes do jantar vou espreitar e nenhum deles está lá, LOL!!!
Uma delícia de post a vários níveis. Agora tenho de me pôr à procura de atum branco... e, se calhar, de voltar a Miami ;-)
ResponderEliminarOutro detalhe: praticamente desisti de cozinhar quando uma vez assei uma peça de carne e o cão que tinha nessa altura recusou o bocadinho que lhe ofereci e preferiu a ração :-o
ResponderEliminarJa provei atum branco. Havia um japones onde iamos com muita frequencia em SC que o tinha na ementa e um amigo meu o pedia sempre. Eu nunca muito muito adepta, admito!
ResponderEliminarBeijinho
E a tradicao do sushi para ceia de Natal? Realizou-se este ano?