domingo, 20 de setembro de 2009

Felicidade celestial

A minha edição da obra total dos Beatles saída a 9 de Setembro chegou na quinta-feira ao Colosso. Infelizmente eu não estava lá para a receber, que precisei de usar esse dia e o seguinte como dias de férias para tratar de assuntos relacionados com o livro do centenário do Liceu. Ontem foi o piquenique do Ié-Ié (que adorei, pessoas fantásticas). Hoje não aguentei, enfiei-me no metro e fui buscar a minha preciosidade. O polícia que veio abrir-me o portão de entrada dos carros ficou espantado por me ver aparecer a um domingo, lá foi procurar a chave do meu gabinete (todos são fechados à chave à noite) e até me fez companhia. «Ó D. Teresa, isso é que é amor pelos Beatles!», riu ele, quando lhe mostrei o meu tesouro.

No metro quase vazio, na viagem de regresso, mirava e remirava a caixa, extasiada, um sorriso de felicidade irreprimível e (por certo) completamente cretino. Nem resisti a fotografá-la logo ali. Um casal americano (o metro, para aquelas bandas, tem mais estrangeiros do que portugueses), aí entre os 60 e os 70, no banco do lado, não resistiu a meter-se comigo:

— My! You're some Beatles's fan, huh?

Acenei risonhamente que sim, que era uma grande fã.

— What's your favourite album? — perguntou a senhora.

Hesitei, como hesito sempre.

— Hmmm... I wouldn't know. I would say Rubber Soul or Abbey Road, but then there's Help!, and the White Album, and Sgt. Pepper's... And Beatles For Sale...

Escangalharam-se os dois a rir.

— You're a total Beatlemaniac!, disse o senhor.

Confirmei orgulhosamente. Disseram-me que assim que voltassem para casa (Columbus, Ohio), na quarta-feira, também iam comprar, era coisa imprescindível. Ele tinha estado no concerto do Hollywood Bowl, em 1965, fulminei-o com um olhar perdido de inveja. Na altura ainda não se conheciam, mas ambos tinham assistido em directo à lendária actuação dos Beatles no Ed Sullivan Show. Saíram na estação do Parque, apertando-me calorosamente a mão. «Bye, honey», ainda disse a senhora, fazendo-me uma festa no cabelo.

Ontem, no piquenique, eu tinha perguntado se alguém achava o novo som dos discos assim tão diferente. Eu ainda só tinha ouvido Please Please Me, o disco que comprei no dia do lançamento, pelo simbolismo, e do qual tenho agora três exemplares (além do vinil, claro) ,e não percebia exactamente onde estava a diferença. Ninguém me deu uma resposta conclusiva. Proclamei que, assim que tivesse a caixa nas mãos, iria fazer o teste com When I'm Sixty-Four, que tem um fantástica distribuição de diferentes instrumentos entre as duas colunas.

E assim fiz. Mal cheguei a casa, retirei Sgt. Pepper's do celofane, espetei os auscultadores na cabeça e... meus amigos, fiquei DES-LUM-BRA- DA!!! Que clareza, que pureza de som!!! Repeti a faixa umas quatro vezes, e não resisti a pôr também o tema título e She's Leaving Home, que corre o sério risco de ser a minha favorita entre todas as músicas dos Beatles.

A seguir passei para Rubber Soul, eterno grande amor, que ouvi corrido, com a maior atenção. Em I'm Looking Through You, outra das minhas eternas favoritas, detectei, na coluna esquerda, uma deliciosa batida de nem sei que instrumento na qual nunca tinha reparado. Estou em êxtase, é o que vos digo!



Desculpem a questão da música, estou outra vez com problemas, o hotlinkfiles.com não está a funcionar. E o parvo do imeem.com continua a dar só 30 segundos de música, não é? Confirmam-me, por favor? É que eu oiço-a na íntegra, mas deve ser porque foi alojada por mim. Para a ouvirem toda terão, provavelmente, de abrir o link.

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14 comentários:

  1. Eu não invejosa mas fiquei um bocadinho verde ao ler este post.

    Eu bem queria mas para já ainda é uma pequena fortuna. Conto contigo que andas sempre na Amazon para me dar conta de uma futura promoção.

    beijos às duas

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  2. Boa tarde Teresa.

    Dou-lhe a conhecer a Bubok.Pt, uma nova forma de editar. Depois de um enorme sucesso em Espanha, a Bubok está agora disponível para os autores portugueses. O êxito da Bubok é fácil de explicar, todos podem publicar gratuitamente e a margem para o autor é de 80%!

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  3. subscrevo o que diz. pela primeira vez, ouvem-se os beatles!

    contudo, arrependi-me por ter adquirido a caixa (tb pela amazon, mas a francesa, ficou-me a 223) pela simples razão que, financeiramente, foi uma tontice. não o devia ter feito e o dinheiro faz-me falta.

    donde, e estou a falar a sério, se conhecer alguém que a deseje (segundo sei, já esgotou), tenho para venda por 200 euros (dado que já a abri).

    (imagino que tudo isto soe muito mal - e vagamente esquisito! - mas posso assegurar-lhe que, 1º, não é meu costume e, 2º, é mesmo o 'desespero' a falar... :-)

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  4. Meninas e Van Dog, a vocês respondo depois. À M&M escrevi uma detalhada resposta que não entrou, o Blogger às vezes tem coisas destas.

    Agora respondo só à Sem-se-ver, pela urgência, e todos nós percebemos uma compra impulsiva que depois nos amarga o orçamento. Não conheço melhor síto para publicitar a sua oferta do que o Ié-Ié, há-de aparecer comprador. Vou escrever-lhe já a seguir.

    Eu, confesso, ando deslumbrada a descobrir nos Beatles sons e instrumentos de que nunca me tinha apercebido. Só me tiravam a minha caixa por cima do meu cadáver.

    Um beijo, keep in touch.

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  5. venho agradecer-lhe por aqui (tb ja o fiz no meu :-)

    mas tb para lhe dizer que, tal como consigo, parei no she's leaving home a pensar nisso mesmo: que talvez seja a melhor canção deles.

    não é fácil a decisão, mas lá que pensei nisso, pensei...

    abraço

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  6. Querida M&M,
    Não me parece que venha a haver promoções. Os discos dos Beatles nunca beneficiram do chamado nice price, sabia-se que continuariam sempre a vender muito bem. Esta edição, que dizem numerada, se pensares bem (e recomendo mesmo a caixa, porque os discos desdobram em três, ao contrário da edição avulsa, que desdobra em dois). Claro que a caixa não me dá jeito nenhum, que gosto de ter os discos como livros numa estante, a caixa será guardada (visivelmente, pronto) numa prateleira, mas os discos serão alinhados ao lado dos seus congéneres de 1987. E olha que não são nada caros, eu sei que é o valor total que impressiona, mas eu SEI que podes pagá-lo. Devo dizer-te que, em 1991, quando o meu namorado da época (e eu nem tinha ainda leitor de CD) me ofereceu nos anos a obra completa deles, cada CD dos Beatles custava uns três contos e quinhentos, era o preço normal dos CD. Multiplicado por 12, perfaz 42 contos (210 euros). Falta contabilizar o Álbum Branco, duplo, aí uns cinco contos, mais os dois Past Masters, que eram discos individuais (mais sete). Isto perfaz 54 contos, 252 euros, se não fiz mal as contas...

    Manda lá vir da Amazon, que não te arrependes. Eu ando eu estado de graça.

    E NOVIDADES?!!!!!
    beijo enorme.

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  7. Van Dog,
    Eu sei :(Estou a arranjar coragem para ir outra vez maçar o Peter Chen.

    Marta,
    Fui espreitar e achei um conceito muito interessante. Mesmo muito interessante. Tanto que vou incluí-lo nos links, sim senhora :)

    Beijos!

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  8. Sem-se-ver,
    É uma música genial, se me pusesse a escrever sobre ela nunca mais acabava. As músicas que contam histórias não são fáceis de construir. Nesta percebemos tudo, temos o cenário completo, vemos a saída dela dde maadrugada, a mãe em roupão a encontrar o bilhete de despedida, a gritar pelo pai, o coro de lamentações, todas sinceras de parte a parte. E aquele magnífico verso final: «Something inside that was always denied for so many years»

    Outra música assim é For No One.

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  9. e tal arte, a de contar histórias completas, condensadas em poucos minutos contudo, é marca dos muito grandes: como chico buarque, por exemplo.

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  10. Não posso concordar mais, foste logo buscar alguém que considero um génio. Músicas como "Terezinha", "Atrás da Porta", "Olhos nos Olhos"... tantas!

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  11. A razão por que os Beatles nunca foram, nem serão nunca, "nice price", não tem a ver com a noção de que "sempre venderiam muito bem", mas sim com a política da Apple que rejeita a "vulgarização, banalização" da obra da banda.

    É por isso, também, que não há canções dos Beatles em compilações, bandas sonoras, "spots", etc.

    Não autorizam nada!

    LT

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  12. Obrigada pelo esclarecimento, Luís.

    Quanto a não haver canções dos Beatles em bandas sonoras, estou já a lembrar-me de uma, num filme que aliás adoro, Coming Home, que deu o Oscar a Jane Fonda e a Jon Voight. Há uma cena (linda) em que ela vai de bicicleta a puxar pela cadeira de rodas dele ao som de... Strawberry Fields Forever.

    Lembro-me também de um documentário sobre ski chamado I'll Follow the Sun ao som de...

    Conto a história aqui:

    http://teresa-beatlesforever.blogspot.com/2007/07/ill-follow-sun.html

    Spots: lembro-me de um, nos anos 70, a um perfumador de sanitas, em que se ouviam as inconfundíveis notas iniciais de In My Life.

    E olhe que deve haver mais casos.

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  13. Teresinha

    Talvez por altura do Natal a encomende com a tua ajuda.

    Novidades más. A coisa não correu bem. Já apresentei recurso e agora estou à espera. No blogue percebe-se melhor.

    Agora é esperar...

    Tenho pensado muito em ti a propósito de amanhã. Se puder logo, ligo-te.

    Bj

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