terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dois anos

Faz hoje dois anos que o Nuno partiu, estive na Missa.

A Mafalda tinha-me mandado mensagem na semana passada, via Facebook, a avisar que a Missa seria às sete da tarde na Igreja do Campo Grande. Cheguei com um quarto de hora de antecedência e estranhei não ver ninguém cá fora. Entrei na igreja, estavam umas dez, doze pessoas sentadas nos bancos, em recolhimento, não reconheci uma única.

Cá fora, tentei telefonar à Mafalda, não fosse eu ter-me enganado na igreja. Telefone desligado. Foi quando chegou o Pedro, que me informou de que ela não viria, estava a caminho de Itália (se eu fosse mais ao Facebook teria sabido). Ficámos à conversa, e não aparecia ninguém. Rendemo-nos à evidência de que, de ano para ano, cada vez seremos menos os presentes nesta homenagem ao nosso Amigo.  Hoje éramos menos de um terço dos que fomos no ano passado, quando já éramos muitos, muitos menos do que os que tinham estado presentes no último adeus. Sei que nós dois nunca faltaremos.

Foi impossível não lembrar certos versos de Álvaro de Campos numa certa e terrífica poesia:

«Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.»

Não, connosco não é assim. Teremos sempre saudades do Nuno, e não, nunca o lembramos apenas aniversariamente. Quantas vezes já o referi eu aqui, a propósito de tudo e de nada? Ah, e quantas mais vezes poderia tê-lo referido! A propósito da nossa adorada Mafalda, por exemplo (amanhã vos contarei uma história nossa com ela), que nasceu no mesmo dia em que, 43 anos depois, o Nuno havia de partir.

A Pituxa, presa num trânsito caótico, chegou ia a turbo-missa (irra, meia hora mal contada!) na Comunhão, deslizou sorrateiramente para o meu lado. Trouxe-me a casa.

Basta ler a entrada desta mesma data há um ano. A amizade cresceu neste ano entretanto decorrido, e como! Almoçamos e jantamos juntas com frequência, sabemos coisas, muitas coisas, uma da outra. Acho que foi um presente póstumo do Nuno. Porque foi por causa dele, há quase dois anos, que a Pituxa encontrou um blogue (este) que falava do dia da morte dele e contava como tinha sido. Conhecíamo-nos de vista da vida toda, do Stone's, mas nunca nos tínhamos dado, havia o obstáculo que era a embirração que as irmãs dela tinham por mim. A Pituxa enviou-me um e-mail... and the rest is history.

4 comentários:

  1. Nas pessoas que perdi também ao longo da minha vida também constatei isso mesmo. Aos poucos e poucos as pessoas vão deixando de ir, chegando ao fim sermos apenas meia dúzia... claro que a gente se lembra deles todos os dias, mas estes momentos são momentos de prestarmos homenagem juntos... bjs

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  2. Que posts tão bonitos acerca do seu amigo, estive a lê-los e aprender coisas sobre a Teresa. Também li todos os livros dos Cinco, mas não me lembro dos pormenores. Um abraço para si.

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  3. É mesmo bom ter amigos assim que nunca se esquecem de nós!

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